ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Rafaelle, K. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA-UEPB) ; Silva, V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA-UEPB) ; Sousa, E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA-UEPB) ; Oliveira Galdino, P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA) ; Kelly Barbosa Coelho, V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA) ; Roseane Targino de Oliveira, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA) ; Oliveira Galdino, P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA)
Resumo
Objetivou-se traçar o perfil dos derivados de frutas (doces) comercializados na tradicional feira livre do município de Campina Grande, PB. Para obtenção dos dados realizou-se uma pesquisa de campo, na feira livre de doces, com entrevistas de caráter exploratório estruturadas e semi-estruturadas, acompanhadas de registros fotográficos, conjuntamente a questionários elaborados, além da aplicação de um check–list. A pesquisa comprovou inúmeras irregularidades referentes às instalações físicas, aspectos higiênico-sanitários, procedimentos e equipamentos utilizados, os quais não estão apropriados para a distribuição de alimentos seguros. Diante desses aspectos, é necessário medidas de implementação de Programas de Boas Práticas de Manipulação nesses estabelecimentos.
Palavras chaves
Doce; higiênico-sanitária; check-list
Introdução
A alimentação é um fenômeno da natureza que no princípio da humanidade era direcionado fundamentalmente para saciar a fome e assegurar a sobrevivência. Ao longo de sua história,o homem foi percebendo que podia desenvolver a produção de alimentos;criar alimentos com diferentes sabores e mais atrativos do que na sua forma natural,introduzindo condimentos,aditivos químicos,corantes,e outros, desenvolvendo uma diversidade de preparações alimentares combinadas às etnias que se tornaram um fator de diferenciação cultural e ao mesmo tempo de identidade (GOUVEIA, 1999; MINTZ, 2001.Segundo Ricotto (2002),as feiras livres representam um fenômeno social que assegura a possibilidade de construção de uma sociedade diferenciada, baseada na democracia autêntica, com ênfase na autonomia de seus membros.Apesar do elevado número de pessoas envolvidas neste sistema de comercialização e da importância que possui é muito raro o desenvolvimento de pesquisas nesta área.E quando existem,orientam-se num sentido exclusivamente mercadológico,relegando aspectos econômicos,sociais e culturais que envolvem os feirantes e o público consumidores.As feiras livres de Campina Grande continuam ativas exercendo grande influência no cotidiano urbano,no entanto,estudos sobre as atividades comerciais continuam escassos.Diante dessa constatação,surgiram duas diferentes perspectivas,uma é a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre as feiras-livres e sua relação com as dinâmicas culturais locais,e a outra diz respeito à alimentação regional oriunda dessas feiras que contribuem para a exploração da pequena produção agrícola.De modo que,uma avaliação precisa sobre essas feiras de Campina Grande e os produtos nela comercializados vai incrementar os serviços de alimentação, a agroindústria artesanal.
Material e métodos
O estudo foi desenvolvido com base numa pesquisa de campo realizada na feira livre de Campina Grande- PB, junto aos distribuidores de doces. Inicialmente manteve-se contato com a administração geral do Mercado Central e a partir daí, as informações gerais sobre a feira foram obtidas. Em seguida realizou-se entrevistas de caráter exploratório semi-estruturada, conjuntamente com a aplicação de questionários elaborados com questões para respostas livres e abertas conforme indicado por Bello (2004). Acompanhando as entrevistas forma realizados registros fotográficos. Ainda junto aos distribuidores de doces foi realizado a aplicação de um check-list elaborado com base no modelo proposto pelo SENAC/DN (2004) para identificação das conformidades e não conformidades da atividade distribuidora de doces que serviu de base para as discussões sobre o aspecto da segurança alimentar.
Resultado e discussão
Os dados obtidos a partir da pesquisa de campo e da aplicação do check-list
foram analisados com base nos critérios da portaria 275/02 da SVS/MS, assim como
nos requisitos para implantação das Boas Práticas na Distribuição de Alimentos
recomendados pelo Programa Alimentos Seguros Distribuição (SENAC/DN, 2004).Os
doces em massa constituem a principal forma de produto disponível para
comercialização. Os produtos ficam dispostos diretamente em bandejas de alumínio
envoltas por filme plástico ou papel seda colocadas sobre bancadas, expostos ao
sol, poeira e todo tipo de adversidade ambienta. São comercializados sem
registro, rótulos e data de validade, conforme a Figura 1. A venda é realizada
em quantidades variadas, atendendo a necessidade do consumidor, sendo então
embalados em filme plástico. Os doces em calda ou pastosos são acondicionados em
potes de plástico e latas que normalmente são reaproveitadas de outros produtos
como, por exemplo, leite em pó Figura 2. Sabe-se que a exposição e manipulação
de alimentos sem um controle rigoroso de técnicas que visam manter a qualidade
do produto não é recomendável, pois a higienização correta da superfície,
equipamentos e utensílios que entram em contato com os produtos é necessária
para eliminar os microrganismos. Recomenda-se lavar com água clorada, seguida de
sanitização com solução de hipoclorito de até 100 ppm. Todo alimento deve ficar
protegido de qualquer contaminação, por meio de tampas ou filmes plásticos
transparentes, porém não foi o observado na feira de doces (SENAC/DN,
2004).Segundo a ANVISA (2002), todo material utilizado para embalagem deve ser
armazenado em condições higiênico-sanitárias, em áreas destinadas para este fim.
Conclusões
A feira central de Campina Grande não apresenta fiscalização efetiva por parte da Vigilância Sanitária, apesar da boa aparência dos produtos, as condições detectadas levam a necessidade de análises físico-químicas, microbiológicas e toxicológicas. Os procedimentos utilizados para a comercialização dos doces são pouco higiênicos, tais como, à exposição dos produtos, comercialização e até mesmo as ações e comportamentos demonstrados pelos comerciantes. Portanto são necessárias medidas de implementação de Programas de Boas Práticas de Manipulação nesses estabelecimentos.
Agradecimentos
Referências
ANVISA. Portaria nº 275. 2002 [online]. Disponível em: <http:// http://www.anvisa.gov.br/alimentos/bpf.htm>Acesso em: 29 jul. 2014.
BELO, J. L. P. Metodologia Científica. Rio de Janeiro, 2004.
GOUVEIA, E. L. C. Nutrição, Saúde & Comunidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.
RICOTTO, A. J. Uma rede de produção e comercialização alternativa para a agricultura familiar: O caso das feiras livres de Misiones, Argentina. Porto Alegre: UFRGS, 2002. 152p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural). Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
SENAC/DN. Passo a Passo para a Implantação das Boas Práticas de Distribuição e do Sistema APPCC: Cartilha 4. (Qualidade e Segurança dos Alimentos). Rio de Janeiro: SENAC/DN, 2004. 59 p.