Autores

Silva, A.M. (UFC) ; Rocha, J.F. (UFC)

Resumo

Este trabalho surge da necessidade de se estudar química no ensino fundamental II, como contribuição no entendimento de fenômenos do dia-a-dia. Desta forma, a finalidade deste estudo é compreender a importância da formação do aluno desenvolvendo habilidades e conceitos da Química que relacione no ensino aprendizagem desta disciplina no ensino fundamental. Pretende-se demonstrar que é possível despertar um maior interesse nesta disciplina por parte do aluno. O projeto foi realizado em uma Escola Particular de Paracuru-CE, através de questionários aplicados aos alunos, à gestão e aos professores de química, e envolveu a pesquisadora como professora de química das turmas. Apesar da escola não possuir laboratório, a prática experimental esteve sempre presente.

Palavras chaves

Fenômenos; Química e cotidiano; Teoria e prática

Introdução

Com base nas dificuldades que os alunos do ensino médio apresentam em Química, identifica-se a necessidade da mesma em suas séries iniciais, com o intuito de levar aos alunos competências e habilidades relacionadas à disciplina. Conhecer o contexto significa ter melhores condições de se apropriar de um dado conhecimento e de uma informação (MACHADO, 2005). Muitos alunos possuem dificuldades de aprendizagem em química nos mais diversos níveis de ensino, por não perceberem o significado do que estudam. Aprender química é importante não só para identificar as inúmeras aplicações que ela tem no nosso dia-a-dia, mas também contribui para a formação de cidadãos conscientes. A química é tratada como o “bicho papão” do ensino médio, afinal muitos alunos entram em contato com a disciplina pela primeira vez nessa etapa da vida o que ocasiona rejeição a disciplina que é vista como complexa. A obrigatoriedade da disciplina no ensino fundamental mudará a situação, pois deve se ter alunos estimulados a interpretar o mundo e intervir na realidade, apresentando a Química como construção histórica e relacionada ao desenvolvimento tecnológico alcançado pela sociedade. É como Sequeira & Leite (1988) afirmam: “A História da Ciência pode dar aos alunos uma imagem correta da ciência, evidenciando as inter-relações entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e as outras áreas do conhecimento”. Na adolescência é o momento de descobertas, onde o novo é lícito, portanto aprender química nessa fase da vida onde a curiosidade é aguçada ajudaria a diminuir os índices de rejeição e haveria uma percepção de como a química “também faz o mundo girar”. Conforme Gleiser (2003): "A ciência se torna fascinante quando você não fica só na teoria".

Material e métodos

O desenvolvimento da pesquisa envolveu a pesquisadora como professora e duas turmas de 8º ano do ensino fundamental do turno da tarde na disciplina de química, que faz parte do currículo da Escola Educandário Nossa Senhora dos Remédios, localizada na cidade de Paracuru-CE. É uma escola particular, abrangendo desde o Ensino Infantil até o Ensino Médio. As turmas foram escolhidas por dois principais motivos: primeiramente por serem opostas no sentido de interesse pela disciplina, curiosidade, motivação, além de serem turmas de grande potencial em conhecimento, podendo absorver bem os conteúdos abordados. A investigação didática foi realizada durante o ano letivo de 2016 e os instrumentos de coleta de dados foram aplicados em sala de aula. Para incluir os conteúdos foi utilizada uma abordagem de ensino direcionada e contextualizada, priorizando os conteúdos que dão base ao ensino médio, ao mesmo tempo em que os conhecimentos prévios dos alunos foram levados em consideração. Para investigar as questões propostas, as atividades de avaliação foram as mesmas para ambas as turmas, assim como as atividades de pesquisa, discussão e apresentações, o objetivo deste procedimento é diferenciar as turmas apenas pela metodologia utilizada, de modo que a diferença nos resultados das duas turmas possa ser atribuída apenas a esta. Foram utilizados como instrumento de coleta de dados: questionários e gravações das discussões em grupo. A análise envolveu o conjunto de respostas aos questionários, os registros de observações e as anotações sobre as aulas, em especial àquelas das turmas em que a química estiver sendo aplicada. A pesquisa foi realizada com os alunos do 8º ano, turmas A e B da referida escola, totalizando 40 alunos. Entrevistou-se a equipe gestora e 4 professores de química.

