Autores

Costa, K.B. (FAMETRO) ; Silva, P.C. (FAMETRO) ; Rebelo, M.C. (FAMETRO) ; Silva, I.C. (FAMETRO)

Resumo

A falta de contextualização nas aulas práticas e teóricas é uma grande problemática no ensino de Química. A disciplina de Química é vista pelos alunos com aversão, e sem importância no cotidiano, sendo distinguida por seus cálculos, fórmulas, memorização de tabelas e conteúdos. O presente trabalho abordará uma metodologia experimental contextualizada e dinâmica utilizando a destilação de óleos essenciais. A proposta desse projeto foi confeccionar um destilador com materiais alternativos para extrair o hidrolato da canela e a partir disso, fazer uma oficina de fabricação de sabonetes. Essa proposta tem a meta de despertar a curiosidade e o interesse dos alunos, buscando utilizar uma didática inovadora no processo de ensino e aprendizagem de Química.

Palavras chaves

Contextualização; Ensino de Química; Hidrolato de canela

Introdução

Os problemas no aprendizado de química podem ser atribuídos a descontextualização dos conteúdos. Supõe-se que o ato de ensinar eficientemente parte do princípio de associar os conceitos, aplicação de metodologias adequadas, interpretação e linguagem química de forma contextualizada através de teoria e prática no ensino. Segundo Rocha e Vasconcelos (2016) o ensino de química causa aos discentes aversão devido as dificuldades de aprendizagem. Esse ensino ocorre de forma tradicional, causando desinteresse pela matéria. Os recursos didáticos são mediadores no processo de ensino e aprendizagem, e o desenvolvimento dessas práticas é de extrema importância na aquisição de conhecimento do discente (JUNCKES, 2013). Metodologias diferenciadas fazem as aulas tornarem-se mais atraentes aos olhos dos alunos (CHIERIGHINI e AGUIAR, 2014). Os alunos anseiam por aulas práticas contextualizadas, pois para que o ensino de química se torne mais satisfatório, interessante e motivador, é necessário desenvolver atividades dessa natureza com mais frequência (LIMA E ALVES, 2016). O presente trabalho desenvolveu uma metodologia experimental de forma contextualizada conciliando a Química com produtos naturais. O objetivo desse projeto foi confeccionar um destilador com materiais alternativos utilizando o hidrolato da canela para fazer sabonetes. Os hidrolatos apresentam estruturas e funções em sua composição orgânica, podendo ser utilizados em sala para desenvolver aulas experimentais contextualizadas, contribuindo para a aprendizagem do aluno no ensino de química. A fabricação de sabonete no ensino, pode proporcionar aos alunos um melhor entendimento sobre funções orgânicas, propiciando uma aula proveitosa e participativa (MUNCHEN, THIES e ADAIME, 2012).

Material e métodos

O método utilizado na escola foi à experimentação, através da destilação do hidrolato da canela para fabricação de sabonete, visando identificar os processos ocorridos na destilação e utilidades no cotidiano dos alunos. O presente trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Professor Jorge Karam Neto, Manaus - AM em duas turmas, 3°01 e 3°05. A aplicação da metodologia foi feita em cinco etapas: 1. Pré-questionário de sondagem. 2. Aula teórica expositiva. 3. Aula experimental da destilação do hidrolato da canela. 4. Oficina de fabricação de sabonete. 5. Questionário de pós- sondagem. Foi realizado duas aulas, uma expositiva e contextualizada com o auxílio do data show sobre misturas, soluções, métodos de separação de misturas, destilação por arraste a vapor, hidrolatos, fabricação e utilização de produtos cosméticos, e outra teórica com auxílio do quadro branco e pincel, sobre funções orgânicas, abordando a função do aldeído, óleos essenciais e os hidrolatos. Foi confeccionado um destilador com materiais alternativos, para ser usado na Escola que não tem laboratório equipado. Os materiais utilizados no destilador foram: Cuscuzeira média; 1,5 m mangueira de PVC; 1 lata de leite ninho para fazer o fogo; 1 caixa de isopor pequena; Cola de silicone; Durepox; Estopa de algodão; Álcool em gel; Fósforo; Recipiente de vidro com tampa para colocar o hidrolato; Suporte para colocar o fogo; A aula experimental ocorreu na área do refeitório da Escola. A quantidade de hidrolato obtido foi de 100 ml em 10 minutos. Os alunos foram divididos em 5 grupos para fazerem sabonete sólido e liquido. Após as explicações sobre a prática experimental, os alunos foram capazes de fazer o procedimento corretamente por meio de metodologia ativa de forma prazerosa e eficiente.

