Autores

Santos, J.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Melo, N.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, T.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Queiroz, B.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Anjos, J.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)

Resumo

Propomos um experimento simples relacionado ao estudo dos conceitos que emergem do conteúdo de soluções e sua condução elétrica bem como das propriedades e princípios pertinentes. . Os avanços conceituais e na compreensão do conteúdo abordado foi evidenciado na análise do conteúdo proposta por Bardin (2006), a partir do qual verificou-se que os resultados foram satisfatórios e que a atividade experimental conduzida nessa perspectiva, mostrou-se como metodologia eficiente. Visto que também, os estudantes se mostraram motivados, participaram e socializaram suas ideias no processo de ensino – aprendizagem.

Palavras chaves

Alfabetização Científica; Experimento Simples; Análise do Conteúdo

Introdução

As interações entre partículas (moléculas ou íons) de um soluto com as dos solventes resultam no que conhecemos como soluções. As soluções eletrolíticas são aquelas em que há dissolução iônica que se dar quando um composto iônico (NaCl) dissolvido em água (H2O) produzem íons que podem ficarem solvatados ou hidratados na água, permitindo a passagem de corrente elétrica (Carmo e Marcondes, 2008). A forma como os alunos aprendem os conteúdos químicos e os associam para uma leitura de mundo dar-se-á através de uma alfabetização científica, onde para Chassot (2003) a Alfabetização Científica é ensinar a ler e interpretar a linguagem para explicar o mundo. Já Hazel e Trefil (2005) também definem que para essa Alfabetização não é ter só conhecimento para entender as questões relativas à ciência e tecnologia, mas também compreender que essa alfabetização se refere ao uso da ciência. Para Echeverría (1996) os estudantes apresentam dificuldades na aprendizagem dos conceitos químicos. O que para o mesmo é uma contradição visto que a matéria está presente no dia a dia dos alunos. Para estreitar o elo entre motivação e aprendizagem dos alunos a experimentação surge como fundamento de relações de ensino-aprendizagem, estimulando o interesse dos alunos e engajando esses em atividades subsequentes, visto que a atividade experimental é um aspecto –chave do processo de ensino aprendizagem (Giordan, 2009, Carrascosa e cols., 2006 e Júnior, Ferreira e Hartwing, 2008). Nesta atividade trabalhamos de forma teórica, juntos aos alunos os conceitos sobre íons, soluções e soluções eletrolíticas, onde em seguida realizamos um experimento sobre tais conteúdos e aplicamos um questionário antes da aula teórica e outro questionário depois do experimento. Nossos resultados estão descritos a seguir.

Material e métodos

Esta atividade foi desenvolvida junta com 48 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, onde dividimos nossa tarefa em três momentos distintos. No primeiro momento em duas aulas geminadas apresentamos nossa proposta e suas finalidades, aplicamos um pré-questionário a fim de sondar as concepções prévias dos alunos e abordamos de forma teórica os conceitos relativos aos íons, soluções, soluções eletrolíticas e suas formas no cotidiano dos alunos. No segundo momento em duas aulas geminadas realizamos um experimento que consistiu na montagem de um circuito elétrico, onde foram utilizadas um led, dois pedaços de fio de instalação residencial e uma pilha de 1,5V. Para montagem do circuito os fios foram interligados entre os lados da pilha e a lâmpada, com os fios mergulhados numa pequena bacia com água. Para contestação das soluções eletrolíticas e não-eletrolíticas colocamos em diversas bacias com água – uma com vinagre, outra com sal de cozinha, outra com açúcar de cozinha e outra com álcool, a fim de evidenciar a condução e não- condução da corrente elétrica. Após o experimento e as discussões com os alunos as mesmas questões relativas ao questionário utilizado no pré-teste foi aplicado (pós-teste), com a finalidade de analisar os avanços conceituais dos alunos. Tabela 1. Tabela 1. Questionário/ pré-teste e pós – teste. Q1. O que você entende por solução iônica e solução molecular? Q2. O que faz com que uma solução conduza corrente elétrica ou não conduza corrente elétrica? Discuta. Q3. Admita que você tenha uma solução contendo água e açúcar e outra solução contendo água e sal. Qual das soluções irá conduzir corrente elétrica? Discuta o porquê desses fenômenos. Q4. Relacione dissociação iônica com condução de corrente elétrica e discuta como se dar tal fenômeno.

