Autores
Almeida, C.P.M. (ESCOLA ESTADUAL JOSÉ DE ALENCAR) ; Silva, T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA) ; Oliveira, A.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA) ; Carvalho-oliveira, J.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA) ; Sampaio, I.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA)
Resumo
A química como disciplina é considerada entre os discentes, como sendo de difícil assimilação. Este trabalho foi iniciado verificando os conhecimentos prévios dos alunos, utilizando a macaxeira como tema gerador. O problema analisado foi: de que maneira a utilização da mandioca como tema gerador poderá facilitar a aprendizagem de conteúdos de química orgânica? A proposta envolveu uma sequência didática e experimento no processo de ensino.O método foi qualitativo, sendo aplicados questionários para os alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual José de Alencar selecionados de modo não probabilostico. A proposta, por ter caráter contextualizado foi bem aceita pelos alunos, que assimilaram melhor os conteúdos e participaram de modo dinâmico.
Palavras chaves
química orgânica; aprendizagem ; mandioca
Introdução
Este trabalho relata sobre uma proposta de ensino de química orgânica utilizando a mandioca Manihot esculenta Crantz (Euphorbiaceae) como tema gerador de ensino. Optou-se por trabalhar com os alunos do terceiro ano do ensino médio da rede pública de ensino . Trabalhou-se com a seguinte questão problema: de que maneira a utilização da mandioca como tema gerador poderá facilitar a aprendizagem de conteúdos de química orgânica? Essa proposta é um esforço para contextualizar o conhecimento científico abordado em sala de aula com algo do cotidiano dos estudantes, de uma forma diferenciada, buscando melhorar o aprendizado do aluno e a afinidade pela Química. A escolha deste tema deu-se por ser inovador no ambiente em questão como conteúdo didático e muito presente no cotidiano de várias alunos. A associação da macaxeira com o conteúdo de química orgânica foi instigante para os alunos o que facilitou a abordagem inicial. O objetivo geral foi utilizar a temática da mandioca para despertar o gosto pela química facilitando a aprendizagem de conteúdos de Química Orgânica. Para alcançar o objetivo geral foram traçados os seguintes objetivos específicos: Verificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática e sua relação com a química orgânica; elaborar e aplicar uma sequência didática para contextualizar os conteúdos de Química Orgânica; Desenvolver experimento para verificação da presença do amido; Avaliar a proposta e a aprendizagem dos estudantes por meio de questionários, entrevista e observação. A população objeto foram os alunos do 3° ano do ensino médio regular da Escola Estadual José de Alencar, em Rorainópolis-RR, tendo como amostra 20 alunos de um total aproximado de 200. Para a elaboração deste projeto foi desenvolvido um experimento sobre a detecção do amido nos alimentos, no qual, todos os alunos foram bem participativo propondo-se a executaram o experimento em sala com o devido acompanhamento do pesquisador. Mandioca, aipi, aipim, castelinha, uaipi, macaxeira, mandioca doce, mandioca- mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre, mandioca-brava e mandioca-amarga são termos brasileiros para designar a espécie Manihot esculenta (sinônimo M. utilissima). Descrita por Crantz, é uma espécie de planta tuberosa da família das Euphorbiaceae (ANNUAL, 2014). O nome dado ao caule do pé de mandioca é maniva, o qual, cortado em pedaços, é usado no plantio. Trata-se de um arbusto que teria tido sua origem mais remota no oeste do Brasil (sudoeste da Amazônia) e que antes da chegada dos europeus à América, já estaria disseminado, como cultivo alimentar, até a Mesoamérica (Guatemala, México) (OLIVEIRA, et al, 2016). As denominações "aipim" e "macaxeira", entre outras, são usadas para os tipos com baixa toxicidade e que podem ser consumidos in natura. Tanto as mandiocas de uso industriais e tóxicas, quanto às de uso doméstico estão enquadradas nessa especiação. No município de Rorainópolis a cultura da mandioca tem uma grande produtividade entre os agricultores com relação a outras culturas, segundo