Autores
Crisostomo, L.C.S. (UECE) ; Fereira, M.P. (UECE) ; Marinho, M.M. (UECE) ; Castro, R.R. (UECE) ; Marinho, E.S. (UECE)
Resumo
O caráter abstrato dos conceitos químicos, atrela essa disciplina a experimentação para consolidar o processo de aprendizagem, relacionando aulas teóricas com aulas práticas, possibilitando assim um incremento no processo de aprendizagem. Inserindo materiais alternativos como instrumentos de ensino e aprendizagem, proporcionamos a construção do conhecimento de forma crítica sobre os temas ambientais. O objetivo deste trabalho foi o de identificar a percepção dos alunos de licenciatura em química, com relação a utilização de materiais de baixo custo e sua relação com os dogmas da educação ambiental (4R´s), obtendo resultados que mostram um impacto positivo nos alunos, principalmente, na construção das competências e Habilidades relacionadas ao meio ambiente.
Palavras chaves
Ensino de Química; Meio ambiente; Material Alternativo
Introdução
A experimentação no ensino de química, se torna uma ferramenta essencial para o sucesso no processo de ensino aprendizagem, uma vez que estimulam o interesse dos alunos em sala de aula, suscitando assim no estudante, o espírito critico, a curiosidade, a não aceitação de conhecimentos simplesmente transferidos (FRANCISCO Jr et al, 2008). A falta de laboratórios equipados e, em muitos casos, de espaço físico apropriado, acaba por limitar a possibilidade de realização de aulas experimentais em grande parte das instituições de ensino (SANTANGELO,2005). Embora atividades experimentais aconteçam pouco, tanto em espaços destinados para este fim ou mesmo nas salas de aula, a maioria dos professores acredita que esta pode ser a solução a ser colocada em prática, que auxiliaria na tão esperada melhoria do ensino de Química (SCHWAHN & OAIGEN, 2009). Podemos destacar que um laboratório não precisa ter equipamentos sofisticados, pode-se montar aparelhagens usando materiais acessíveis e baratos, e às vezes até mesmo “sucatas (SILVA & MACHADO, 2008), quanto mais simples e conceitual é o experimento ou protótipo, tanto mais instrutivo e atraente ele se torna” (SANTOS et al, 2005 ),pois passa a observar que materiais antes considerados lixos, podem ser reutilizados, para experimentação no ensino de química, trabalhando assim a educação ambiental de forma transversal, seguindo assim as orientações propostas nas diretrizes dos Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio (BRASIL, 2002). Este trabalho tem como objetivo identificar a percepção dos alunos de licenciatura em química, com relação a utilização de materiais de baixo custo e sua relação com os dogmas da educação ambiental (4R´s).
Material e métodos
O estudo se classifica como descritivo e reflexivo, tendo como proposta o estudo de caso, e utilizando dois questionários qualitativos como técnica de coleta de dados. O estudo foi realizado na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), Campus da Universidade Estadual do Ceará sediado em Limoeiro do Norte (CE), no qual é ofertado o Curso de Licenciatura Plena em Química. A população do estudo abrange 11 alunos desse curso, matriculados na disciplina de Química Geral II. A pesquisa foi realizada em 4 momentos: 1º) Aos alunos foi ministrada uma aula introdutória (expositiva) sobre destilação simples,; 2º) Utilizando a observação como metodologia de investigação, adotou-se a manipulação de um destilador construído com material de baixo custo (figura 1); 3º) Um questionário (Q1) de escala de valores (LIKERT,1932) foi aplicado aos alunos, com o qual se tentou conhecer a opinião dos mesmos em relação a utilização de materiais de baixo custo; 4º) Foi feito o relato do aluno monitor, que montou a prática, abrindo ao grupo a discussão do porquê do material de baixo custo e qual a sua implicação no processo de formação do estudante, seguido da aplicação de um questionário (Q2) onde se analisou a implicação dessa experimentação com relação aos dogmas da educação ambiental.
Resultado e discussão
A realização de experimentos, representa uma excelente ferramenta para que o
aluno faça a experimentação do conteúdo e possa estabelecer a dinâmica e
indissociável relação entre teoria e prática, (REGINALDO et al, 2012),
corroborando com essa ideia, nas respostas do Q1, concluímos que 100% concordam
que a prática aproxima mais a química do dia a dia dos alunos e que possuem um
impacto positivo no processo de aprendizagem. Quando questionados sobre a
utilização de materiais de baixo custo em relação a praticas com material
tradicional, 36,4% dos alunos preferiram não opinar, mas 45,4% acreditam que
esta pratica é mais atraente, e apenas 18,2% acreditam mais nas tradicionais.
100% dos alunos manifestaram que pretendem inserir práticas com materiais de
baixo custo na sua futura práxis educacional. Com relação ao incentivo dos
dogmas da educação ambiental , os 4 “Rs” (Reduzir, Reutilizar, Reciclar e
Repensar), o questionário Q2(GRÁFICO 1), demonstra que esse tipo de
experimento incentiva o aluno a repensar os seus hábitos e a reciclar os
materiais, e ainda gera um impacto significativo com relação a redução de
consumo e a reutilização de materiais, demonstrando assim, que a utilização de
material de baixo custo, incentiva de forma lúdica o desenvolvimento do aluno,
trabalhando o eixo cognitivo de domínio de linguagem, gerando no aluno a
capacidade de associar intervenções que resultam em degradação ou conservação
ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações científico-
tecnológicas, trabalhando assim a habilidade 8 (Identificar etapas em processos
de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais,
energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou
físicos neles envolvidos) MACEDO (2005).
Figura 1: Destilador montado com material de baixo custo.
Gráfico 1: Grau de importância do experimento associado aos 4 R´s.
Conclusões
No processo de aprendizagem é necessário propostas que leve o aluno a refletir, conectando os conhecimentos com o seu dia a dia. O experimento proposto foi empregado com sucesso, demonstrando ser possível utilizar equipamentos alternativos e de baixo custo em aulas de laboratório de química, contribuindo assim, como um forte instrumento pedagógico para professores que buscam reformular sua prática docente no dia-a-dia para, apoiando na melhoria do aprendizado, e impactando positivamente nos alunos, principalmente, na construção das competências e Habilidades relacionadas ao meio ambiente.
Agradecimentos
A coordenação do curso de licenciatura do curso de Química - FAFIDAM/UECE.
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN + Ensino Médio: Orientações educacionais complementares Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC, SEMTEC, 2002
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LIKERT, R. (1932), "A Technique for the Measurement of Attitudes", Archives of Psychology 140: pp. 1-55
MACEDO, L. de. Competências e habilidades:elementos para uma reflexão pedagógica.In: BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio(Enem): fundamentação teórico-metodológica.Brasília, 2005
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SILVA,R. R.; MACHADO,P. F. L.. Experimentação no ensino médio de química: a necessária busca da consciência ético-ambiental no uso e descarte de produtos químicos – um estudo de caso. Ciência & Educação, v. 14, n. 2, p. 233-249, 2008.