Resultado e discussão

A luz do que propôs Bardin (2006) a análise do conteúdo para a Q1do pré-teste, constatamos que 80% dos estudantes mostraram-se que não diferenciava uma solução iônica ou molecular evidenciando que só conhecia um único tipo de solução e 2% souberam responder e 18% deixou a questão em branco, um estudante respondeu: “Solução iônica ou solução molecular são uma única substância a diferença é o meio se está em água ou não”. Na Q1 para o pós –teste, houve um avanço conceitual, pois 65% dos estudantes de forma geral responderam que uma solução iônica conduz corrente elétrica, pois essa em solução produz íons e uma solução molecular não produz íons. Para Q2 do pré-teste, 96% dos estudantes associaram a condução elétrica ao caráter metálico, demonstrando assim, equívocos conceituais, onde um estudante respondeu que “uma solução conduz corrente elétrica porque está é parecida com um metal”. Já para o pós –teste 76% evidenciaram o caráter iônico como condução elétrica e o caráter molecular como a não condução da corrente elétrica. No pré-teste para Q3 todos estudantes deixaram a questão em branco, onde a maioria relataram nunca ter estudado este conteúdo em sua vida. Já no pós –teste as respostas foram satisfatórias, onde 99% dos estudantes souberam associar cada solução com a condução, onde um aluno respondeu que “o açúcar é um composto molecular por isso não dissocia em íons, já o sal é um composto iônico produzindo cátions e ânions quando dissolvido em água”. Por fim, na Q4 para o pré-teste também não houveram respostas. Já para o pós- teste 97% dos alunos admitiram que houve produção de íons como cátions e ânions fazendo com a solução conduza a corrente e que um composto molecular não conduz por não formar íons.

Conclusões

Constatarmos que atividades de práticas inovadoras como o uso de experimentos em sala de aula podem levar os alunos a uma melhor associação com os conceitos e assim relacionar esses com o seu cotidiano, pois houve um avanço significativo na reconstrução das concepções dos estudantes. A prática pedagógica com um planejamento, uma sequência bem definida e uma proposta do PIBID, levam a uma melhor organização na prática docente, pois o tempo todo trouxemos discussões cotidianas e com isso todos alunos participaram e se engajaram no processo de ensino – aprendizado socializando suas ideias.

Agradecimentos

CAPES, PIBID, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Centro Acadêmico do Agreste – CAA.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa: Edições 70, 2006.
CARMO, M. P; MARCONDES, M. E. R. Abordando Soluções em Sala de Aula – uma Experiência de Ensino a partir das Ideias dos Alunos. Química Nova na Escola, n.28, p.37-41, 2008.
CARRASCOSA, J.; GIL-PÉREZ, D.; VILCHES, A. e VALDÉS, P. Papel de la actividad experimental en la educación científica. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 23, n. 2, p. 157-181, 2006.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, n. 22, 2003.
ECHEVERRÍA, A. R. Como os Estudantes Concebem a Formação de Soluções. Química Nova na Escola, n. 3, maio, 1996.
HAZEN, Robert M. e TREFIL, James. Saber Ciências. São Paulo: Editora de Cultura, 2005.

JÚNIOR, W. E.F.; LUIZ, H. F.; HARTWING, D. R. Experimentação Problematizadora: Fundamentos Teóricos e Práticos para a Aplicação em Salas de Aula de Ciências. Química Nova, n.30, novembro, 2008.