Autores
Santos, E.F. (UFPE) ; Sales, L.B.V. (UFPE) ; Silva, C.D. (UFPE) ; Silva, E.T. (UFPE) ; Oliveira, M.H.S. (UFPE) ; Souza, A.P. (UFPE)
Resumo
Este trabalho utilizou à história da química, em especial, a história da tabela periódica, como ferramenta para o ensino e aprendizagem de conceitos químicos na sala de aula. O mesmo foi aplicado a 24 alunos do 1° ano do ensino médio que participam do Projeto Ações Construtivas do Conhecimento Químico nas Escolas Públicas na cidade de São Caetano - Pernambuco. O trabalho teve como objetivo identificar as concepções prévias dos alunos sobre ciência e avaliar a contribuição da abordagem histórica da tabela periódica na compreensão de conceitos químicos. Essa abordagem possibilitou uma maior motivação e ajudou na construção de conceitos, na organização do pensamento dos alunos quanto à evolução da tabela periódica.
Palavras chaves
História da química; Tabela Periódica; Aprendizagem
Introdução
A inclusão da História da Ciência no ensino tem razões fundamentadas na Filosofia e Epistemologia e a própria concepção de ciência adotada interfere na seleção e abordagem dos conteúdos. Considera-se que a inclusão de conteúdos de História, Filosofia e Sociologia das Ciências nos currículos, pode contribuir para a humanização do ensino científico, facilitando a mudança de concepções simplistas sobre a ciência para posições mais relativistas e contextualizadas sobre esse tipo de conhecimento (LUFFIEGO et al., 1994; HODSON, 1985; apud OKI E MORADILLO , 2008,p. 69). De acordo com Buza et al. (2012) a História da Ciência pode contribuir para haja uma melhora na aprendizagem durante as aulas, pois a mesma possibilita inserir os conceitos científicos dentro de uma realidade humana. Além disso, valoriza a ciência como uma construção humana, não apenas mostrando os aspectos positivos, mas também que a ciência não é considerada uma verdade absoluta. A abordagem da história da Química é indispensável para a compreensão do desenvolvimento das teorias; é preciso que seja trabalhado durante as aulas os contextos históricos nos quais conceitos químicos foram construídos e substituídos em função de novas descobertas (CEBULSKI e MATSUMOTO, 2008). No entanto, as aulas não devem ser pautadas em biografias dos cientistas, fatos históricos ou simplesmente estudar datas e nomes. Segundo Machado e Mortimer (2007, apud Barboza 2013 et al.) o conhecimento não é transmitido, mas construído ativamente pelos indivíduos; aquilo que o sujeito já sabe influencia na sua aprendizagem. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi identificar as concepções prévias dos alunos sobre ciência e avaliar a influência da abordagem histórica da tabela periódica na compreensão de conceitos químicos.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido com 24 alunos do 1° ano do ensino médio da cidade de São Caetano – PE. Os quais fazem parte do Projeto Ações Construtivas do Conhecimento Químico nas Escolas Públicas, vinculado ao Espaço Ciência/Olinda- PE. Foram utilizadas duas aulas, neste caso, dois sábados com duração de 3h cada aula. Inicialmente, foi aplicado um pré-teste com oito perguntas abertas, com propósito de avaliar o conhecimento prévio dos alunos. Em seguida foi dada uma aula expositiva e dialogada, abordando a história da tabela periódica com os seguintes cientistas e modelos: John Dalton elaborou uma lista com os elementos químicos organizados em ordem crescente de massa atômica. Johann Wolfgang Dobereiner criador da Lei das Tríades. Alexandre- Émile Béguyer de Chancourtois criador do modelo de Parafuso Telúrico. John Alexander Reina Newlands criador do modelo de Lei das Oitavas. Dmitri Ivanovich Mendeleev criador da primeira versão da tabela periódica dos elementos químicos. E por fim Henry Gwyn Jeffreys Moseley com a atual organização da tabela. Após oito dias foram aplicadas as mesmas questões referentes ao pré-questionário (pós-teste), com intuito de avaliar a evolução na aprendizagem conceitual dos alunos. O corpus de análise envolveu o conjunto de respostas dos questionários aplicados antes e depois das aulas.
Resultado e discussão
Durante a aula expositiva e dialogada os alunos apresentaram bastante interesse
e atenção na história da tabela periódica. Segundo Matthews (1995) não existe a
intenção de se substituir o conteúdo das ciências pelo de História e Filosofia
da Ciência. Deve haver uma combinação entre o conteúdo em si e seus aspectos
histórico filosóficos, de modo que um se apoie no outro. Assim, a abordagem
histórica da química deve ser utilizada como um instrumento de ensino. A partir
da análise do pré-teste identificamos que antes da aula os alunos não
conseguiram responder todo o questionário. Onde 55% dos alunos responderam
apenas duas das questões. Na análise do pós-teste constatamos que houve evolução
significativa na aprendizagem dos alunos. Visto que 60% conseguiram responder
todas as questões. Destacamos três das questões em quem nenhum aluno havia
respondido no pré-teste e foram respondidas corretamente entre 50% e 60% dos
alunos. Como a Q3 (Quais os principais modelos propostos para a organização da
tabela periódica até a atual? Descreva suas vantagens e limitações.) os alunos
lembraram principalmente do Modelo das Tríades e Lei das Oitavas. Na Q5 (O que
você entende por periodicidade?) 50% dos alunos responderam que periodicidade é
a algo que se repete em intervalos regulares. A Q6 (Qual a diferença entre massa
atômica e número atômico?) 55% responderam que “Número atômico é o número de
prótons e massa atômica é a soma dos prótons e nêutrons”.
Conclusões
Observamos que a inserção da história da química no estudo da tabela periódica contribuiu positivamente para a aprendizagem dos conceitos químicos por parte dos alunos. Além disso, possibilitou aos alunos um melhor entendimento da ciência- química e da sua evolução ao longo do tempo. Promovendo desse modo, uma percepção de que a ciência não é algo pronto, acabado, mas que evolui e que é resultado de descobertas de vários cientistas.
Agradecimentos
CAPES, Espaço Ciência – Olinda PE, a UFPE/CAA.
Referências
BARBOZA, L. M. V. et al. Estratégia de ensino e aprendizagem em química: dimensão histórica da disciplina de química. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EDUCERE, 11., 2013, Curitiba – Paraná. Anais. Curitiba: PUCPR, 2013. p. 15933- 15941.
BUZA, R. G. C. et al. O uso da história da ciência como estratégia metodológica para a aprendizagem do ensino de química e biologia na visão dos professores do ensino médio. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces, Volume 5, p. 1-12, 2012.
CEBULSKI, E. S.; MATSUMOTO, F. M. A história da Química como Facilitadora da Aprendizagem do Ensino de Química. Portal Educacional do Estado do Paraná. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2035-8.pdf Acesso em 27 de maio de 2014.
MATTHEWS, Michael R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v.12, n.3, p.164-214, 1995.
OKI, M. C. M.; MORADILLO, E. F. O Ensino De História da Química: Contribuindo para a Compreensão da Natureza da Ciência. Ciência & Educação, v. 14, n. 1, p. 67-88, 2008.