Autores
Coutinho, L. (IF SUDESTE MG - JF) ; Barbosa, E.P. (IF SUDESTE MG - JF) ; Malaquias, L.P. (IF SUDESTE MG - JF) ; Rezende, L.L.C. (IF SUDESTE MG - JF) ; Barbosa, D.B.A. (IF SUDESTE MG - JF)
Resumo
O presente trabalho surge do nosso interesse em iniciar o desenvolvimento do tratamento de resíduos no LPEN. A cada aula prática realizada, vários resíduos são produzidos e, sem tratamento eram estocados. Desta maneira iniciou-se um trabalho de conscientização durante as aulas práticas de química sobre o problema da produção dos resíduos com as turmas de Ens. Tec. Integ. do Inst. Fed. SE de MG – campus Juiz de Fora (IF SUDESTE MG – JF). Após uma série de atividades experimentais e da discussão com textos, e seminários sobre o tema foi observada uma mudança de comportamentos e preocupação dos estudantes com o destino dos rejeitos e a minimização dos mesmos, procurando, em alguns casos, substituir os reagentes tóxicos das práticas por outros materiais alternativos e com toxicidade menor.
Palavras chaves
Gerenciamento de resíduos; Ensino de química; Sustentabilidade
Introdução
Um dos temas mais abordados dos últimos tempos é a questão ambiental, devido ao significativo aumento de resíduos produzidos. Com isso, indústrias que são em quantidade e periculosidade as maiores produtoras de resíduos (Martin e Gusmão, 2003), os laboratórios químicos públicos e privados, que em diversidade são os maiores produtores de resíduos e responsáveis por 1% dos resíduos perigosos (Teixeira et al, 554); e lugares que trabalham com produtos químicos, todos eles estão elaborando planos de tratamentos de resíduos com o objetivo de organizar formas de tratamentos a fim de não degradar o meio ambiente e diminuir os locais de descarte. Vários planos de resíduos foram elaborados com o objetivo de informar, orientar e organizar as formas de tratamentos (Brasil, 2011). Estes rejeitos podem emitir poluentes e gerar impactos na saúde tanto das pessoas que trabalham como as que residem próximos dos locais onde esses resíduos são produzidos e/ou descartados (Afonso e cols., 2010). Cada resíduo tem um tipo de tratamento. Alguns precisam de maior especificidade técnica e aparelhos altamente tecnológicos. Outros precisam apenas de uma neutralização. Como preparação dos jovens para a cidadania, as escolas estão cada vez mais proporcionando debates sobre a questão ambiental, seja através de seminários, palestras ou aulas práticas, todos eles sobre o tratamento de resíduos gerados (Mól e Machado, 2008). Tendo em vista a relevância do tema, neste trabalho apresentamos o projeto de gerenciamento de resíduos que foi desenvolvido com alunos do Ensino Médio oportunizando os conteúdos didáticos desenvolvidos.
Material e métodos
Este trabalho foi desenvolvido com os alunos do curso técnico integrado de edificações e com os alunos de iniciação científica do Lab. de Pesq. e Ens. em Nanociências (LPEN) do IF SUDESTE MG – JF. O Tema Gerenciamento de resíduos foi introduzido nas aulas práticas de química geral, ministradas aos alunos do curso técnico integrado de Edificações a partir do trabalho de pesquisa de implementação do gerenciamento de resíduos desenvolvido por alunos bolsistas de treinamento profissional do curso técnico de Metalurgia, juntamente com bolsistas de iniciação científica, FAPEMIG, CNPq e do programa Jovens Talentos para Ciência do CNPq. O trabalho de elaboração do plano de gerenciamento de resíduos foi elaborado a partir de metodologias descritas por Jardin (2008) com adaptações. Na etapa inicial, foi realizado o levantamento de todos os resíduos que estavam estocados no LPEN bem como os resíduos que eram produzidos nas atividades de pesquisa e ensino de aulas práticas. Em seguida, todos os reagentes foram categorizados segundo sua classificação de risco e deu-se início ao tratamento de todos os rejeitos estocados no laboratório. Após esta etapa, iniciou-se a implementação do gerenciamento de resíduos com palestras e debates com os estudantes para uma conscientização sobre o destino correto do resíduo produzido e sua minimização. Na última etapa do trabalho foi destinada a criação de procedimentos para a destinação e o tratamento dos resíduos produzidos com a elaboração etiquetas para identificar os resíduos gerados a partir do diagrama de hommel. Também foram elaborados roteiros procedimentais com propostas metodológicas para cada aula prática que é desenvolvida para o curso técnico integrado de edificações.
Resultado e discussão
No início dos trabalhos verificou-se que os alunos do LPEN que trabalhavam com
pesquisa tinham preocupações com o descarte de alguns resíduos, em geral
contendo metais pesados, fazendo assim sua estocagem, enquanto que os alunos nas
aulas práticas não tinham a percepção dos riscos e problemas ambientais que seus
resíduos poderiam causar ao serem descartados no ambiente. Após a
contextualização do tema com os estudantes através de textos explicativos,
palestras, ciclos de questionários, e demonstrações ao final das aulas práticas
de como é possível fazer o tratamento dos resíduos e destiná-los corretamente
verificou-se uma mudança significativa da consciência ambiental. Durante a aula
prática de identificação dos componentes da pilha comum, após seis meses do
início das atividades, verificou-se que os alunos já demonstravam maior domínio
sobre o tipo de resíduos que estavam sendo gerados se posicionando de forma
participativa e coinsciente. As mudanças procedimentais nas aulas práticas
favoreceram a aprendizagem dos alunos reforçando conceitos previamente
desenvolvidos sobre reatividade, reações químicas, neutralização ácido-base e
separação de misturas além do conteúdo específico de cada atividade, melhorando
a prática docente e estimulando os alunos a se empatizarem mais na disciplina de
química.
Conclusões
A criação e elaboração do plano de tratamento de resíduos e rejeitos no Laboratório de Pesquisas e Experimentos em Nanociência proporcionou o tratamento dos resíduos sua diminuição e a melhoria nas condições de saúde e ambientais dos usuários do laboratório. Além disso, sua implementação nas aulas práticas de química geral contribuiu para uma aprendizagem significativa dos estudantes acerca dos problemas ambientais e dos conteúdos abordados pela disciplina de química.
Agradecimentos
IF SUDESTE MG – JF FAPEMIG CNPq Programa Jovens Talentos para Ciência do CNPq
Referências
AFONSO, J.C.; SOARES, T.R.S.; SILVA, A.F. Gestão de Resíduos de Laboratório: Uma Abordagem para o Ensino Médio. Química Nova na Escola. Vol. 32, N° 1 , p.37-42, 2010.
BRASIL, Ministério do meio ambiente -secretaria de recursos hídricos e ambiente urbano - SRHU/MMA - Guia para elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos, Brasília – DF, 2011.
JARDIM, W.F. Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de ensino e pesquisa. Química Nova, v. 21, n. 5, p. 671-675, 1998.
MARTINI JR., L.C.;GUSMÃO, A.C.F. Gestão ambiental na indústria. Rio de Janeiro: Destaque, 2003.
MÓL, G.S.; MACHADO, P.F.L. Resíduos e Rejeitos de Aulas Experimentais: O que Fazer? Química Nova na Escola. Vol. 29, p.38-41, 2008.
TEIXEIRA, C. E.; MORAES, S. L.; MOTTA, F. G.; SHIBATA, A. P.; Concepção de um Sistema de Gestão de Resíduos de Laboratório: Estudo de Caso de um Instituto de Pesquisa in Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, Ed. 7, p. 554-568, 2012.