Autores

Brandão, E.G. (UFAM) ; Santos, V.S. (UFAM) ; Acris, D. (UFAM) ; Alves, L.C. (UFAM)

Resumo

Através de uma abordagem lúdica e diversificada a temática Química na cozinha serve como uma proposta didática para o ensino médio, dentro de todas as suas vertentes, atua como um tema motivador, levando os alunos a compreenderem que os processos químicos estão presentes em seu cotidiano. O trabalho foi desenvolvido com alunos de uma escola do município de Benjamin Constant-AM. No ambiente de uma cozinha foram feitas explanações sobre os processos químicos envolvidos na fermentação e foi realizada ainda a fabricação de pão artesanal e iogurte com os alunos. A proposta buscou, além de contribuir para os conceitos químicos estudados em sala, apresentar uma alternativa econômica para os alunos interessados em obter um rendimento a mais.

Palavras chaves

Química; Cozinha; Fermentação

Introdução

No ambiente da sala de aula, que se utiliza de currículos tradicionais para o ensino de química, fica perceptível que muitos dos alunos não conseguem relacionar o saber teórico com a prática, assim a produção de uma dialética entre teoria e experimento, pensamento e realidade não ocorre de forma a contribuir para o ensino-aprendizado dos discentes. Silva (2011) deixa claro que o ensino de química vem declinado no pais, uma vez que os conceitos químicos abordados em sala, se resumem, na sua maior parte, a comprovações matemáticas, desvinculadas dos fenômenos reais do cotidiano no qual o indivíduo está inserido, quer no contexto socioeconômico, quanto cultural. O trabalho experimental voltado para a compreensão dos processos químicos presentes na fermentação podem ser trabalhado em sala para que, por meio das discussões, interpretações e experimentações, fortaleça e desenvolva os conceitos, leis, teorias e fórmulas já estudados. Essa parte experimental pode ser realizada tanto em sala, quanto no espaço domiciliar que mais se aproxima de um laboratório químico que é a cozinha. Nanni (2004) reforça a importância dessa experimentação da seguinte forma: “A importância da inclusão da experimentação está na caracterização de seu papel investigativo e de sua função pedagógica em auxiliar o aluno na compreensão dos fenômenos sobre os quais se referem os conceitos. Muitas vezes parece não haver a preocupação em esclarecer aos alunos a diferença entre o fenômeno propriamente dito e a maneira como ele é representado quimicamente, por exemplo”. A fermentação está presente no cotidiano desses alunos, mas os mesmos não conseguem identificá-la, assim a proposta de se entender sobre esse processo contribui para ampliar o horizonte desses adolescentes sobre o universo da química.

Material e métodos

Este trabalho foi realizado com 12 alunos da escola selecionada, o motivo do número reduzido foi em virtude do espaço pequeno da cozinha onde foram feitas as práticas. As etapas da proposta foram: 1ª etapa: Apresentação, por meio de palestras, aos alunos selecionados sobre os paralelos que podem ser traçados entre a disciplina de química e o ambiente que os rodeia. Foi utilizado como material de apoio um dos banners da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) que se intitula "A química do pão com manteiga" disponível no link: http://www.sbq.org.br/39ra/anexos/PB-MAI16_banner03_quimica_pao_manteiga.pdf. 2ª etapa: Realização de “experimentos” culinários com os alunos, envolvendo a fermentação, foram eles: experimentos com o fermento químico e o fermento biológico, fabricação de pães artesanais e fabricação de iogurte. Foi utilizado nessa etapa como material de apoio o livro "A química dos alimentos: produtos fermentados e corante", quarto livro da série Coleção de Química no Cotidiano (BARROS; BARROS, 2010). 3ª etapa: Socialização dos experimentos feitos: nessa etapa os alunos que realizaram o experimento na cozinha apresentaram para os demais colegas de classe como foi a experiência e como podem ser realizados em casa a fabricação do pão e do iogurte.

Resultado e discussão

Ao chegarem no local selecionado para a experimentação, os alunos foram informados sobre as principais regras de higiene para se trabalhar na cozinha. Isso serviu para informá-los sobre o cuidado que deveriam ter em relação ao preparo da comida, evitando assim a contaminação com agentes patogênicos. Após essa apresentação, foi dado aos alunos aventais, tocas e luvas para dar inícios as atividades experimentais. Primeiro, foi feita a apresentação do banner da SBQ apresentando os conceitos e as fórmulas químicas que estão presentes no fermento químico e apresentado ainda o microrganismo presente no fermento biológico. A reação de interesse por parte dos alunos em saber que o fermento biológico desidratado é composto pelo Saccharomyces cerevisiae, fez com que os mesmo questionassem mais sobre as suas aplicações. Compreenderam assim que o mesmo é utilizado na massa de pão, pizza, entre outros. Após isso eles realizaram um experimento para verificar a liberação de dióxido de carbono, quando é aplicado ao fermento biológico açúcar e a liberação de dióxido de carbono quando o fermento químico é misturado com vinagre. Em seguida iniciou-se a fabricação do pão. Foi apresentado aos alunos que as receitas de pães, bolos, tortas e etc, funcionam como os roteiros das aulas experimentais de química, no qual à um protocolo a ser seguido. O mesmo se deu também para a realização do iogurte. Após isso, os alunos tiveram a oportunidade de saborear os seus experimentos culinários. Após a experimentação na cozinha, eles fizeram uma degustação para os colegas de classe e apresentaram o que tinha descobertos na cozinha. A experimentação na cozinha levou os alunos a observarem mais atentamente os processos químicos que estão presentes em suas casas.

Conclusões

A partir das atividades realizadas os alunos conseguiram assimilar melhor os conteúdos que são abordados na sala de aula, em especial os que se relacionam com a liberação de gás carbônico, entendendo que pode haver uma correlação entre o cotidiano e os conceitos adquiridos no ambiente escolar referentes as disciplinas de química e biologia, além de contribuir para que os mesmos auxiliem seus colegas em sala, levando-os a superar as dificuldades detectadas ao longo da disciplina, beneficiando a comunidade escolar.

Agradecimentos

Referências

BARROS, A. A.; BARROS, E. B. P. A química dos alimentos: produtos fermentados e corantes. Coleção Química no Cotidiano. Vol. 4. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010.

NANNI, R. A natureza do conhecimento científico e a experimentação no ensino de ciências. Revista Eletrônica de Ciências, nº 26. São Carlos, 2004.

SBQ - Sociedade Brasileira de Química. A química do pão com manteiga. Disponível em: http://www.sbq.org.br/39ra/anexos/PB-MAI16_banner03_quimica_pao_manteiga.pdf

SILVA, A. M. Proposta para tornar o Ensino de química mais atraente. In: Revista de Química Industrial. Rio de Janeiro, n. 731, p. 7-12, 2011.