Autores
Dubrull, D.S. (IFRJ) ; Lima, Y.P.P. (IFRJ) ; Bomfim, A.M. (IFRJ)
Resumo
O presente estudo apresenta os resultados de uma dinâmica, realizada durante a aula de química, com alunos do terceiro ano do ensino médio de um colégio estadual do Rio de Janeiro; essa atividade teve como objetivo despertar uma visão crítica, social e ambiental, tendo como ponto de partida, a cadeia de produção de itens de vestuário que utilizamos em nosso cotidiano. Abordamos, especificamente, o caso de Bangladesh. Os trabalhadores desse país, em nome da ganância e dos lucros dos empresários locais e das grandes lojas européias, são submetidos a uma realidade de miséria e insalubridade. Os alunos demonstraram surpresa ao conhecer a realidade desses trabalhadores e da maneira passiva como as autoridades locais e internacionais tratam o assunto.
Palavras chaves
Educação Ambiental; Ensino de Química; Bangladesh
Introdução
Desde a revolução industrial e o advento da sociedade capitalista na qual estamos inseridos, o meio ambiente só vem sofrendo perdas materiais, sem que haja uma real preocupação com a finitude do mesmo. Algo que soa controverso, já que o sistema capitalista precisa de matérias-primas e mesmo assim não se preocupa com a degradação irreparável da fonte delas – o meio ambiente, nosso planeta como um todo. A educação é um dos caminhos para modificar a realidade em que vivemos, pois através dela podemos entender o mundo e agir sobre ele. A escola, como meio de formar cidadãos, deve estar atenta à formar alunos responsáveis ambientalmente. O crescente número de trabalhos, na área de educação e ensino, com relação à Educação Ambiental (EA), demonstra a preocupação para com a crise ambiental em que nos encontramos. “A Educação Ambiental se estabelece hoje como uma nova dimensão na educação.” (GUIMARÃES, 2000, p.16). Como observado por Guimarães, as discussões no Brasil sobre o assunto começaram a ser relevantes a partir de meados da década de 1980, somando pouco menos de 30 anos de discussões acerca deste tema tão importante. A EA está presente em vários documentos educacionais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) prevê EA como uma diretriz para o currículo da Educação Fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação(BRASIL, 2000) definem EA como tema transversal e até na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), em seu Capítulo VI, artigo 225, parágrafo 1º, inciso VI: “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Ações educativas de cunho ambiental são reconhecidas como necessárias e importantes para o desenvolvimento de cidadãos críticos e que se preocupem com um desenvolvimento que seja sustentável, ou seja, se utilize os recursos naturais sem que isso comprometa as gerações futuras. Mas, decorrido este tempo de pesquisa, e de todas estas iniciativas políticas e educacionais quanto à importância da EA, tem-se observado algum retorno positivo para o meio ambiente? Muito se tem discutido sobre a questão ambiental nos últimos tempos, mas esta discussão não tem se revelado em resultados com relação à diminuição da degradação ambiental que observamos crescente à todo momento. A escola é local de reprodução da sociedade em que estamos inseridos, sendo assim, até a Educação ambiental implementada nas escolas visa auxiliar na conservação do sistema capitalista que rege nossa sociedade. Guimarães (2000, p.20) cita esta situação ao dizer que: “Há uma abordagem que homogeneiza e superficializa o discurso de Educação Ambiental e esta postura serve à uma concepção de sociedade e seu projeto de educação que busca ser hegemônico”. As ações educativas de cunho ambiental realizadas pelas escolas ainda está no patamar do conservadorismo, tendendo a manter, e até piorar, a situação ambiental em que nos encontramos. Suas ações são, na maioria das vezes de abordagem individualista, poucas disciplinas abordando temas como reciclagem e higienização do meio ambiente, limitando-se à discussões destes assuntos somente em semanas do meio ambiente, ou afim. “O que tem sido observado é a Educação Ambiental sendo desenvolvida apenas por algumas disciplinas, é uma educação conservacionista [...]” (TRAVASSOS, 2004, p.56) Faz-se necessário, perante este cenário, uma educação ambiental que seja crítica. Uma educação em que, além do que se vem fazendo na educação ambiental conservadora tratada nas escolas, sejam também discutidos temas como sistema capitalista e consumismo exacerbado, dois fatores que influenciam a degradação ambiental diretamente. A pergunta que deve ser feita constantemente é: como fazer uma educação ambiental crítica que vá contra esta “maré do consumismo”? Nas escolas, e por todo lugar, ouvimos sobre a urgência de se preservar a natureza, mas nada é falado sobre o real motivo da natureza se encontrar deste jeito. É necessário discutir nosso sistema econômico e o que se pode fazer para minimizar seus impactos. “A crise ambiental reflete as crises deste modelo de sociedade urbano-industrial que potencializa, dentro de sua lógica valores individualistas, consumistas, antropogênicos.” (GUIMARÃES, 2000, p.24) A questão ambiental é muito mais do que fazer coleta seletiva e não jogar lixo no chão é, também, entender porque se degrada o meio ambiente e pensar caminhos mais benéficos para o meio ambiente e a vida. “Toda prática pedagógica necessita explicitar as dimensões políticas, éticas e culturais de sua realização” (GUIMARÃES, 2000, p.30). O objetivo deste trabalho é discutir os impactos sociais e ambientais da Indústria da moda, através de uma abordagem pedagógica visando, mais especificamente, a análise das etapas da manufatura de roupas.
