Autores
Santos, Y.D.R. (IFAL) ; Silva, V.N.T. (IFAL)
Resumo
O presente trabalho descreve a metodologia utilizada no minicurso de produção de bioplásticos biodegradáveis, o qual foi desenvolvido no IFAL – Campus Maceió. Seu principal objetivo é a realização de uma aproximação didática, intuitiva e substancial à bioquímica e química orgânica, valendo-se de um procedimento experimental correlato. Os alunos envolvidos apresentavam um conhecimento básico, mas à medida que os métodos de ensino foram aplicados, foi observada uma ampliação e estruturação rígida do conhecimento sobre os tópicos abordados, os quais foram adequadamente contextualizados e exemplificados. É meritório citar a temática do bioplástico, pois ela é participante de uma questão bastante recorrente atualmente: a preservação ambiental.
Palavras chaves
Bioquímica; Química orgânica; Ensino
Introdução
A abordagem teórica e prática acerca de conceitos relacionados à química, para ser efetivada no processo de aprendizagem, precisa ocorrer de forma contextualizada e intuitiva. É evidente que tais características estão ausentes, em boa parte, na formação do estudante brasileiro do ensino médio. Com relação à bioquímica e química orgânica, áreas de caráter potencialmente interdisciplinar, existe uma restrição ainda maior associada à abrangência e ao contexto empregado (CORREIA et al., 2003; MORIN, 2002). Posto isso, uma ferramenta eficaz para assimilação de conteúdo é a realização de experimentos químicos. A produção de bioplásticos biodegradáveis se apresenta como uma interessante via experimental, pois ela permite a aproximação aos conteúdos vistos em bioquímica/química orgânica, além de construir uma percepção sóciocientífica útil e aplicável ao meio ambiente. Certos temas como sustentabilidade, biodegradabilidade, preservação de ecossistemas, manutenção do equilíbrio ecológico, naturalmente ficam em evidência, juntamente com uma visão biomolecular dos processos químicos envolvidos. O ensino que inter-relaciona e faz um encadeamento desses tópicos pode proporcionar um modo expressivo e prático de aprendizagem, visto que os mesmos estão devidamente contextualizados. Dessa forma, o presente trabalho visa estabelecer, através de um minicurso de extensão ministrado aos alunos do IFAL - Campus Maceió, um ambiente laboratorial no qual haja uma conversação embasada em observações experimentais e teóricas, a fim de consolidar o conhecimento e entendimento sobre as mais variadas questões que envolvem a bioquímica e a química orgânica.
Material e métodos
O minicurso foi desenvolvido no Laboratório de Química Orgânica/Analítica do IFAL – Campus Maceió. Primeiramente, os alunos assistiram a aulas estritamente teóricas sobre a importância da sustentabilidade e do uso de materiais biodegradáveis, havendo plena exposição de exemplos cotidianos, como o descarte exacerbado de plásticos de origem petroquímica e seus possíveis efeitos. Também houve explanação de tópicos da bioquímica, como a síntese de biomoléculas nos vegetais, biodegradação enzimática por fungos e bactérias, estrutura dos carboidratos, entre outros. Com relação à química orgânica, foram estudados assuntos como a acidez e basicidade de compostos orgânicos, funções orgânicas, polímeros, reações de condensação, etc., conjuntamente com exemplos práticos e contextualizados. Posteriormente, os alunos foram orientados na execução do procedimento de produção do bioplástico. Eles formaram grupos, os quais prepararam sistemas sob aquecimento e agitação. Nestes, béqueres foram utilizados como recipientes dos seguintes produtos: água destilada, amido de milho industrial (maisena), suco extraído do limão e glicerina. O aquecimento de tal mistura ocasionou a formação de um gel, o qual foi depositado em placas de vidro que foram colocadas para secagem em temperatura ambiente. Após a etapa de secagem, eles puderam observar o bioplástico biodegradável. Analisaram-se os bioplásticos obtidos, abordando os tópicos das aulas teóricas e as observações experimentais feitas no processo de produção, como o aumento de viscosidade da mistura e sua relação com os carboidratos poliméricos que constituem o amido de milho.
Resultado e discussão
Observou-se que a metodologia empregada resultou em uma melhor assimilação de conteúdo pelos alunos. Estes ampliaram seus conhecimentos sobre as implicações e benefícios associados às atividades realizadas no minicurso. Além disso, eles tiveram várias questões teóricas elucidadas, principalmente as de química orgânica. Isso ocorreu devido à contextualização feita, à abordagem molecular e às observações experimentais, as quais permitiram um pleno entendimento do assunto (OLIVEIRA et al., 2012; ROQUE e SILVA, 2008). Tópicos como a acidez de compostos orgânicos e funções orgânicas foram os mais citados. A bioquímica dos carboidratos que constituem o amido (amilose e amilopectina) assumiu papel importante no esclarecimento das propriedades biodegradativas dos plásticos obtidos. Com relação às características mecânicas e elásticas, é pertinente salientar a participação da glicerina no processo, pois ela atua como plastificante (YU et al., 1996). Isso abriu caminho para discussões envolvendo as interações moleculares que ocorreram entre a amilose/amilopectina, a glicerina, a água e o ácido cítrico do limão.
Conclusões
Através da abordagem descrita neste trabalho verificou-se que os alunos passaram a compreender, de forma aplicada e contextualizada, os temas pertencentes à bioquímica, química orgânica e ecologia. Assim, a metodologia desenvolvida se apresentou, satisfatoriamente, como um mecanismo que elucidou e consolidou o conhecimento dos tópicos discutidos.
Agradecimentos
Ao IFAL, pelo suporte estrutural e financeiro.
Referências
CORREIA, P. M. N. et al. A Bioquímica como Ferramenta Interdisciplinar: Vencendo o Desafio da Integração de Conteúdos no Ensino Médio. Revista Química Nova na Escola, nº 19, p. 19-23, 2004.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ª ed. Trad. C.E.F. Silva e J. Sawaya. São Paulo: Cortez, p. 35-46, 2002.
OLIVEIRA, G. O uso da cotidianização como ferramenta para o ensino de química orgânica no ensino médio. Encontro Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia. Universidade Estadual da Paraíba, 2012.
ROQUE, N. F.; SILVA, J. L. P. B. A linguagem química e o ensino da química orgânica. Revista Química Nova, nº 4, p. 921-923, 2008.
YU, J.; GAO, J.; LIN, T. Biodegradable thermoplastic starch. Journal of Applied Polymer Science, nº 9, p. 1491-1494, 1996.