Autores

Ramires Silva, (UFPE) ; Tatiano da Silva, J. (UFPE) ; Rodrigo Silva Gomes, M. (UFPE) ; Adriano Santos da Silva, F. (UFPE)

Resumo

Neste trabalho investigamos como os alunos do curso de Licenciatura em Química do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE se posicionam sobre aspectos que tratam de ensino, aprendizagem, avaliação e contextualização. Como instrumento de coleta de dados utilizamos uma entrevista estruturada a partir de um questionário composto por quatro perguntas subjetivas. Verificamos que a maior parte dos partícipes apresentam concepções inerentes a literatura, enquanto uma minoria tem uma posição incoerente, apresentando assim, explicações vagas, fragmentadas e imprecisas.

Palavras chaves

Ensino de química; Avaliação; Contextualização

Introdução

Diante dos desafios impostos à Educação Básica, faz-se necessário refletir sobre as ações que podem con¬tribuir com a sua melhoria tanto para o alcance dos objetivos educacionais quanto para atender às necessidades e aos interesses da comunidade na qual a escola está inserida. Diante desse fato, a Educação Química apresenta-se como conhecimento escolar importante para a formação dos alunos nas mais variadas dimensões. Para tanto, destacam-se os debates sobre o papel da avaliação e da contextualização como instrumentos a favor da formação dos alunos. Muitos veem a avaliação como indicadora do desenvolvimento cógnito dos alunos no ensino de química. Para Maceno e Guimarães (2013b), a avaliação perpassa pela produção de sentidos para os sujeitos das realidades avaliadas, estimulando-os à melhoria do ensino, destaca-se a relevância da contextualização nas aulas. Maceno e Guimarães (2013a) destacam que grande parte dos professores entende a contextualização como uma descrição científica de fatos e processos do cotidiano do aluno. Dessa forma, para Wartha, Silva e Bejarano (2013) a contextualização consiste em realizar ações buscando estabelecer a analogia entre o conteúdo da educação formal ministrado em sala e o cotidiano do aluno ou de sua carreira, de maneira a facilitar o processo de ensino-aprendizagem pelo contato com o tema e o despertar do interesse pelo conhecimento com aproximações entre conceitos químicos e a vida do indivíduo. Considerando essas observações, este trabalho teve como objetivo levantar concepções dos Licenciandos em Química acerca (i) do que é ensinar química na Educação Básica e (ii) de quando os alunos da Educação Básica realmente aprendem os conteúdos de química, destacando nesse contexto o papel da avaliação e da contextualização.

Material e métodos

Nesta pesquisa, foram indagadas e estudadas as representações de Licenciandos em Química da UFPE/CAA acerca do que é ensinar química na Educação Básica e de quando os alunos nesse nível de ensino realmente aprendem os conteúdos dessa disciplina, destacando nesse contexto o papel da avaliação e da contextualização. Participaram licenciandos que estavam do 5º ao 9° período do curso. Como instrumentos de coleta de dados, fizemos uma entrevista utilizando um questionário estruturado composto por quatro questões subjetivas,representadas com a simbologia Q1, Q2, Q3 e Q4. Objetivando-se validar o questionário aplicado, foi utilizada uma análise fenomenológica de caráter nomotética para verificação das respostas (consonâncias e dissonâncias) conforme a literatura, para averiguar e discutir os resultados. As perguntas do questionário foram: Questão 1. Para você, o que seria ensinar química na Educação Básica? Questão 2. Para você, quando os alunos da Educação Básica realmente aprendem os conteúdos de química? Por quê? Questão 3. Para você, qual é o papel da avaliação? Questão 4. O que você entende por contextualização?

Resultado e discussão

Os resultados apontam que na Q1 todos os entrevistados têm concepções similares e falam sobre uma forma de ensino mais contextualizada e utilização de uma metodologia que se adeque cada vez mais com o cotidiano dos alunos, de forma a promover uma maior compreensão dos assuntos ao mesmo tempo em que se destaque a importância do conhecimento química à sociedade. Na indagação realizada na Q2, 67% dos entrevistados consideram que aprender os conteúdos de química equivale a conseguir relacioná-lo com o cotidiano e a vivência em sociedade. Também foi ressaltado por 16,5% que aprender química está atrelado a conseguir resolver situações não apenas teórica (exercícios), mas práticas do dia-a-dia. Vimos ainda que, equivocadamente, 16,5% dos entrevistados destacam que o ensino envolve a compreensão ou aprendizagem apenas teórica dos conceitos. Quando arguidos sobre o papel da avaliação, conforme Q3, 67% dos entrevistados concebem a avaliação como instrumento para verificar as dificuldades de aprendizagem dos alunos, a reestruturação das estratégias de ensino, e como meio de verificar o conteúdo que foi aprendido, de forma a demonstrar que a avaliação não envolve um momento pontual no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, 33% dos entrevistados concebem a avaliação apenas como um momento pontual para verificar o nível de aprendizagem dos conteúdos. Para a Q4, percebemos que 2/3 dos entrevistados possuem a mesma concepção sobre contextualização, bastante semelhante àquela defendida nos estudos diversos. Assim, 67% dos entrevistados apontam que contextualizar é relacionar os conceitos teóricos da química com o cotidiano. Entretanto, 33% defendem que contextualização remete apenas a apresentação de exemplos do conhecimento específico aos alunos antes desse ser explicado.

Conclusões

A partir do levantamento feito nesse estudo, concluímos que as novas teorias e propostas de ensino de química que estão sendo destacadas nos estudos contemporâneos têm grande influência sobre as concepções e formação dos licenciandos, pois, de modo geral, nota-se que os entrevistados possuem um pensamento de produzir aulas que estejam ligadas ao cotidiano dos alunos, fazer com que o papel da escola e da química esteja presente cada vez mais fortemente no âmbito social, usar avaliações diversificadas, sendo tais concepções mais desenvolvidas nos partícipes dos semestres mais avançados.

Agradecimentos

Prof° Fábio Adriano Santos da Silva, ao Núcleo de Formação docente UFPE/CAA e aos licenciandos que participaram da pesquisa.

Referências

HOFFMANN, J. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação: 2001.

MACENO, N. G.; GUIMARÃES, O. M. A Inovação na Área de Educação Química. Química Nova na Escola. Vol. 35, n° 1, p. 48-56, Fevereiro 2013a.

MACENO, N. G.; GUIMARÃES, O. M. Concepções de ensino e de avaliação de professores de química do ensino médio. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciências. Vol. 12, nº 1, p. 24-44, 2013b.

WARTHA, E. J.; SILVA, E. L; BEJARANO, N. R. R. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Química Nova na Escola. Vol. 35, n° 2, p. 84-91, Maio 2013.