Autores
Pinheiro, J.A. (NUTEC) ; Marinho, M.M. (UECE) ; Castro, R.R. (UECE) ; Marinho, E.S. (UECE)
Resumo
Os programas de avaliação implementados pelo governo brasileiro, tem demonstrado a importância de trabalhar o processo de ensino e aprendizagem montado de acordo com as competências e habilidades. Neste artigo procurou-se de forma quantitativa, identificar a utilização do índice de deficiência de Hidrogênio (IDH), para dedução da fórmula molecular, sob a perspectiva dos professores de Química do ensino médio da rede particular de Fortaleza (Ce), concluindo uma boa aceitação dessa técnica, norteando ainda a necessidade de se ampliar os estudos de novas técnicas que permitam incrementar o processo de desenvolvimento de habilidades por parte dos alunos.
Palavras chaves
Ensino de Química; Habilidades; IDH
Introdução
Competências se constituem num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitam alguém para vários desempenhos da vida; as habilidades se ligam a atributos ao saber-fazer, saber-conviver e ao saber-ser; as competências pressupõem operações mentais, capacidades para usar as habilidades, emprego de atitudes, adequadas à realização de tarefas e conhecimentos (BRASIL, 1998,2005). No ENEM, a avaliação de Ciências da natureza, engloba a competência de domínio de linguagem relacionada a área 7 (Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas), competência esta que reforça a necessidade de o estudante compreender modelos, teorias, linguagem, conceitos específicos da Química, de maneira integrada e não fragmentada. Dominar os conhecimentos da Química significa compreender principalmente a essência dessa área de conhecimento, que se apoia em três pilares: um olhar atento para os materiais, sua constituição, suas transformações e as energias envolvidas, bem como as relações com o desenvolvimento tecnológico, socioambiental e ético; o uso de modelos e teorias, historicamente construídas pelos cientistas, para explicar esses materiais, suas transformações e as energias envolvidas; o entendimento e a utilização das representações simbólicas (fórmulas, símbolos, equações) e da linguagem própria dessa ciência. Esta competência abrange a habilidade 24 (Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas). O objetivo deste trabalho é quantificar a utilização do índice de deficiência de Hidrogênio (IDH), por professores do ensino particular no tocante ao desenvolvimento da H 24 de ciências da natureza.
Material e métodos
De acordo com KLEMM (1995) a determinação da fórmula estrutural de uma substância orgânica requer um conjunto de informações que envolvem propriedades químicas e físicas. O cálculo do IDH pode ser feito por mais de um método, destacando-se: a) pela aplicação da expressão : IDH = (C - M/2) + T/2 + 1, C = número de átomos de carbono; M = número de átomos monovalentes e T = número de átomos trivalentes. Segundo as regras referidas por KLEMM (1995), com base na comparação entre as fórmulas da substância desconhecida e o correspondente hidrocarboneto saturado (alcano): substituir todos os átomos monovalentes (halogênios) por hidrogênio; desconsiderar os átomos bivalentes (oxigênio e enxofre); excluir os átomos trivalentes junto com um hidrogênio (nitrogênio como NH e fósforo como PH) e comparar com a fórmula geral dos hidrocarbonetos saturados(CnH2n + 2)(Figura 1). O estudo se classifica como descritivo e reflexivo, cuja natureza é quantitativa. Tem ainda como proposta o estudo de caso e levantamento de dados, utilizando como técnica de coleta de dado a entrevista. A população do estudo abrange 18 professores de química do ensino médio, pertencentes a rede particular de ensino, situados na cidade de Fortaleza (Ce).
Resultado e discussão
Ao trabalhar a dedução da formula molecular, através da formula estrutural,
permite ao aluno desenvolver a habilidade de utilizar códigos da química para
caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas. Os professores
de química, tradicionalmente deduzem a formula molecular, identificando os
átomos de carbono, acrescentando os átomos de H, e contando todos os átomos. A
utilização do IDH, permite a dedução dessa formula, utilizando as
características desse composto. Observando o Gráfico 1, podemos observar que
apenas 39% utilizam o IDH, que 11% conhecem mas não utilizam e que 50% não
conhecem a técnica de utilizar o IDH para dedução da formula molecular. Com
relação aos que não utilizam, quando perguntados, informaram que conhecem o IDH,
pois tinham adquirido este conhecimento quando cursaram a disciplina de Química
Orgânica, no curso de graduação, mas que sua utilização era restrita apenas a
interpretação de espectros. Quando questionados na possibilidade de utilizar o
IDH, como ferramenta para determinação de formula molecular, afirmaram a
intenção de estudar para utilizar. Sendo que um professor, acredita que é muito
mais fácil, para o aluno contar os átomos, do que utilizar o IDH.
Figura 1: Exemplos de cálculo de IDH adaptado de LOPES e FASCIO (2004)
Gráfico 1: Percentual de conhecimento e utilização de IDH, na dedução de fórmula molecular.
Conclusões
Diante da perspectiva de utilização de competências e habilidades, a utilização de técnicas que otimizem o processo de desenvolvimento dessas habilidades, trazem a necessidade de se utilizar conhecimentos, antes associados ao nível superior, para o cotidiano escolar. A utilização do IDH para a identificação da formula molecular, demostra ser de grande importância para desenvolver no aluno a habilidade de utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Agradecimentos
Á coordenação do curso de licenciatura em química da FAFIDAM/UECE.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Enem: documento básico. Brasília, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio TeixeiraI(INEP). Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): fundamentação teórico-metodológica. Brasília, 2005.
LOPES,W. A.; FASCIO,M.; Esquema para interpretação de espectros de substâncias orgânicas na região do infravermelho. Quim. Nova, Vol. 27, No. 4, 670-673, 2004
MACEDO, L. de. Competências e habilidades: elementos para uma reflexão pedagógica.In: BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio(Enem): fundamentação teórico-metodológica. Brasília, 2005a.
Kleman, L. H.; J. Chem. Educ. 1995, 72, 425.