Resultado e discussão

Dos 40 alunos que responderam a pergunta, você gosta de estudar química?, 65% disseram que sim e 35%, não. Os que responderam negativamente foi devido o fato da complexidade da disciplina, como também pela ausência de laboratório na escola. 77% acreditam que a química é importante e 23% informam que não, muitas vezes isso ocorre porque o aluno não relaciona os conteúdos abordados em sala ao seu dia-a-dia. Você tem alguma sugestão para melhorar o ensino de química? Essa pergunta é bem peculiar, pois na faixa etária que se encontra os alunos da pesquisa, é o momento em que a curiosidade esta aguçada, então eles pedem aulas dinâmicas com jogos e experiências, no conceito deles química é sinônimo de experiência e deve ter em todas as aulas (fig. 1). O fascinante da química é a possibilidade dos alunos verem na prática como muitas coisas acontecem, onde 80% gostariam que tivessem mais práticas experimentais e apenas 20% se dizem satisfeitos. Questionou-se aos alunos se eles identificavam a presença de profissionais da química nas relações de âmbito social, familiar e/ou escolar dos alunos, e 77% conhecem profissionais da química e os mesmos apenas relacionaram a pergunta ao trabalho do professor, já os 23% afirmaram não conhecerem, mesmo tendo a figura do professor (fig. 2). Para os professores (fig. 3), as maiores dificuldades apontadas são, planejar uma aula atrativa (20%), desenvolver as práticas (20%), fazer com que os alunos imaginem como a química funciona (40%) e desenvolver a aprendizagem dos alunos sobre fórmulas, nomes, símbolos e regras (20%). No processo ensino-aprendizagem o professor tem a função de facilitar a construção do conhecimento para o aluno, influenciando-o no seu desenvolvimento, motivação e aprendizagem.

Figura 1

Na figura 1 é peguntado ao aluno sobre sugestão para melhorar o ensino de química.

Figura 2

Na figura 2 é perguntado ao aluno se ele tem conhecimento de alguém que trabalhe com química.

Figura 3

Na figura 3 é perguntado ao professor sobre as dificuldades encontradas no conteúdo de química.

Conclusões

Ao término desse trabalho é relevante salientar que a Química deve ser vivenciada pelo educando através do contato com situações e atividades que os aproximem de seu cotidiano, correlacionando química e ambiente, contribuindo assim para formação de cidadãos mais críticos e capazes de atuar a favor do meio em que vive. A partir da análise feita nos conteúdos dados no ensino fundamental percebeu-se as restrições em relação às abordagens dos conceitos químicos, por outro lado, a área já dispõe de livros didáticos que representam avanços na organização dos conteúdos e conceitos.

Agradecimentos

A Coordenação do Curso de Licenciatura Semipresencial em Química da UFC; ao Polo de São Gonçalo do Amarante-CE, e ao Educandário N.Sra. dos Remédios, Paracuru-CE.

Referências

GLEISER, Marcelo. O livro do cientista. 2003, 96p. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/858/marcelo-gleiser-a-ciencia-se-torna-fascinante-quando-voce-nao-fica-so-na-teoria. Acesso em: 30 nov. 2016.

MACHADO, N. J. Interdisciplinaridade e contextualização. In: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): fundamentação teórico-metodológica. Brasília: MEC; INEP, p. 41-53, 2005.

SEQUEIRA, M.; LEITE, L. A História da Ciência no Ensino - Aprendizagem das Ciências. Revista Portuguesa de Educação. Universidade do Minho, v. 1, n. 2, p. 29-40, 1988.