os agricultores 30 % o equivalente a 1500 hectares produção total do estado se concentra aqui no município tendo em vista que sua variação anual produção da raiz da mandioca é exportada a capital do estado Roraima (Boa Vista) e capital do estado do amazonas (Manaus), onde será processada e transformada em farinha, fécula, ração, etc. No município, predominam as pequenas propriedades agrícolas, oriundas do processo de colonização. A mandioca de mesa, também conhecida como mandioca mansa, mandioca doce, aipim ou macaxeira é um alimento que apresenta alto valor energético e grande aceitação pela população brasileira (BORGES, FUKUDA e ROSSETI, 2002) De acordo com Ferreira Neto, Figueiredo e Queiroz, (2003). , devido a raiz de mandioca recém-colhida ser um produto altamente perecível (teor de umidade em torno de 60%), sua utilização por tempo prolongado se dá através de produtos desidratados.Estes produtos desidratados são, principalmente, os diversos tipos de farinhas de mandioca, o amido utilizado tanto no preparo caseiro como industrial e a raspa utilizada para ração animal Vilela, (1987), apud Ferreira Neto, Figueiredo e Queiroz, (2003). O diferencial das variedades de mandioca mansa é o baixo teor de compostos cianogênicos, menor que 100 mg por kg de polpa nas raízes frescas (BORGES, FUKUDA e ROSSETI, (2002).A macaxeira é rica em nutrientes, vitaminas, medicinal, etc. de acordo com Plantas e ervas (s/d), os seus “Constituintes químicos são acetona, ácido hidrociânico, ácido oxálico, amido, glucosídeos, linamarina, óleo essencial, proteínas, saponinas, sais minerais, triptofano, vitaminas do complexo B.
Material e métodos
Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, pois gera conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos e envolvendo interesses locais (GIL, 1999). Quanto à abordagem do problema é uma pesquisa de abordagem qualitativa, pois, segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa não tem a intenção de enumerar os fatos estudados, nem aplica instrumental estatístico na análise dos dados obtidos. Pois, parte de questões de interesses amplos, que vão se deliberando à medida que o estudo avança, envolvendo a aquisição de dados descritivos sobre pessoas e processos interativos pela relação direta do pesquisador com o meio que está sendo estudado, buscando compreender os fenômenos conforme a perspectiva dos sujeitos. Quanto aos objetivos é uma pesquisa descritiva, pois, visa descrever as características de determinada população ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum de apresentação é o levantamento em geral realizado mediante questionário ou observação sistemática que oferecem uma descrição da situação no momento da pesquisa (GIL, 1999). Pode ser descrita como uma pesquisa participante onde a intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem (DENCKER, 2000). A população são os estudantes do 3º ano do Ensino Médio Regular da E. E. José de Alencar em Rorainópolis-RR, e a amostra contou com 20 estudantes.A amostra foi não probabilística feita conforme a comodidade do pesquisador. Na primeira aula foi realizado um questionário diagnóstico com alunos e a apresentação do projeto sobre a mandioca, se eles conheciam e as propriedades físico – químicas. Na segunda aula foi desenvolvido um experimento sobre a detecção de amido presente em alguns produtos comercialmente conhecidos. Para a realização dos experimentos foram utilizados os seguintes materiais: - 1 Tintura de iodo (que pode ser comprada facilmente em farmácias) ou uma solução de lugol (que pode ser preparada dissolvendo-se 5g de iodo e 3 g de iodeto de potássio em 100 ml de água). Uma solução de lugol sempre contém 1% de iodo (I2) e 2% de iodeto de potássio (KI), (FOGAÇA, S/D). Na terceira aula foi reaplicado o questionário inicial para comparar os resultados depois dos experimentos.
Resultado e discussão
Em relação à análise do questionário aplicado aos alunos do 3º ano do ensino
médio da escola José de Alencar Rorainópolis – RR, 79% dos alunos disseram que a
química orgânica estuda os compostos de carbono, 11% desses alunos disseram que
estuda os elementos do carbono, e 10% disseram que estuda os compostos orgânicos
totalizando assim 100% da turma.
