Autores
Araujo, A.M.L. (IFPI) ; Machado, I.C.P. (IFPI) ; Leal, N.J.S. (IFPI) ; Rodrigues, S.S. (IFPI) ; Sousa, J.A. (IFPI)
Resumo
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida em uma escola municipal de ensino fundamental em Picos/PI. Teve como objetivo avaliar o processo de ensino/aprendizagem de alunos com necessidades especiais educacionais, na disciplina de Ciências que incluam conteúdos de Química. Trata- se de um estudo de caso desenvolvido em uma turma do nono ano. Aplicou-se três questionários a professores, gestores, e a vinte estudantes. Concluímos que o município recentemente iniciou o processo de inclusão, porém de forma ainda muito tímida e que as escolas não possuem infra-estrutura e quadro de funcionários qualificado para o atendimento aos os estudantes com necessidade educacionais especiais. Avaliamos também que a prática pedagógica desenvolvida não atende às necessidades dos alunos.
Palavras chaves
ensino da química; Educação inclusiva; Didática
Introdução
Atualmente, no Brasil e no mundo, é cada vez maior o número de pesquisadores e educadores interessados na discussão sobre a integração de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. A inclusão impõe mudanças de perspectiva educacional, pois não se limita a aqueles que apresentam deficiências, mas se estende a qualquer aluno que manifeste dificuldade de aprendizagem na escola. O movimento de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular tem sido impulsionado após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de nº 9394, promulgada em 1996, que impôs a reestruturação da escola para que esta atenda a todos os alunos. Para tanto, a escola deve adaptar-se às particularidades de todos os alunos, independentemente do seu ritmo de aprendizagem, revertendo-se em beneficio para os alunos, para os professores e para a sociedade geral. A utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas pode ser pensada como um recurso, que possibilita o acesso de todos os alunos ao conhecimento como elemento facilitador para efetivar com qualidade o processo de inclusão escolar. Como se dá o processo de ensino e aprendizagem do ensino da química incluídos no nono ano do ensino fundamental, na escola pública municipal na cidade de Picos, no Piauí e se as escolas que atendem aos estudantes com necessidades educacionais especiais estão preparadas para desenvolverem práticas pedagógicas, na disciplina de Ciências, que atendam às especificidades desses estudantes, constituíram-se as questões desta pesquisa.
Material e métodos
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida na Unidade Escolar Landri Sales nas turmas do 9º ano do ensino fundamental, escola de rede municipal do município de Picos, Piauí, caracterizando-se como um estudo de caso. A mesma foi escolhida por ser a única instituição de ensino da rede estadual que atendem, na perspectiva da inclusão, alunos com necessidades educacionais especiais. Além disso, a escola possui também uma sala multifuncional que funciona como um local onde educadores itinerantes transpõem os materiais didático, quando possível, de acordo com as necessidades dos alunos incluídos, em braile ou em forma de som. Fora aplicados três questionários, um para três professores itinerantes (um tradutor de libras e dois conhecedores de braile) e a uma professora da disciplina de Ciências; outro para a diretora Geral da escola; e, por último, um para os vinte estudantes incluídos, sendo a um regularmente matriculados na própria escoa e a dezenove de outras escolas da rede. Os dados coletados foram tabulados e analisados a partir da análise de conteúdo de Bardim (2012).
Resultado e discussão
O município de Picos, apesar da LDB 9394/96 já sinalizar para a inclusão de
alunos com necessidade educacionais especiais, recentemente iniciou o processo
efetivo de inserção a esses alunos, porém de forma muito tímida, não atendendo
às regulamentações que regem essa questão. Apesar de ter 17 escolas da rede
municipal, apenas uma trabalha a inclusão, e nesta apenas um aluno especial está
matriculado no nono ano do ensino fundamental, os demais alunos que frequentam a
sala multifuncional, todos do ensino fundamental, vêm de outras escolas para
serem atendidos na sala multifuncional, em dias e horários pré-estabelecidos. A
instituição conta com uma sala de recursos multifuncionais, a qual se propõe
atender a todas as necessidade especiais dos alunos da rede municipal, porém de
forma complementar às atividades regulares de sala de aula, sendo que a infra-
estrutura das escolas em geral é deficitária e a maioria dos professores não tem
qualificação específica para o atendimento a esses alunos. Tanto os gestores,
quanto os professores, afirmaram que a escola ainda tem muito o que melhorar no
atendimento aos estudantes, porém, a rede vem avançando nessa questão, embora os
professores de química não tenha capacitação para atender a esses alunos. Todos
os estudantes entrevistados afirmaram que têm dificuldades de aprender química
nas aulas de ciências, em especial pelo professor não desenvolver a prática
pedagógica que atenda as suas especificidades, porém a dificuldade maior é, para
os estudantes das outras escolas, não terem, muitas vezes, como e nem com quem
ir à escola. Quanto à aprendizagem de química nas aulas de ciências, todos os
estudantes afirmaram que aprenderiam melhor se as aulas fosses mais práticas e
se os professores fizessem uso do computador.
Conclusões
A prática pedagógica para o ensino das Ciências/Química nas escolas do ensino fundamental na perspectiva da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, ainda tem muito que mudar. A perspectiva da inclusão na escola deve ir além das necessidades especiais, de forma que todos os que não aprendem, aprendam. Muitas são as dificuldades, que são ampliadas quando esses possuem alguma deficiência, porém, pouco é feito para que a escola incluam todos. Para que haja mudança efetiva, é necessário que se invista também em capacitações que levem a escola a uma cultura de inclusão plena.
Agradecimentos
A Deus sem ele nada faz sentido, e a professora Iracema da Costa p. Machado por sua dedicação e paciência.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 3 reimp. São Paulo: Edições 70, 2012.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.