Autores
Gurgel de Paula, A.C. (UFAM) ; Caldas Rocha, W. (UFAM)
Resumo
Este artigo apresenta o relato das atividades desenvolvidas em uma Escola de Tempo integral no interior do Amazonas, que promoveu a inserção da Química Verde através de atividades elaboradas com uma metodologia onde os alunos foram instigados a serem agentes de seu próprio aprendizado. Tais atividades foram desenvolvidas em duas etapas. Na primeira etapa foi realizado uma palestra sobre sustentabilidade e ciclo de vida de produtos em geral, e na segunda etapa foi realizado uma oficina com experimentos práticos realizados pelos próprios alunos. Nessa atividade eles tinham que descobrir se o dióxido de carbono é bom ou ruim para o planeta, para isso foi dado condições para que eles pudessem tirar suas próprias conclusões.
Palavras chaves
Ensino de Química; Educação Ambiental; Ensino-Aprendizagem
Introdução
A Química está presente em todos os processos de transformação a nível molecular que levam ao atendimento de necessidades do planeta. Atualmente a Química Verde, Química Ambiental ou Química para o desenvolvimento sustentável surge com o objetivo final de conduzir as ações científicas e/ou processos industriais ecologicamente corretos (CGE, 2010). De acordo com a Global Footprint Network (GFN), uma organização internacional pela sustentabilidade, que mede o dia de sobrecarga da Terra, no ano de 2016 demorou menos de 7 meses para a humanidade usar todos os recursos naturais disponíveis do planeta para o ano. Este cálculo analisa as demandas de consumo global, a eficiência da produção de bens e o tamanho da população, então, são contrapostos à capacidade da natureza de prover recursos e “reciclar” resíduos organicamente. Hoje, a conclusão é de que a humanidade precisa de 1,6 Planeta Terra para atender as suas demandas. Algumas consequências dessa super exploração dos recursos naturais é o acumulo de dióxido de carbono na atmosfera, a erosão do solo, o desmatamento das florestas, a sobre pesca, a diminuição da biodiversidade e as mudanças climáticas. Assim se nada mudar no comportamento do consumo humano, projeção é de que precisaremos de duas Terras antes de 2050.As atividades desenvolvidas nesse projeto utilizaram concepções educacionais da Metodologia Ativa onde os alunos são os principais agentes de seu aprendizado.Nela, são estimulados a serem críticos e reflexivos, mas o centro desse processo é de fato, o próprio aluno.Partindo dessa ideia de divulgar a Química verde e seus princípios,ampliar o conhecimento dos alunos e criar uma a atitude ecológica, esse projeto foi desenvolvido com o objetivo de fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para reflexão ambiental
Material e métodos
Esse projeto contou com a participação de 22 alunos do 1º Ano do ensino Médio da escola Estadual de Tempo Integral Professor Manuel Vicente Ferreira Lima no município de Coari no estado do Amazonas.No primeiro dia do projeto iniciamos com uma palestra com o intuito de fornece as ferramentas necessárias para a avaliação da sustentabilidade bem como o ciclo de vida de produtos que consumimos no nosso dia a dia, avaliando o quanto um processo ou um produto é verde. Foi introduzido o conceito de triangulo da sustentabilidade, e o Dia de sobrecarga da Terra. Ao final os alunos se dividiram em grupos e para cada grupo foi pedido que escolhessem um produto e desenhassem o ciclo de vida deles levando em consideração os aspectos:Qual a matéria prima? Gera resíduos? Emprega energia limpa? Utiliza embalagens?Qual o caminho até o local de venda do produto?Causa impacto na atmosfera, água ou saúde humana? Qual o destino final desse produto? Pode ser reciclado?No segundo dia de atividades foi apresentado uma proposta metodológica para inserção de conhecimentos físicos, que consistiu em atividades práticas trabalhadas numa abordagem investigativa, na qual o aluno interagiu de forma ativa com o objeto de estudo, manipulando os materiais,levantando hipóteses, testando-as e obtendo suas próprias conclusões.Com antecedência foi feita uma seleção prévia com experimentos seguros que os participantes pudessem executar em 5 min. O tema central da oficina foi CO2: Amigo ou inimigo. Por meio das atividades práticas os alunos formaram suas próprias conclusões quanto ao efeito que o CO2 (dióxido de carbono), um dos principais gases do efeito Estufa, causa a natureza, se benéfico ou maléfico.
