Autores
Lourido Pardo, C.X. (IFAM) ; Lucena de Lavor, P. (IFAM) ; Johnson Barros Lima, C. (IFAM)
Resumo
O presente artigo apresenta estudo e análise acerca do apoio educacional ao processo de ensino-aprendizagem a alunos surdos, vinculados ao Instituto Federal do Amazonas – IFAM/Campus Manaus Centro. O apoio buscou qualificar o trabalho em atendimento extraclasse dos entes da pesquisa, por meio de estratégias metodológicas eficazes. A linguagem visual apresentada em vídeo aulas e a possibilidade da repetição das aulas facilitaram a absorção dos conteúdos, tornou possível aos sujeitos escolares aprenderem de forma significativa tópicos inerentes às disciplinas. Os resultados mostraram que o planejamento das ações de nivelamento foram profícuas e cumpriram o objetivo de apoiar os discentes surdos e motiva-los durante o 1° semestre de 2017, contribuindo no processo de aprendizagem.
Palavras chaves
Alunos surdo; Ensino e aprendizagem; Inclusão
Introdução
Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, constantes no escopo da Resolução CNE/CEB nº 2/2001, os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos com deficiência, e as escolas devem-se organizar para atender a esses educandos com necessidades educacionais especiais, e dessa maneira assegurar as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. Portanto, escolas inclusivas são um direito social, mas atualmente a inclusão educacional enfrenta desafios, dentre esses, a aprendizagem do aluno surdo. Para isso, a escola deve produzir instrumentos metodológicos, didáticos e ações que possibilitem adequar suas aulas ao processo de aprendizagem de discentes com deficiência de acordo com a necessidade e o ritmo de cada ente inserido nessa condição. Nesta perspectiva, estudantes dos cursos de licenciatura em Química, em Ciências Biológicas e do técnico em Edificações, com o apoio dos intérpretes do Instituto Federal do Amazonas – Campus Manaus Centro – AM, visaram à necessidade de melhorar a aprendizagem dos discentes surdos que ingressaram no ensino médio Integrado em Informática e no curso técnico em Edificações, tendo como enfoque o auxilio didático às disciplinas de Biologia, Química, Topografia e Materiais de Construção. A ação baseou-se na problemática mencionada anteriormente, surgindo assim o projeto denominado Acessibilidade Educacional Atendimento em Classe para Alunos Surdos, com o objetivo de apoiar e manter motivados os discentes surdos do ensino médio Integrado em Informática e do curso técnico em Edificação, ingressos no 1° semestre de 2017, no Instituto Federal da Amazônia - IFAM/ campus Manaus Centro. A proposta foi selecionada pelo Edital n° 17/2016/DG/IFAM/CMC, de 12 de dezembro de 2016.
Material e métodos
O projeto foi desenvolvido no 1º semestre do ano de 2017, com quatro discentes surdos, sendo duas alunas do 1º ano e uma do 2º ano do ensino médio Integrado em Informática, e um aluno do 1º módulo do curso técnico de Edificações. As aulas de apoio foram realizadas Núcleo de Apoio a Pessoas com Deficiência – NAPNE, com auxilio de computadores e os materiais necessários. Os apoiadores foram dois bolsistas, a coordenadora e três voluntários, sendo um estudante do curso de licenciatura em Química, um do curso de Tecnologia de Alimentos, a coordenadora e especialista em Libras, por um tradutor/intérprete de Libras, um discente do curso de licenciatura em Biologia e uma aluna do curso técnico em Edificações. Na primeira etapa realizaram-se observações sobre o desempenho dos alunos em sala de aula. Em seguida criaram-se estratégias didáticas em Libras e em Língua Portuguesa, utilizando sites educativos, vídeos, e elaborando apresentações em power point para facilitar sua compreensão. Durante o apoio, observou-se a necessidade de adaptar o material, sendo respeitado o processo visual do aluno surdo, pois a antecipação da explicação do conteúdo ministrado em sala de aula contribui para o desempenho escolar, facilita as explicações de termos específicos usados em cada disciplina. Focou-se na motivação dos discentes, com a finalidade de contribuir para a continuidade dos estudos, a saber: ajuda na resolução de atividades (exercícios), na organização de apresentação de trabalhos, no aperfeiçoamento da linguagem entre outras ações. As atividades foram avaliadas por meio de um questionário fechado, com o objetivo coletar as informações, sugestões e opiniões visando à melhoria do projeto para futuras ações.
Resultado e discussão
Segundo Pozo (2002), a motivação deve ser considerada como um requisito, uma condição prévia da aprendizagem, sem motivação não há aprendizagem, portanto, colaborou-se ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos surdos no apoio adaptou com materiais didáticos e ferramentas visuais para reforçar a compreensão dos assuntos vistos em sala de aula.
Durante o apoio, utilizou-se a Língua Brasileira de Sinais - Libras como a principal forma de comunicação, pois a legislação a reconhece como língua natural da comunidade surda brasileira, pela Lei nº 10.436/02, regulamentada pelo Decreto nº 5.626/05 e viabiliza a importância de espaços escolares bilíngues onde duas línguas passam a coexistir, já que essa mediação didática pedagógica se faz necessário no processo interativo, tal como afirma Abramowicz (1997, p. 32), “A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as diferenças. É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza, do diferente, do outro. A aprendizagem é destoante e heterogênea. Aprendemos coisas diferentes daquelas que nos ensinam, em tempos distintos, (...) mas a aprendizagem ocorre, sempre”.
Os contextos das disciplinas apresentam um vocabulário limitado em Libras, o que levou o discente surdo a apresentar dificuldades nos conteúdos listados acima, tanto em classe como fora dela. Para sanar as dificuldades apresentadas, foi feito planejamento para cada discente. Ou seja, a aluna licencianda em Química, planejou cinco aulas, com a duração de duas horas cada. Aos conteúdos de Biologia, Topografia e Material de Construção, quatro aulas, com duas horas de duração, foram suficientes dirimir suas dúvidas, conforme fala dos apoiadores desses estamentos do currículo.
Conclusões
A acessibilidade no apoio do aluno surdo é importante, perante os desafios encontrados em espaços educacionais, em vista da inclusão escolar. Os resultados apontam a eficiência da ação, pois as dificuldades dos sujeitos da pesquisa, necessitados de nivelamento, principalmente, em conteúdos das Ciências da Natureza e em tópicos de Material de Construção, foram dirimidas e sanadas. Para finalizar, a escola deve assumir responsabilidade de produzir estratégias didático-metodológicas para discentes com deficiência e dificuldades à compreensão de tópicos específicos consigam minimizá-las em tempo.
Agradecimentos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas–Campus Manaus Centro-AM Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais-NAPNE
Referências
ABRAMOWICZ, Anete; MOLL, Jaqueline. Para além do fracasso escolar. Papirus, 1997.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 2, de 11 de setembro de 2001, institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei nº. 10.436, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União em 24/04/2002.
BRASIL. Decreto nº 5.626. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Publicada no Diário Oficial da União em 22/12/2005.
POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.