Autores

Damasceno, R.A.R. (IFRJ-MARACANÃ) ; Santana, C.F. (IFRJ-NILÓPOLIS) ; Bandeira, A.P. (IFRJ-MARACANÃ) ; Leal de Castro, D. (IFRJ-NILÓPOLIS)

Resumo

Este trabalho focaliza nossa experiência na construção e aplicação do jogo “Compostos Orgânicos em Ação” como atividade lúdica no ensino de química, com estudantes da 3ª série do ensino médio, na rede pública do município de São João de Meriti. O jogo didático refere-se ao ensino de nomenclatura de compostos orgânicos, onde é possível relacionar a estrutura das funções com o nome dos compostos. Essa atividade foi realizada em turmas de terceiro ano do ensino médio, a fim de proporcionar uma melhor exposição sobre as regras de nomenclatura de compostos orgânicos, ao mesmo tempo em que ocorre uma melhoria no rendimento dos estudantes. Com a aplicação desse jogo proporcionou-se aos estudantes uma forma de aprendizagem criativa e prazerosa, contribuindo para uma maior participação em sala.

Palavras chaves

JOGO; NOMENCLATURA; QUÍMICA

Introdução

O atual momento pelo qual vem passando a educação brasileira exige uma reflexão a respeito dos problemas educacionais, especialmente com relação ao ensino da Química nas escolas públicas. O ensino da Química é de fundamental importância na formação humana, por suas contribuições para o desenvolvimento da ciência e das novas tecnologias, considerando que é um conhecimento importante na sociedade tecnológica moderna. Suas contribuições também contemplam a formação para a cidadania. Segundo Silva et al. (2009) é muito comum que não seja dada a devida importância ao que é chamado, na literatura, de processo da ciência, ou seja, aos eventos e procedimentos que levam às descobertas científicas. Diante dessas circunstâncias, as atividades lúdicas, mais do que aceitas como rotina da educação dos estudantes, são uma prática privilegiada para a educação que visa o desenvolvimento pessoal e a atuação cooperativa na sociedade, como também instrumentos motivadores, atraentes e estimuladores do processo de construção do conhecimento. Segundo Campos, Bortoloto e Felicio (2003), os materiais didáticos são recursos fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a construção do conhecimento do aluno. O jogo considerado como um tipo de atividade lúdica, para Kishimoto (1996) apud Santana (2006), possui duas funções: a lúdica e a educativa. Ressaltamos que as mesmas devem coexistir em equilíbrio, sem que nenhuma prevaleça sobre a outra, de forma a auxiliar os estudantes na obtenção de conteúdos escolares. Desta forma, o presente trabalho tem como finalidade mostrar o desenvolvimento de um jogo, intitulado “Compostos Orgânicos em Ação”, para contribuir no ensino das fórmulas e nomenclaturas dos compostos químicos. Bem como verificar a sua eficiência no processo de entendimento e assimilação do conteúdo junto aos discentes.

Material e métodos

O jogo tem como objetivo identificar, dar a nomenclatura e montar as cadeias dos compostos orgânicos, procurando relacionar a estrutura das funções orgânicas com a nomenclatura dos compostos, utilizando cartas contendo compostos orgânicos diferentes, com informações referentes ao tipo de função, número de átomos de carbono, características da cadeia e os tipos de ligações, a ser descoberto pelos estudantes. Também contém um banner com uma tabela das regras de nomenclatura dos compostos; uma lousa pequena e uma caneta para os estudantes desenharem as estruturas na mesma; conjunto de doces (marshmallow coloridos) e palitos de churrasco para confecção das cadeias carbônicas. O jogo apresentava uma folha de regras e estratégias para jogar. Dividiram-se os 56 estudantes em grupos. O professor escolheu um aluno de um grupo, para retirar uma carta que estaria com suas informações escondidas dos estudantes. Cada carta continha um composto orgânico e dicas para que os estudantes pudessem adivinhar seu nome e sua estrutura. As dicas foram lidas para todos os grupos, pelo professor para auxiliar os estudantes a descobrirem o composto orgânico esperado. Ao levantar a mão o membro do grupo teria o direito de resposta. O professor julgaria se as respostas apresentadas pelo grupo estavam corretas ou não. Caso estivessem corretas, o grupo conquistava uma pontuação por conseguir identificar e nomear a molécula. A próxima etapa consistiu em montar sua cadeia carbônica na lousa e com os doces coloridos. Caso a montagem também estivesse correta, o grupo ampliaria a sua pontuação. Estavam disponibilizados no banner para consulta dos estudantes, informações sobre as regras de nomenclatura dos compostos orgânicos. Tais como sufixo dos grupos funcionais, prefixos dos carbonos e suas terminações.

