Autores

Lima, A.V. (UEA) ; Silva, K.F. (UEA) ; Amaral, R.A. (SEDUC) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

Esta experiência foi desenvolvida na Escola Estadual Senador João Bosco e envolveu bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e 40 alunos do 3º anos do Ensino Médio, o trabalho desenvolvido teve como tema um júri simulado que debateu a questão da descriminalização da maconha Cannabis sativa no Brasil. Desenvolveram-se em duas etapas com a realização de pré - debate promovido pelo professor em sala de aula e a realização da sessão do júri simulado no auditório. O projeto teve com objetivo desenvolver o senso crítico dos alunos, por meio da elaboração de argumentos contra ou a favor da legalização da droga no Brasil.

Palavras chaves

Júri simulado; Maconha; Descriminalização

Introdução

De acordo com Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas – ABRAMD a maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo e a primeira da lista em vários países. No Brasil, a droga também é popular e polêmica, sobretudo nos debates sobre legalização e descriminalização. Em alguns países o seu uso já é autorizado e outros vêm buscando essa aprovação pelo governo. Um dos principais argumentos utilizados pelas pessoas a favor da droga são o poder medicinal que a maconha possui e os danos à saúde quando comparada a drogas lícitas, como o cigarro e o álcool. Entretanto, pessoas contrárias à droga justificam que a aprovação da maconha geraria mais despesas com saúde, afora os danos psico-neuro-sociais que a utilização da droga causa no organismo. Partindo dessas proposições, o professor da disciplina de Química, na turma do 3º ano do ensino médio da Escola João Bosco, propôs aos alunos um Júri Simulado que debatesse o assunto, dividindo-os em a favor e contra a droga. Conforme Moraes, Ramos e Galiazzi, (2012), no que se refere a esta dinâmica, “o seu desenvolvimento é capaz de promover uma aprendizagem significativa e crítica a partir de propostas de conteúdos apresentados de forma mais interessante aos alunos, tomando como ponto de partida suas motivações para aprender”. A dinâmica do Júri Simulado constituiu tal qual uma sessão de tribunal. Para compor os personagens, foram selecionados entre os alunos, um advogado de acusação, um advogado de defesa, testemunhas, além do corpo de jurados que avaliariam e atribuiriam votos, decidindo se o réu, no caso a maconha, seria condenada ou absolvida. A atividade teve como objetivo desenvolver o senso crítico dos estudantes e avaliar o posicionamento deles em relação à utilização da maconha (Cannabis sativa).

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido por uma turma do Pibid no subprojeto de Química da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, com alunos do 3° ano do ensino médio da Escola Estadual Senador João Bosco em Parintins – AM. Os procedimentos metodológicos utilizados para a realização do Juri Simulado sobre a questão da legalização da Cannabis sativa no Brasil foi dividido em duas etapas. No primeiro momento foi realizado um debate teórico no qual o professor apresentou os pontos positivos e negativos a respeito da legalização da Cannabis sativa, com base nos argumentos apresentados os alunos elaboraram um texto dizendo se eram a favor ou contra a legalização da Maconha no Brasil. Em um segundo momento a turma foi dividida em equipes de modo que fosse possível todos os alunos participassem da atividade realizada em sala, sendo um aluno escolhido para ser o juiz, grupo de defesa, grupo de acusação, testemunhas, jurados, a coordenação responsável por organizar o júri e tendo a Cannabis sativa como réu. Cada equipe teve direito há 15 minutos para apresentarem suas argumentações, em seguida as testemunhas tiveram 10 minutos para exporem seus depoimentos, a tréplica foi de 5 minutos para cada equipe e por fim os jurados falaram o seu veredito final.

Resultado e discussão

O júri simulado foi realizado no auditório da escola, os alunos participaram ativamente organizando o debate e participando dos ensaios, também se preocuparam com os detalhes, estavam vestidos a caráter, enriquecendo ainda mais o júri simulado. Antes de iniciar o debate o professor apresentou uma introdução sobre a Cannabis sativa. Após isso, o juiz iniciou o debate lendo a carta de abertura da sessão, em seguida os advogados de acusação e de defesas apresentaram suas argumentações. Logo após, as testemunhas explanaram seus argumentos e foram interrogados. Durante o debate, pode-se notar o empenho e motivação dos alunos na discussão sobre o tema. Entre as testemunhas de acusação, um médico neurocirurgião fala sobre os efeitos negativos psíquicos que a Cannabis sativa causa no organismo e um ex-viciado na droga relata a sua trajetória de vida. Nas testemunhas de defesa, a mãe de um menino que sofre com convulsões diárias, melhorou após utilizar porções do Canabidiol, uma das substâncias medicinais extraída da maconha Cannabis sativa, e um médico psiquiatra, que apresentou os avanços positivos nos estudos utilizando a Cannabis sativa para o tratamento de doenças, defenderam o uso da droga. Todas essas pessoas foram personagens encenados pelos estudantes. Ficou perceptível o grande interesse dos alunos em exporem suas opiniões. Houve domínio da linguagem química, onde falaram sobre o “uso da droga nos procedimentos medicinais” e mostraram “dados referentes à utilização das drogas nas escolas pelos estudantes no Brasil” isso indica que a alternativa de aprendizagem apresentada pelo professor obteve resultados satisfatórios. Ao fim, os jurados votaram e foram unânimes contra a legalização da maconha no Brasil, com isso, conclui-se que as equipes obtiveram êxito no debate.

Conclusões

O trabalho proporcionou ao terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Senador João Bosco, um debate sobre a maconha Cannabis sativa onde as equipes apresentaram seus argumentos contra e a favor da legalização da droga. Durante o processo foi percebido que os estudantes se empenharam em adquirir informações, o júri apresentou aos estudantes uma nova maneira de ver a química, quebrando o padrão que classificava esta disciplina muitas vezes como monótona e contribuindo assim para os alunos desenvolverem uma oratória mais científica.

Agradecimentos

Ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID), ao Gestor, ao professor de Química e aos alunos da Escola Estadual Senador João Bosco.

Referências

ABRAMD; Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas. Maconha: Uma Visão Multidisciplinar; 2006. Disponível em<http//: www.neip.info.Maconha_uma_visao_multidisciplinar > Acesso em: 19 de junho 2017.
MORAES, Roque; RAMOS, Maurivan Guntzel; GALIAZZI, Maria do Carmo. Aprender Química: Promovendo excursões em discursos da Química. In: ZANON, Lenir Basso e MALDANER, Otávio Aloisio (Org.). Fundamentos e propostas de ensino de Química para a Educação Básica no Brasil. Ijuí: Unijuí, 2012.