Autores
Araújo, C.M. (IFPI) ; Sales, W.J.H. (IFPI) ; Nascimento, M.A. (IFPI) ; Nascimento, M.C. (IFPI)
Resumo
Os altos índices de evasão e retenção em cursos de Licenciatura em Ciências exatas vem sendo amplamente debatidos na literatura. Esta pesquisa é resultado das atividades desenvolvidas pelo PIBIC (Programa de Bolsas de Iniciação Científica) do IFPI – Campus Parnaíba. Tem como objetivo investigar o perfil ocupacional dos alunos do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/Campus Parnaíba, buscando analisar as dificuldades encontradas pelos alunos que trabalham e estudam. Trata-se de um estudo de caso, onde foi realizado aplicação de questionários, respondidos pelos discentes do módulo II e IV. Percebeu-se que a quantidade de alunos que estudam e trabalham é grande e políticas devem ser realizadas para suprir as necessidades desses alunos
Palavras chaves
PIBIC; Perfil ocupacional; Licenciandos em Química
Introdução
Atualmente existe uma preocupação em relação à diminuição da procura, principalmente dos jovens, pela profissão professor. A falta de profissionais em determinadas áreas da licenciatura e professores mal qualificados nos diversos níveis de ensino, vem sendo objeto de estudo em diversos artigos científicos e pela mídia. Tal fato pode ser observado na queda pela demanda das licenciaturas, no número de formandos e a mudança de perfil do público que busca a docência (GATTI et al, 2008; GATTI e BARRETTO, 2009). Um dos grandes problemas do Curso de Licenciatura em Química, são os altos índices de retenção e evasão. Isso se deve de certa parte, a grande quantidade de alunos que estudam e trabalham durante o curso e até mesmo no próprio horário das aulas. De acordo com o relatório divulgado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2006), a preocupação não é apenas atrair esses jovens para a profissão do magistério, mais também mantê-los na profissão docente. Esta realidade pode estar mudando, por uma valorização dos cursos de Licenciatura em Química, através de programas governamentais, como PIBIC (Programa de Bolsas de Iniciação Científica) e PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência).
Material e métodos
Os resultados foram obtidos através de uma pesquisa exploratória qualitativa/quantitativa utilizando questionário. Os participantes da pesquisa foram alunos do Módulo II e IV, do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI)/ Campus Parnaíba, sendo realizada entre os meses de outubro e dezembro de 2013. O artigo está organizado em torno das seguintes perguntas: Pergunta 1. Qual a sua ocupação atual? Pergunta 2. Qual o vínculo empregatício para os que trabalham e estudam? Pergunta 3. Qual a área de atuação para os que possuem vínculo empregatício? Pergunta 4. Para os que não possuem vínculo empregatício, mas trabalham. Trabalham em que? Pergunta 5. Qual a sua renda financeira? Pergunta 6. O horário de trabalho coincide com o horário de estudo? Pergunta 7. Qual a razão para trabalhar? As respostas das perguntas supracitadas foram transcritas e apresentadas/discutidas adiante.
Resultado e discussão
Os dados da Tabela 1, dos 30 participantes da pesquisa, 56,7% somente estudam e
43,3% estudam e trabalham. Lembrando que os alunos do Módulo II estudam a tarde
e do Módulo IV estudam à noite.Este resultado confirma ainda a presença do aluno
trabalhador e a necessidade de ações voltadas para esses alunos. Para conhecer
melhor esses estudantes que trabalham, foi perguntado qual a natureza do
trabalho que exerciam. Dos 13 alunos, 5 não tem vínculo empregatício, 6 possuem
vínculo empregatício, 1 respondeu ser estagiário e 1 não.
(tabela 1)
Quando questionados sobre se o horário de trabalho coincide com o horário de
estudo?. A maioria (46,2%) afirmam que os horários não coincidem;
23,1% afirmam que coincidem e 23,1% coincidem parcialmente. Já a respeito da
quantidade de horas trabalhadas por dia, é preocupante o fato de que 30,8%
trabalham de 4 a 6 horas por dia, 30,8% entre 6 e 8 horas por dia. Além de 15,3%
trabalham mais de 8 horas por dia. Isso evidencia a dificuldade enfrentada por
esses alunos durante as aulas, o que atrapalham o rendimento escolar.
(tabela 2)
Perguntados sobre a renda que possui, 40% afirmaram ganhar menos de 1 salário
mínimo; 10% um salário mínimo; 6,7% três ou mais salários mínimos.
Quando questionados sobre a razão para trabalhar: 53,8% afirmaram querer ter
independência financeira; 23,1% ajudar no sustento da família e 23,1% adquirir
experiência. Todos os alunos apontaram na questão de múltipla escolha apenas uma
razão para trabalhar. Pode-se perceber que boa parte dos alunos estão em busca
de sua independência financeira, mesmo estudando e podendo se dedicar ao curso
de forma integral, o que leva muitas vezes aos altos índices de retenção, pois
não se dedicam ao curso de forma adequada.
Ocupação atual
Horário de trabalho coincidem com o do estudo/ Horas de trabalho por dia
Conclusões
Os resultados permitem constatar que os alunos do Curso de Licenciatura em Química do IFPI, Campus Parnaíba, possuem a necessidade de trabalhar para ter sua independência financeira. Dessa forma é de fundamental importância propiciar meios para atrair mais jovens para a profissão docência, bem como propiciar meios para que os mesmos permaneçam no mercado de trabalho e desempenham a profissão professor. Resgatando o percurso de vida, os saberes e anseios dos futuros professores, que os caracterizam pessoal e profissionalmente, compreendendo suas expectativas após a graduação.
Agradecimentos
Agradecemos ao IFPI pela concessão da bolsa de PIBIC e aos alunos do Curso de Licenciatura em Química que contribuíram com as repostas dos questionários.
Referências
GATTI, B. A., BARRETTO, E. S. S. Professores: aspectos de sua profissionalização, formação e valorização social. Relatório de Pesquisa, DF: UNESCO, 2009.
GATTI, B. A. et al. Formação de professores para o ensino fundamental: instituições formadoras e seus currículos. Relatório de pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Fundação Vitor Civita, 2008.
OCDE. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Professores são importantes: atraindo, desenvolvendo e retendo professores eficazes. São Paulo: Moderna, 2006.