Autores

Falcão, B.G. (E.E.E.F.M MONSENHOR PEDRO ANÍSIO BEZERRA DANTAS) ; da Silva, A.L. (IFPB)

Resumo

O ensino de Química direcionado à formação de cidadãos ecologicamente conscientes pode-se validar quando aliado à métodos eficazes de aprendizagem. Neste trabalho, relata-se a utilização de um “Protótipo de Biodigestor”, como um parâmetro na compreensão do conteúdo “Fontes Alternativas de Energia”, à luz didática da Aprendizagem Significativa. Ao vivenciarem este tipo de prática, alunos do Ensino Médio, oriundos do campo, no município de Serra Branca-PB, puderam perceber a relação mútua entre os aspectos teóricos da Química e suas implicações na prática através da experimentação contextualizada com o estilo de vida rural. A metodologia trouxe ao universo dos discentes a compreensão na importância e reuso do esterco bovino no desenvolvimento de energias alternativas ambientalmente viáveis.

Palavras chaves

Biodigestor; Ensino de Química; Educação no Campo

Introdução

Aprender ciências é fazer uso de questionamentos a partir de percepções, sejam elas teóricas ou práticas. No ensino de ciências, portanto, é fundamental o êxito na construção eficaz da relação teoria x prática. No entanto, é fato perceber que muitas vezes apenas o livro didático é utilizado no processo de ensino-aprendizagem de ciências no âmbito escolar a nível médio e, muitas vezes, os conteúdos que nele estão inseridos tratam a teoria em desconjunto com a prática. Em algumas escolas do campo ainda se observa a falta de experimentação ou a não contextualização desta no ensino de ciências. De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio – OCEM – (BRASIL, 2006, v. 2, p. 106), “o mundo atual exige que o estudante se posicione, julgue e tome decisões, e seja responsabilizado por isso”. A citação acima reforça que é papel da escola criar meios para que o aluno desenvolva habilidades de transformação e senso crítico perante a sociedade, à medida que incorpora os conhecimentos didáticos. O aprendizado de Química no ensino médio “deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas”. Dessa forma, os estudantes podem “julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos.” (PCNEM, 1999). Assim, neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia de ensino que explora a importância social ambiental das fontes alternativas de energia, de forma contextualizada, com a intenção de promover uma aprendizagem significativa a alunos de nível médio do campo.

Material e métodos

Dois levantamentos serão realizados. O primeiro acerca da abordagem da “Educação Ambiental” na Escola, levando-se em conta o histórico desse conteúdo nos diversos processos didáticos desenvolvidos no decorrer do ano letivo, este, feito também com dois professores que apoiaram este projeto. O segundo, tendo como finalidade mapear os conhecimentos prévios e intuitivos dos próprios alunos em relação ao tema “Biodigestor – Uma Fonte Alternativa de Energia” por meio da Aprendizagem Significativa. Desta forma, elaborou-se a sequência metodológica: •DIAGNÓSTICO PRÉVIO (QUESTIONÁRIOS I E II) •DEBATE EM SALA DE AULA •AULA PRÁTICA DE CAMPO Estes critérios terão como finalidade, desenvolver o processo da construção da Aprendizagem significativa a respeito da “Educação Ambiental”, como um todo, enfocando-se no tema “Biodigestor – Uma Fonte Alternativa de Energia”, conforme levantamentos acerca da menção deste e demais assuntos relacionados ao meio ambiente em livros didáticos de Química utilizados no Ensino Médio. Na aula prática de campo, será utilizado um protótipo de biodigestor cedido pelo PROJETO COOPERAR®, entidade do Governo do Estado da Paraíba (Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão) responsável por projetos ligados ao desenvolvimento de práticas socioambientais.

Resultado e discussão

Em relação aos trabalhos sobre Educação Ambiental na escola (questionário I), os alunos destacaram que na Escola nunca tiveram contato com vivências de grande relevância sobre o tema, apenas abordados em teoria. Pôde-se destacar significativo êxito no que diz respeito às respostas do questionário exploratório para diagnóstico prévio do conteúdo exposto (questionário II). Durante o questionário exploratório, todos os grupos responderam corretamente à maioria das questões, e principalmente a primeira pergunta, que pedia a definição intuitiva sobre o conteúdo “Fontes Alternativas de Energia”. Respostas como: “São fontes de produção de energias renováveis”; “ Fontes que trazem custo benefício ao homem e ao meio ambiente”, ou mesmo “Fontes de energia que transformam várias coisas” confirmam a noção prévia do conhecimento intuitivo dos discentes, demonstrando a maturidade de uma turma do 2º Ano do Ensino Médio no que se refere ao domínio de conceitos triviais do conteúdo apresentado. Na última pergunta, quatro dos sete Grupos definiram que “Biodigestor é um compartimento de produção de energia a partir de estrume animal”, no entanto todos os sete Grupos não mencionaram “como” ou “que tipo de energia” é processado. No que diz respeito a aula prática, os alunos puderam ter contato com o processo de desenvolvimento e utilização do Biodigestor, desde a coleta do material orgânico (esterco bovino), passando pela fermentação, até a produção de gás metano. Além do tema "Matéria e Energia" outros conceitos interdisciplinares foram amplamente discutidos e observados na prática, tais como noções termodinâmicas, tendo em vista as funções de estado como pressão, volume e temperatura; fermentação de bactérias metanogênicas; bem como as relações estequiométricas próprias da Química.







Conclusões

A aula prática com o uso de materiais alternativos enriquece de maneira significativa o processo de ensino-aprendizagem, principalmente no que tange as ciências experimentais, superando a carência de materiais e ausência de laboratórios em escolas. A abordagem de temas pertinentes ao universo cotidiano do aluno do campo, promove o ensino contextualizado da Química, contribuindo para a manutenção saudável do meio ambiente e proporcionando a construção de uma consciência crítica atenta ao seu desenvolvimento sustentável.

Agradecimentos

Agradecemos às pessoas envolvidas, sobretudo, ao PROJETO COOPERAR®, entidade do Governo do Estado da Paraíba(Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão).

Referências

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