Material e métodos
Com um total de 18 alunos participantes, a pesquisa foi desenvolvida em uma turma de terceiro ano do Ensino Médio, em um Colégio Estadual do Rio de Janeiro, localizado no município de Belford Roxo. Em um primeiro momento, foram apresentados aos alunos os objetivos da pesquisa e que sua participação era voluntária, ou seja, ninguém seria obrigado ou coagido a participar das atividades. Foi aplicado, após o consentimento de todos, um questionário com perguntas abertas e fechadas, que teve como principal objetivo caracterizar o grupo pesquisado e investigar quais fatores são levados em consideração por esses jovens no momento da compra de itens de vestuário, além de fazer um levantamento sobre os conhecimentos dos alunos com relação às etapas de produção de roupas. Em um segundo momento os alunos fizeram a leitura coletiva de um texto que discutiu as principais características sociais e econômicas de Bangladesh, país localizado na Ásia que tem como vizinho a Índia e possui a sua economia alicerçada, quase que exclusivamente, na exportação de produtos têxteis manufaturados para a Europa. Após a leitura os alunos assistiram a três vídeos na seguinte sequencia: 1) “Mais de 340 mortos em Savar: o avesso do "made in Bangladesh"”, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=- tC1QWRe2Oc, vídeo com duração de 1 minuto e 26 segundos abordando o trabalho de resgate das vítimas do desmoronamento ocorrido em 24/04/13 de um prédio de oito andares localizado em Savar - capital de Bangladesh - onde funcionavam duas confecções que produziam produtos manufaturados para atender ao mercado europeu, um mercado e um banco. Segundo estimativas, mais de cinco mil pessoas trabalhavam no local, o número de mortos passou dos 340; 2) “Tragédia na indústria têxtil do Bangladesh acorda consciência ocidental”, disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=t-CsC-bzZcs com duração de 2 minutos e 12 segundos, apresenta os impactos causados pelo acidente em Savar, na opinião pública européia; e 3) “Toda a Verdade - Bangladesh, Peles Tóxicas - SIC Noticias”, vídeo com duração de 51:24, disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=Nb_zlwnstcI, apresentando o cotidiano dos trabalhadores das indústrias de beneficiamento de couro de Bangladesh que alimentam o mercado europeu. Indústrias que maximizam os seus lucros baseados na exploração de mão de obra barata em países subdesenvolvidos e que não apresentam nenhum tipo de preocupação com as condições de vida e de trabalho de seus funcionários. Os vídeos são de caráter informacional e foram passados em sala para posterior debate sobre as implicações sociais e ambientais da cadeia produtiva da indústria da moda. Após os vídeos e o debate, foi distribuído outro questionário, com apenas uma questão aberta, para verificar como o aluno avalia o que foi discutido em sala de aula. A pesquisa feita foi de caráter descritivo qualitativo (RICHARDSON, 1989), pois quer se avaliar até que ponto a aula proposta conseguiu fazer com que os alunos refletissem sobre todas as implicações ambientais e sociais da indústria da moda, mais especificamente manufatura de roupas.
Resultado e discussão
Análise do questionário Inicial.
Através do primeiro questionário foi possível verificar que os 18 alunos
estão dentro da faixa etária 16-19 anos, a maioria apresentando 17 anos (10
alunos). A maior parte da turma é do sexo feminino (12) e todos os alunos
que participaram da pesquisa são dependentes dos pais com relação à compra
de roupas e somente 3 alunos exercem atividade remunerada.
Foi possível verificar a frequência de consumo de roupa por estes alunos,
sendo esta na maioria das vezes, ocasionada por um evento ou festa em que os
mesmos irão. Somente um aluno compra roupa semanalmente. Aqui o objetivo era
verificar se os alunos apresentavam hábitos de consumismo exagerado.