Resultado e discussão
Ao final do primeiro dia de atividades cada grupo expôs o seu desenho para o restante da turma explicando como funcionava cada ciclo. Essa atividade incentivou-os a buscarem respostas por meio da reflexão e da motivação em serem pessoas ecologicamente corretas.Com base nas filmagens e registros durante as atividades desenvolvidas, destacam-se algumas declarações que denotam o envolvimento dos alunos com questões relacionadas a preservação do meio ambiente. A primeira característica manifestada foi o despertar da atenção e motivação dos participantes em terem uma atitude ecológica.
É possível verificar que os próprios alunos conheciam um pouco do assunto entretanto, essa experimentação abordou de maneira adequada, pois os diversos efeitos chamativos da atividade que a envolveram puderam atrai-los para o tema em questão. É importante que seja feita uma observação crítica do tema apresentado, transformando a ‘curiosidade ingênua” em “curiosidade crítica” (Gonçalves, Marques, 2006, p.223).
Essa é a ideia central da Metodologia Ativa onde o aluno é capaz de criar seus próprios conceitos através de atividades mediadas pelo professor. Nessa atividade eles tinham que descobrir se o CO2é bom ou ruim para o planeta, para isso foi dado condições para que eles pudessem tirar suas próprias conclusões sobre o assunto e estabelecer fortes conceitos sobre o que é ser sustentável.Ao final da atividade foi pedido que os alunos colassem em um cartaz, etiquetas no formato de Like (curtir), as verdes eram para quem havia gostado da atividade e a vermelha em sinal de reprovação. Dentro de cada like foi pedido que escrevessem sua percepção sobre o novo conhecimento adquirido. Este cartaz foi produzido com o Layout de uma rede social muito utilizada por eles. Houve 95% de aprovação ou seja 20 likes.
As atividades do primeiro dia foram realizadas com êxito.Como podemos ver nes figura, ao final cada grupo expôs o seu desenho para o restante da turma
O tema central da oficina foi CO2: Amigo ou inimigo. Por meio das atividades práticas os alunos formaram suas próprias conclusões quanto ao seu efeito
Conclusões
Ao participarem das atividades os alunos do Ensino Médio tiveram a oportunidade de adquirir novos conhecimentos por meio das atividades experimentais que os instigaram a serem formadores dos seus próprio conceitos. Podemos concluir que esse processo aumenta drasticamente a performance dos alunos em sala de aula. Assim, a adoção da química verde é só mais uma da iniciativas para a prevenção da poluição desenfreada. Este novo pensamento científico incentiva tal combinação e a implantação da química verde nos currículos e na prática científica, bem como aplicá-la em escala comercial e industrial, começando desde as escolas de Nível fundamental até as universidades.
Agradecimentos
A Deus,a Universidade Federal do Amazonas, a orientadora Valdireny Caldas Rocha.
Referências
ENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS. Química verde no Brasil: 2010-2030. Brasilia: [s.n.], 2010.
GONÇALVES, F. P.; MARQUES, C. A. Contribuições pedagógicas e epistemológicas em textos de experimentação no ensino de química. investigação em ensino de Ciências, porto Alegre, v. 11, p. 219-238, 2016.
MARQUES, C. A. et al. Visões de Meio Ambiente e suas implicações pedagógicas no Ensino de Química na escola Média. Química Nova, v. 30, p. 2043-2052, 2007.
RAUBER, A. G.; QUARTIERI, M. T.; DULLIUS, M. M. Contribuiçoes das atividades experimentais para o despertar científico de alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e tecnologia, ponta Grossa, v. 10, p. 43-54, 2017. Disponivel em: <http:/revistasutfpr.edu.br/rbect/article/view/5717>. Acesso em: 01 junho 2017.
SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso com a Cidadania. Ijuí: Unijuí, 1997.