Em relação aos compostos químicos dos alimentos, 26% disseram que estão
presentes nos alimentos oxigênio, carbono e amido, 63% falaram que são o cloro,
ferro, cálcio, potássio e glicose os outros 11% que seriam vitaminas e sais
minerais chegando a uma porcentagem de 100%.
Em relação à pergunta: qual a importância da química dos alimentos, 21%
responderam que é importante saber os compostos químicos dos alimentos, 58%
disseram que é importante para ter conhecimento dos compostos orgânicos, 21% não
souberam responder ou não quiseram.
Em relação à pergunta se eles conheciam o composto da mandioca, 26% disseram que
conheciam 69% não conheciam nenhum composto da mandioca e 5% não souberam
responder ou não quiseram.
Em relação aos experimentos que foram realizados para detectar a presença de
amido nos alimentos, os alunos constataram que se houver amido no alimento, a
coloração da solução de iodo no alimento irá variar do azul ao preto, pois o I2
reage com o amido, formando uma estrutura complexa que possui essas cores. As
duas soluções indicadas (tintura de iodo e lugol) contêm o I2. No caso da
tintura, ela é uma solução alcoólica de I2. Já se tratando do lugol, o I2 não é
muito solúvel em água, mas se dissolve bem na solução de iodeto de potássio.
Ao perguntar, sobre a perspectiva da química orgânica dos alunos 10%
dos alunos responderam que foi ótima porque através da pesquisa conseguiram
analisar e assimilar os conteúdos tornando assim o conteúdo mais didático no dia
a dia escolar, 45% afirmaram que foi bom porque identificaram na prática o que
já sabiam na teoria e relacionaram melhor o conteúdo apresentado com a
realidade visto que a mandioca está presente como alimento frequente. 45% dos
alunos falaram que foi regular pois não obtiveram nenhum conhecimento novo, pois
já haviam aprendido algo em sala de aula com os professores da instituição
(escola estadual José de Alencar) que tiveram anteriormente.
Conclusões
Esta pesquisa teve como objetivo principal utilizar a temática da mandioca para despertar o gosto pela química e facilitar a aprendizagem de conteúdos de química orgânica. Constatou-se que os alunos entendiam o significado da química orgânica e tinham um conhecimento básico da mandioca e do seu componente principal (o amido). Quando foram apresentados os compostos químicos dos alimentos identificou-se que 26% afirmam que estes átomos estão presentes nos alimentos: oxigênio, carbono e amido, 63% relataram que o cloro, ferro, cálcio, potássio e glicose são encontrados em vitaminas e sais minerais (moléculas mais complexas). O experimento feito com os alunos do 3º ano do ensino médio regular no turno matutino da escola estadual José de Alencar, com o tema “Verificação de presença de amido em alimentos “, para demonstrar como se detecta a presença de amido nos alimentos, foi proveitoso e interagiram na hora do experimento.
Agradecimentos
A equipe gestora da Escola Estadual José de Alencar - RR por ter oportunizado a realização desse trabalho.
Referências
ANNUAL Report 2014 - Missouri Botanical Garden disponível em: <http://www.missouribotanicalgarden.org/Portals/0/Annual%20and%20Financial%20Reports/PDFs/IA_AnnualReport_2014_WebPDF.pdf>. Acesso em 18 jan. 2017.
BORGES, M. F.; FUKUDA, W. M. G.; ROSSETI, A. G. Avaliação de variedades de mandioca para consumo humano. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 37, n. 11, p. 1559-1565, 2002.
DENCKER, A. de F. M. Métodos e técnicas de pesquisas. 4.ed. São Paulo: Futura, 2000. 286 p.
FERREIRA NETO, C. J.; FIGUEIREDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M. Avaliação físico-química de farinhas de mandioca durante o armazenamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 5, n. 1, p. 25-31, 2003.
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Amido"; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/amido.htm>. Acesso em: 09 nov. 2016.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. RAE - Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995.
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