Resultado e discussão

Utilizou-se na aula experimental um destilador feito em casa somente com materiais alternativos e de baixo custo (Figura 1a), como uma forma de incentivar os alunos a montar seu próprio destilador. O destilador foi exposto na mesa na sala de aula e com a ajuda de alguns alunos, foram colocados todos os componentes para fazer a destilação. Os alunos ficaram bastante animados na preparação da mesma e explicou-se passo a passo o processo que estava ocorrendo. Dez minutos depois, obteve-se o hidrolato da canela. Na próxima etapa, foram divididos os alunos em grupos, em seguida foi dividido o material para fabricar os sabonetes, e foi dado a eles uma folha com os procedimentos. Com isso, deu-se início a fabricação dos sabonetes (Figura 1b). A partir de dados coletados por meio de questionários de pré e pós sondagem, verificou-se os resultados da aplicação da metodologia diferenciada. Para fins de comparação da metodologia tradicional e inovadora, uma das turmas não recebeu a experimentação. Na turma 3°01 que foi usada como controle, notou-se um menor rendimento após a explicação da aula, porém na turma de 3⁰03 o rendimento foi superior, isso pode ser atribuído a realização do experimento (Gráficos 1- 4). Com base nas respostas dos alunos, percebeu-se que os alunos almejam por aulas experimentais, contextualizadas, metodologias diferenciadas, de modo que vejam e compreendam os fenômenos que acontecem ao redor, pois a química está inserida no dia a dia de cada um. Segundo Oliveira (2015), a contextualização possibilita despertar e explorar a curiosidade do aluno, contribuindo para facilitar a aprendizagem de química e propiciando uma maior interação entre professor e aluno em sala de aula.

Figura 1a-1b. Atividade experimental

A figura 1a mostra o destilador feito com materiais alternativos; A figura 1b mostra os alunos na aula experimental e oficina de sabonetes.

Gráficos 1-4: Resultados obtidos

Os resultados foram obtidos a partir do conhecimento dos alunos antes e depois da atividade experimental.

Conclusões

A prática experimental desenvolvida no presente projeto contribuiu para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, pois para um ensino de qualidade e significado é necessário o uso de práticas e metodologias diversificadas como o uso da contextualização de temas do interesse dos alunos. O resultado foi satisfatório e eficaz, uma vez que os alunos melhoraram o rendimento escolar. Com isso, os objetivos do projeto foram alcançados pela contextualização do ensino de química de forma a garantir um aprendizado eficiente.

Agradecimentos

Agradecemos o apoio disponibilizado pela FAMETRO para o desenvolvimento da pesquisa.

Referências

CHIERIGHINI, A.; AGUIAR, P. A.; Metodologias de ensino e aprendizagem: observação e reflexão. Seminário de Estágio das Licenciaturas, Instituto Federal de Santa Catarina, 2014.

LIMA, J. O. G.; ALVES, I. M. R. Aulas experimentais para um Ensino de Química mais satisfatório. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e tecnologia R. bras. Ens. Ci. Tecnol. Ponta Grossa, v. 9, n. 1, p. 428-447, jan./abr. 2016.

JUCKES, R. C. A prática docente em sala de aula: mediação pedagógica. In: Simpósio sobre Formação de Professores: Educação Básica: Desafios frente às desigualdades Educacionais. 2013. Universidade do sul de Santa Catariana. Anais. Disponível em: http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/eventos/simfop/artigos_v%20sfp/Rosani_Junckes.pdf. Acesso em: 25 mar. 2017.

MUNCHEN, S. T.; THIES, R. F.; ADAIME, M. B. Sabonete líquido: uma abordagem para a Química Orgânica. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ). 2012.

OLIVEIRA, S. F. S. Perfumes como uma proposta temática para a contextualização no ensino de química. 2015. 56f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciado em Química). Universidade Federal De Viçosa. 2015.

ROCHA, J. S.; VASCONCELOS,T. C. Dificuldades de aprendizagem no ensino de química: algumas reflexões. In: XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ). Florianópolis, SC, Brasil – 25 a 28 de julho de 2016. Disponível em: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R0145-2.pdf. Acesso: 14 de Fev. 2017.