Autores
Sales, L.B.V. (UFPE) ; Santos, E.F. (UFPE) ; Silva, E.T. (UFPE) ; Silva, C.D. (UFPE) ; Souza, A.P. (UFPE)
Resumo
Compreender a estrutura da matéria tem sido um desafio tanto para os alunos quanto para os professores do ensino médio, devido ao elevado grau de abstração dos conceitos associados a esse tema. No presente trabalho utilizamos um jogo didático como um recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem para os conceitos relacionados ao estudo do átomo. O jogo foi aplicado a 14 alunos do 1º ano do ensino médio da cidade de Gravatá – PE – que participam do Projeto de Ações Construtivas do Conhecimento Químico nas Escolas Públicas.
Palavras chaves
Jogo didático; ensino/aprendizagem; modelos atômicos
Introdução
Os conceitos de estrutura atômica e evolução dos modelos atômicos são fundamentais para o estudo da química, visto que toda matéria é constituída de átomos. Diversas pesquisas mostram que tanto alunos, quanto professores apresentam dificuldades em lidar com esse tema (SANTANA et. al., 2011). Welter (2011) diz que essa dificuldade deve ao fato de que estes assuntos são abstratos e que a maioria dos alunos tem dificuldade de visualizá-los. Na tentativa de minimizar essa problemática os professores tem buscado elaborar novos recursos didáticos que facilitem o processo de ensino/aprendizagem destes conceitos. Um dos recursos que vem auxiliando nesse processo são os jogos didáticos. A atividade lúdica tem o objetivo de propiciar o meio para que o aluno induza o seu raciocínio, a reflexão e consequentemente a construção do seu conhecimento (MOREIRA et. al., 2013). Cunha (2012) afirma que os jogos são constituídos por regras, orientada e intencionalizada pelo professor, que mantém um equilíbrio entre a função edu¬cativa (relacionada à apropriação do conhecimento) e a função lúdica (relacionada à diversão). Com base no exposto acima, este trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um jogo didático sobre estrutura da matéria e a evolução dos modelos atômicos. O trabalho foi desenvolvido com 14 alunos do 1º ano do ensino médio da cidade de Gravatá – PE – que participam do Projeto de Ações Construtivas do Conhecimento Químico nas Escolas Públicas, o qual é apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Material e métodos
O trabalho foi estruturado em duas etapas: produção e aplicação do jogo didático “Twister Químico – Estrutura da Matéria e Modelos atômicos”. O jogo produzido foi adaptado a partir da versão do jogo “Twister”. Ele era composto por duas roletas (uma contendo as partes do corpo e a outra contendo uma numeração referente a 20 dicas) e um tapete com dimensão de 1,65 m x 1,85 m. No tapete foram colocados círculos nas cores verde, amarela, azul e vermelha e em cada um continha uma resposta referente a uma dica (sobre o tema de estrutura atômica e modelos atômicos). Antes de aplicarmos o jogo os alunos responderam a um questionário contendo 13 questões abertas com o objetivo de verificar as concepções prévias dos mesmos a respeito do tema. Em seguida foi ministrada uma aula sobre estrutura atômica, para então aplicarmos o jogo. Para participar do jogo os alunos se dividiram em quatro grupos e cada um escolheu um jogador para representar o grupo no tapete. O primeiro jogador girou as roletas para selecionar as combinações e em seguida o grupo respondeu as dicas selecionadas. Quando acertavam a dica, o aluno escolhido para ficar no tapete colocava a parte do corpo selecionada em cima do círculo que continha à resposta. Quando erravam os outros participantes dos demais grupos tinham a chance de voltar à posição inicial do jogo. No final o grupo vencedor foi aquele que ficou sem cair nem encostar-se ao tapete. Por fim os alunos responderam novamente ao mesmo questionário do início das atividades e estes serviram de instrumentos de coleta de dados sobre as concepções prévias dos alunos.
Resultado e discussão
Os alunos foram bem receptivos ao jogo. Inicialmente mostraram-se envergonhados,
mas durante sua aplicação foram participativos e interessados mostrando que esse
instrumento pode deixar as aulas mais atrativas. Analisando os questionários
observamos que antes do jogo poucos alunos conseguiram responder corretamente
qual a constituição da matéria e como o átomo está organizado. Dos 14 alunos,
21,4% mencionaram em suas respostas que o átomo era formado por moléculas como
pode ser observado na fala do aluno A7: “ele é formado de moléculas, elétrons,
prótons e nêutron”. Após o jogo 78,5% dos alunos responderam corretamente sobre
a matéria ser formada de átomos. Sobre as partículas subatômicas após o jogo
92,8% dos alunos responderam a questão parcialmente correta, pois mencionaram
que o átomo continha cargas elétricas, mas não fizeram a relação do tipo da
carga com seu respectivo nome. Na abordagem sobre modelos atômicos, muitos
alunos se confundiram ao fazer a associação do modelo com o cientista que o
desenvolveu. Apenas 28,5% a fizeram corretamente e desses apenas 7,1% tentou
explicá-los. Acreditamos que uma das causas para que o rendimento tenha sido
baixo em algumas questões, após aplicação do jogo, foi que os alunos mostraram
estar desinteressados para responder o questionário. Sobre isso Zanon (2007,
apud Welter 2011) diz que mesmo em propostas didáticas que pressupõe a
participação dos alunos, há contradições e resistências. Contudo, foi possível
observar uma evolução na aprendizagem. Antes 57,1% dos alunos responderam
corretamente apenas 7,6% das questões do questionário inicial. Após o jogo houve
uma maior quantidade de acertos em que 57,1% dos discentes responderam
corretamente entre 30,7% a 69,2% das questões do questionário.
Conclusões
O trabalho contribuiu para melhoria do ensino-aprendizagem de conceitos sobre estrutura da matéria e modelos atômicos. O jogo didático mostrou-se ser um recuso facilitador do processo de ensino-aprendizagem, que permite dinamizar as aulas, despertar a curiosidade dos alunos para que os mesmo apropriem-se de conceitos.
Agradecimentos
CAPES, Espaço Ciência – Olinda PE, a UFPE/CAA.
Referências
CUNHA, M. B. Jogos no ensino de química: considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola, n 2, p. 92 - 98, 2012.
MOREIRA, F. B. F. et al. Trilha Atômica: Uma Maneira Diferente Para Melhorar o Ensino-Aprendizagem na Disciplina de Química. In: Congresso de Iniciação Cientifica do IFRN (CONGIC), 9, 2013, Currais Novos – Rio Grande de Norte. Anais. Currais 2013. p. 1388 – 1395.
SANTANA, K. V. R. et al. Modelos atômicos e estrutura celular: uma análise das ideias dos estudantes de química do Ensino Médio. Revista de Ensino de Ciências e Matemática v. 2, n. 2, p. 110-122, jul/dez 2011.
WELTER, S. Q. Utilização de Massa de modelar como um recurso didático para uma melhor aprendizagem da evolução dos modelos atômicos. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2011.