Autores

Pister, D.D.P. (IFMT-SORRISO) ; Welter, C.M. (UFMT) ; Dantas, A.S.T. (SEDUC-MT)

Resumo

O trabalho apresenta uma estratégia de ensino desenvolvida com alunos do terceiro ano do ensino médio do município de Sorriso-MT. As fontes motivadoras e norteadoras do planejamento da aula foram as vivências dos alunos no campo, sendo que os conteúdos foram sendo abordados num processo de experimentação e contextualização, possibilitando um ensino mais significativo e interativo. Nessas perspectivas o trabalho teve como objetivos (i) explicar conceitos de biologia e química relacionados com a célula vegetal, (ii) reconhecer a ação dos agrotóxicos nas plantas e (iii) discutir sobre as consequências da utilização de agrotóxicos para o meio ambiente.

Palavras chaves

ensino de ciências; interdisciplinaridade; estratégia de ensino

Introdução

Um dos desafios dos educadores da área de Ensino de Ciências da Natureza é tornar o processo de ensino- aprendizagem mais atraente com aulas dinâmicas e que realmente proporcionem uma aprendizagem significativa. No entanto as pesquisas apontam que os alunos consideram o conteúdo complexo e sem conexão com o seu cotidiano. É necessário que o ensino de ciências esteja ligado diretamente com o mundo do aluno, ou seja, que ele possa vir a extrair do ensino de ciências e aplicar no seu cotidiano (MAYER et al, 2013). Silva (2007) argumenta que o ensino de Ciências/Química contextualizado poderá fornecer subsídios para que o aluno entenda e possa intervir no seu meio físico social. Wartha e Faljoni-Alário (2005) afirmam que um ensino contextualizado oferece condições para que o estudante compreenda a importância e a aplicabilidade do conhecimento para entender os fatos, tendências e fenômenos que os cercam, despertando a curiosidade, o encantamento da descoberta e a autonomia de construir uma construção do mundo com sua identidade. Aos educadores cabe o desafio de cultivar uma postura dialógica e crítica diante do mundo, que os faça ter compromisso em assumir-se enquanto seres epistemologicamente curiosos diante dos fatos, realidades e fenômenos que constituem seu próprio mundo (FREIRE, 2005). Nessas perspectivas foram desenvolvidas aulas utilizando a temática Agrotóxicos para contextualizar conteúdos de Química e Biologia, visando a participação ativa dos alunos, a experimentação e a interdisciplinaridade com objetivos de (i) explicar conceitos de biologia e química relacionados com a célula vegetal, (ii) reconhecer a ação dos agrotóxicos nas plantas e (iii) discutir sobre as consequências da utilização de agrotóxicos para o meio ambiente.

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido em uma turma de terceiro ano de Ensino Médio de uma Escola Estadual do município de Sorriso-MT. Foram ministradas aulas envolvendo conteúdos de Citologia Vegetal, Ecologia e Química Orgânica, utilizando a temática agrotóxicos como contextualização. No laboratório de Ciências da Natureza, utilizando vegetais de diferentes colorações os alunos realizaram a prática da cromatografia em papel filtro para reconhecessem os pigmentos fotossintetizantes e qual a função de cada um na fotossíntese. Na sequência foram apresentados aos alunos as fórmulas estruturais da clorofila “a” e da clorofila “b”, para que eles identificassem os grupos funcionais, apontassem a diferença entre as estruturas e a função de cada uma na fotossíntese. Num segundo momento foram entregues rótulos e imagens de herbicidas aos alunos que discutiram sobre a ação desses produtos nas plantas, sua classificação, seletividade e toxidade. Em seguida apresentamos a fórmula estrutural de dois herbicidas (paraquat e diquat) que pertencem a uma classe em especial, os inibidores de fotossíntese. Após a explicação do modo de atuação desses herbicidas, os alunos fizeram comparações entre as fórmulas moleculares e estruturais, funções orgânicas, presença de carbonos quirais, ligações interatômicas e intermoleculares, solubilidade em água e debateram sobre a sua atuação na morte celular. Finalizamos com um debate sobre as conseqüências do uso de agrotóxicos para o meio ambiente, o destino correto das embalagens e quais possíveis alternativas para resolver os problemas apontados.

Resultado e discussão

Observando a participação e interesse dos alunos, evidenciamos que a aula foi motivadora despertou a atenção e gerou discussão sobre a temática. No decorrer das aulas foi notável através do questionamento e envolvimento dos alunos, que a estratégia aguçou a curiosidade, desenvolvendo a capacidade de observação e registro de informações. Os alunos visualizaram e entenderam a relação entre os conteúdos de química orgânica e citologia vegetal compreendendo a ação dos agrotóxicos na morte da planta, depois de terem compreendido como é a ação dos agrotóxicos nas plantas, os alunos foram indagando sobre outras ações no ambiente causadas pelos agrotóxicos. Contaminação dos rios e poluição dos solos foram os danos ambientais mais tratados e o debate ocorreu com a construção do conhecimento sobre os impactos ambientais que podem ocorrer com a utilização desses produtos tóxicos. Alguns alunos compartilharam suas experiências sobre as recomendações dos fabricantes de agrotóxicos para o descarte adequado das embalagens destacando a importância desta prática para o meio ambiente e relataram como ela vem sendo feita no município de Sorriso, desta forma ficou evidente o conteúdo passou a ter significado, uma vez que os agrotóxicos são amplamente empregados na agricultura local.

Conclusões

O interesse e motivação dos alunos são muito evidentes quando o conceito é trazido de uma forma experimental e contextualizada com a vida dos alunos. Dessa forma o professor deve estar atento para propiciar em suas aulas oportunidades para os alunos compartilharem suas vivências e num processo coletivo construírem o conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem torna-se mais eficiente quando os conteúdos são trabalhados em uma perspectiva interdisciplinar, mostrando que os conteúdos não são isolados, possibilitando a interpretação de um fato com vistas de diferentes disciplinas.

Agradecimentos

Referências

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 42. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

MAYER, K. C. M. ; PAULA, J. S. ; SANTOS, L. M. ; ARAUJO, J. A. . Dificuldades encontradas na disciplina de ciências naturais por alunos do ensino fundamental de escola pública da cidade de Redenção-PA. Revista Lugares de Educação, Bananeiras, v. 3, n. 06, p. 230-241, 2013.

SILVA, E. L. Contextualização no Ensino de Química: idéias e proposições de um grupo de professores. 2007. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) – Instituto de Física, Instituto de Química, Instituto de Biociências e Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

WARTHA, E. J.; FALJONI-ALÁRIO, A. A contextualização do ensino de Química através do livro didático. Química nova na escola, São Paulo, n. 22, p. 42-47, nov. 2005.