Também verificamos os critérios utilizados pelos alunos no momento em que
vão comprar roupas. Aqui o objetivo foi sondar se os alunos conheciam e
valorizavam boas práticas das empresas de manufatura de roupas ou se olhavam
somente o bom caimento da roupa e seu valor acessível.
Pode-se verificar que nenhum aluno citou o conhecimento de boas atitudes das
empresas, além disso, possuem pouco conhecimento do que acontece antes do
processo de costura da roupa. Sendo desprezadas também todas as influencias
sociais e ambientais que a Indústria da moda proporciona.
Isso faz com que a aula proposta seja de grande utilidade para que pensem
sobre o grande impacto da Indústria da moda, ambientalmente e socialmente
falando. O que se quer não é diminuir o consumo em si, mas tornar os alunos
mais conscientes de seus atos de consumo e ter conhecimento das etapas de
produção anteriores ao produto final encontrados nas lojas, e aqui já se
pode abranger à todos os produtos consumidos, não somente itens de
vestuário.
Dinâmica do Debate.
Após o preenchimento do questionário inicial foi lido o texto sobre
Bangladesh com os alunos, depois foram assistidos os vídeos propostos para
introduzir o assunto: Indústria da moda e seus impactos ambientais e
sociais.
Os alunos se mostraram receptivos a todo momento de aula, mais ainda durante
o debate posterior aos vídeos, dialogando bastante. Eles se mostraram
sensíveis aos problemas de ordem social apresentados nos vídeos, mais
especificamente mão de obra barata. Ficaram impressionados com a pobreza e a
condição extrema de trabalho e de vida dos trabalhadores da Indústria da
moda em Bangladesh.
Os alunos achavam que todo o couro vendido nas lojas eram sintéticos. Não
tinham noção das etapas de beneficiamento do couro para a comercialização.
Desconheciam o termo “curtume”.
Um aluno disse durante as discussões que caso os patrões aumentassem o
salário dos funcionários o valor das roupas também seriam aumentados e,
assim, os consumidores finais não veriam vantagem na compra da peça. Aqui
vê-se claramente que os alunos não visualizam o problema do alto lucro das
empresas à custa de uma mão de obra barata.
O debate se intensificou sobre as condições de trabalho e na grande
necessidade de lucro por parte das empresas capitalistas.
Análise do questionário posterior à aula.
Esperava-se que os alunos não escrevessem muito neste último
questionário, mas fomos surpreendidos com páginas inteiras escritas. Foi
unânime o repúdio à realidade vivida pelos trabalhadores dos curtumes de
Bangladesh, retratada nos vídeos apresentados em sala. Todas as respostas
criticavam intensamente as situações subumanas de trabalho, sendo
apresentadas, por alguns alunos, algumas sugestões para melhoria da situação
dos mesmos. Alguns alunos citaram a possibilidade dos países europeus
deixarem de aceitar as mercadorias até que as condições de trabalho em
Bangladesh melhorassem.
“creio que uma forma de tentar solucionar seria um acordo entre os países
que recebem a roupa produzida lá para que não comprem [...] para que talvez
com isso parem para pensar no que podem fazer.”(Aluno)
Um aluno chegou a falar sobre intervenção das Nações Unidas neste País.
Outro falou em intervenção das forças armadas. Falou-se também em aumentar o
valor de venda do produto para, assim, aumentar o salário dos trabalhadores
de Bangladesh.
“Eles poderiam pelo menos aumentar um pouco os preços das roupas para dar um
custo de vida melhor para as pessoas que viviam naquela cidade.” (Aluno)
Aqui pode se perceber que os alunos não têm noção de que o problema esteja
no desejo de altos lucros pelas empresas e não no repasse de valores. Paga-
se pouco aos trabalhadores para que a empresa tenha altos lucros na venda.
A maioria dos alunos (12 alunos no total) disse que ia pensar mais antes de
consumir os produtos das lojas. Disseram considerar importante saber os
processos de produção dos produtos até que os mesmo cheguem ao destino final
(lojas para venda).
“Diante das condições mais que precárias, é impossível consumir tais
produtos e não pensar em como foram feitos [...]” (Aluno)
Dois alunos disseram que não comprariam mais nada com material de couro
legítimo. Três alunos disseram que não ter conhecimento de como era
produzido o couro das roupas.
“Eu achei interessante porque eu não sabia como eram produzidas as roupas de
couro [...]” (Aluno)
Um aluno expressou em sua resposta que é muito difícil saber a procedência
dos materiais que são consumidos e que este tipo de informação deveria ser
mais veiculado e de fácil acesso aos consumidores.