Resultado e discussão

Neste trabalho buscou-se transformar o processo de ensino-aprendizagem de Química por meio de estímulos na utilização da cognição e com diversas interações possíveis. O jogo desenvolvido se destinou a propor situações onde houvesse o envolvimento dos 56 estudantes de forma mais dinâmica e que proporcionasse um melhor aprendizado dos conteúdos de Química Orgânica. Além disso, possibilitou que os estudantes aprendessem a argumentar, a compartilhar conhecimento, experimentando e desenvolvendo o espírito de equipe e proporcionando uma melhor socialização. Logo no início do jogo, mesmo com o uso da tabela, e das dicas, a maioria dos alunos apresentou dificuldade em montar o nome e a estrutura da molécula no tempo determinado, mas à medida que o jogo evoluía foram assimilando as informações dentro do tempo estipulado. O que reconhecemos como normal, pela compreensão de que estamos lidando com pessoas de diferentes ritmos relacionados ao processo interno de assimilação e aprendizagem. Com base nos resultados dos acertos durante aplicação do recurso, observou-se que os alunos tiveram rendimento favorável referente ao tema abordado. Foi elaborado posteriormente um questionário para verificar e avaliar as considerações dos estudantes a respeito desse jogo. Diante dos resultados obtidos pôde-se perceber que o jogo foi bem aceito pelos estudantes, pois ao complementar a aula teórica com exercícios e com jogos lúdicos, a mesma se tornou, segundo o relato dos mesmos, mais atrativa, divertida e interessante. Durante a aplicação do jogo pôde-se observar as interações e a melhoria das relações interpessoais.

Questionário investigativo do jogo "Compostos orgânicos em ação"

Questionário aplicado aos alunos após a atividade didática do jogo.

Gráfico das respostas do questionário

Respostas dos alunos referente ao questionário aplicado após o jogo didático

Conclusões

Concluímos que o material de ensino alternativo possibilitou aos estudantes uma atividade diferenciada das aulas formais. O jogo foi utilizado com a função lúdica de despertar o interesse dos estudantes, devido ao desafio que lhes impõem, e com funções didáticas diversas advindas das ações tomadas por estes para realizarem essa atividade. Diante do que vivenciamos em sala de aula com a execução da atividade, notamos que o jogo é um material didático motivador, dinâmico e válido na assimilação de conceitos científicos. Além de mobilizar o raciocínio e outras competências cognitivas.

Agradecimentos

Referências

CAMPOS, L. M. L.; BORTOLOTO, T. M.; FELICIO, A. K. C. A produção de jogos didáticos para o ensino de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. Caderno dos Núcleos de Ensino, p. 35-48, 2003.

SANTANA, E. M. A Influência de atividades lúdicas na aprendizagem de conceitos químicos. Universidade de São Paulo, Instituto de Física - Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, 2006.

SILVA, L. M.; CRUZ, K. C. A.; FILHO, J. R. L.; REIS, S. M.; COSTA, P. H. C. S.; SOUZA, L.. Master Química: A utilização de jogos educativos como motivação para aprender Química. IFPB – JP. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, 2009.