Alguns alunos citaram a importância de nos tornarmos mais conscientes da
procedência dos produtos que consumimos.
“A população diante deste fato deveria posicionar-se protestando e tomando
mais consciência das procedências dos produtos adquiridos.” (Aluno)
Um aluno disse que o salário dos trabalhadores é um absurdo e deveria ser
aumentado.
“...se o trabalhador é bem remunerado e tem seus direitos o seu trabalho
pode ser efetuado com melhores condições. Porém os proprietários das
fábricas têxteis querem sempre ganhar mais e mais, não se preocupando com as
condições de seus funcionários...” (Aluno)
Dois alunos citaram a necessidade das leis se fazerem valer nesse país. Aqui
pode se perceber que os alunos não têm noção da grande influencia da
política no desenvolvimento de um país. Cada país tem suas leis e as grandes
empresas fundam indústrias em países subdesenvolvidos porque as leis são
frouxas co relação aos direitos trabalhistas e deveres ambientais. E mesmo
que as leis fossem mais rigorosas, deveríamos contar com a possibilidade de
corrupção por parte de políticos, agências fiscalizadoras e grandes
empresários.
Um aluno citou que, às vezes, o consumidor compra algo barato e fica feliz
com isso, desmerecendo totalmente o trabalho da pessoa que produziu o
material. Percebe-se, com a fala deste aluno, que o fato de pagar
absurdamente barato por uma peça é ser conivente com a situação trabalhista
observada nos vídeos apresentados.
Um aluno citou ser desprezível toda essa situação da indústria de
beneficiamento do couro e que isso deveria ser proibido por lei, citando o
uso do couro sintético no lugar do mesmo. Outro aluno remeteu a situação
observada nos vídeos à época dos escravos.
“Aquela fábrica é como se fosse a época dos escravos...” (Aluno)
Foram observados 4 questionários que abordaram assuntos com relação à
poluição da cidade, proveniente das indústrias de beneficiamento de couro, e
da poluição com que os trabalhadores tem que conviver dentro do local de
trabalho. Todos eles criticavam amplamente esta situação. Foram feitas 4
citações com relação ao uso incorreto dos produtos químicos para
beneficiamento do couro, que são utilizados sem proteção pelos trabalhadores
em Bangladesh. Todos eles citavam a necessidade de treinamento para tal.
“Vimos que para isso ganhar forma (o couro ser beneficiado) passa por muitas
etapas e que são bastante cansativas e perigosas pelo fato de ter elementos
químicos.” (Aluno)
Conclusões
Acreditamos que os resultados obtidos nesse trabalho sejam satisfatórios na mediada em que a atividade se demonstrou em uma possibilidade viável de se trabalhar com temas sociais, científicos e ambientais, de maneira crítica e problematizadora. A totalidade dos alunos demonstraram não conhecer as várias etapas de produção dos itens de vestuário e, tão pouco, a realidade social e econômica de Bangladesh e, mais do que isso, não imaginavam que toda essa problemática funcionasse como base de sustentação para o mercado têxtil europeu, porém, a partir do texto e dos vídeos apresentados em sala, foi possível criar uma visão crítica de toda essa situação e pode-se entender que ela não surge do acaso ou da má sorte de algumas pessoas ou países, mas, que na verdade tudo isso funciona como uma engrenagem, muito bem elaborada, que serve ao interesse de grandes mercados consumidores. As respostas dadas a pergunta final da atividade demonstrou que o objetivo do trabalho foi alcançado, pois, uma visão menos ingênua relacionada a cadeia de produção têxtil e as problemas sociais, econômicos e ambientais de Bangladesh foi desenvolvida. Alguns alunos apontaram a necessidade de lucro, pressuposto básico do capitalismo como a principal causa de toda essa problemática, porém, algumas respostas demonstraram uma visão ainda muito ingênua do problema, como é o caso de quem acredita que a melhoria das condições de vida dos trabalhadores iria causar um aumento no preço do produto final, quando na verdade a origem do problema encontra-se na margem de lucro praticada pelos grandes empresários locais e internacionais. Acreditamos na educação um caminho na construção de uma sociedade mais justa e menos opressora, atividades como essa demonstram o potencial do desenvolvimento de uma reflexão pautada na solidariedade e no respeito da condição humana.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente: Saúde. Secretaria de Educação Fundamental. 2.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental: no consenso um embate? Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.
TRAVASSOS, E. G. A prática da Educação Ambiental nas escolas. Porto Alegre: Mediação, 2004.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.