ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Freitas, E.C. (UESB) ; Santana, R.O. (UESB) ; Sobrinho, I.S.B. (UFBA) ; Nunes, A.L.S. (FTC) ; Silva, A.C.M. (UESB) ; Silva, M.V. (UESB)
Resumo
O Brasil é um grande produtor de frutas do mundo, gerando grande quantidade de resíduos orgânicos. Estudos apontam que esses resíduos são fontes de nutrientes alimentares e de fitoquímicos bioativos, incluindo neste último, os flavonoides. Assim, o objetivo deste estudo foi determinar o teor de flavonoides em resíduos desidratados de polpas de cupuaçu. Estes foram secos em estufa e triturados para a obtenção das farinhas. A obtenção dos extratos hidroetanólicos (80:20 v.v-1) foi assistida por meio de ultrassom. Os resultados foram expressos em mg de quercetina.100 g-1 de amostra desidratada. Utilizou-se o DIC, com três repetições, a ANOVA e o Teste de Tukey (p < 0,05). Os teores dos flavonoides dos extratos foram baixos e variaram entre 4,55 e 7,29 mg de quercetina.100 g-1.
Palavras chaves
Fitoquímicos; insumos frutícolas; suplementação alimentar
Introdução
A agricultura brasileira apresentou expressivo crescimento nas últimas décadas, destacando-se no ranking mundial como o terceiro maior produtor de frutas tropicais (BRAZILIAN FRUIT, 2013). Em 2009, a Bahia se destacou em primeiro lugar no ranking nacional dos estados que mais exportou frutas, e em 2010 e 2011, manteve-se em terceiro (SEAGRI, 2010). Diversos estudos têm apontado que as cascas, bagaços e sementes de frutas são fontes de nutrientes alimentares e de fitoquímicos bioativos, incluindo compostos fenólicos, flavonoides e dentre outros. A América Latina produz mais de 500 milhões de toneladas de resíduos, sendo o Brasil responsável por mais da metade desta produção. (EMBRAPA, 2009). Estes subprodutos são fontes promissoras de ingrediente alimentício alternativo nos diversos ramos da indústria alimentar e farmacêutica (SIDDHURAJU, 2007; OLIVEIRA et al., 2009; SOUSA, et al., 2011). Estes subprodutos podem representar uma importante fonte de carboidratos, sais minerais, ácidos orgânicos, fibra dietética e compostos bioativos, tais como compostos fenólicos, os flavonóides e os taninos (DJILAS et al., 2009). Muitos dos compostos fenólicos têm mostrado fortes propriedades antioxidantes. A atividade antioxidante dos fitoquímicos se dá, principalmente, devido às suas propriedades de óxido-redução, as quais podem desempenhar um importante papel na absorção e neutralização de radicais livres (FENNEMA et al., 2010). Diante do exposto, objetivou-se com o presente estudo, a determinação dos teores de flavonoides totais em resíduos desidratados do fruto cupuaçu provenientes de indústrias processadoras de polpas de frutas congeladas, considerando que o seu aproveitamento ainda seja pouco explorado, permitindo assim sua adequada aplicação industrial.
Material e métodos
Os resíduos úmidos do cupuaçu foram fornecidos por uma empresa processadora de polpas de frutas congeladas localizada na cidade de Vitoria da Conquista - Ba. O material foi seco em estufa com circulação de ar forçada a 50 ± 2ºC por 36 h. Em seguida, o sólido foi triturado em moinho de facas e posteriormente no moinho de bolas. Para a padronização da granulometria das farinhas foi utilizada peneira de 80 mesh. As farinhas foram armazenadas sob-refrigeração em temperatura de -18 2ºC até o momento da análise. Os extratos hidroetanólicos (80:20 v.v-1) foram obtidos de acordo com o procedimento proposto por ZHAO & HALL (2008) com adaptações. A determinação de flavonoides foi realizada em conformidade com WOISKY & SALATINO (1998), utilizando-se como reagente o cloreto de alumínio. A quantificação de flavonoides foi feita através de uma curva analítica de quercetina, variando sua concentração de 0,05 a 1,00 mg de equivalente de quercetina mL-1. Os valores foram expressos em mg de quercetina.100 g-1 de amostra desidratada. Utilizou-se o Delineamento Inteiramente Casualizado com três repetições e os resultados foram expressos como média ± desvio padrão. A análise de variância (ANOVA) e as comparações múltiplas do Teste de Tukey ao nível de significância de (p < 0,05).
Resultado e discussão
Os resultados dos teores de flavonoides totais das farinhas dos resíduos do
cupuaçu estão expressos na Tabela 1. Observa-se que os teores encontrados nas
farinhas variaram entre 4,55 e 7,29 mg de quercetina.100 g-1. Os lotes CP-2 e
CP-3 não diferem entre si quanto ao teor de flavonoides segundo o Teste de Tukey
(p < 0,05). Diante aos estudos de compostos bioativos no cupuaçu observou-se
quantidades menores do composto em questão na polpa e maiores nas sementes,
sendo respectivamente, 3,5 e 85 mg de quercetina.100 g-1 (PUGLIESE et al.,
2013). YANG et al., (2003) estudou as sementes do cupuaçu e encontrou altos
teores deste fitoquímico. Diante da comparação de alguns estudos, pode-se
perceber que as amostras dos resíduos do cupuaçú analisadas apresentaram teores
de flavonoides maiores do que os teores encontrados na polpa do fruto, isso
demonstra uma potencial fonte para as indústrias, além de que, esses resíduos
que seriam lançados no meio ambiente, poderiam ser utilizados, amenizando o
impacto ambiental. Todavia, são poucos os estudos de fitoquímicos com o fruto
cupuaçu, enquanto que para o cacau, que é um fruto do mesmo gênero do cupuaçu, a
Theobroma, onde os autores afirmam que o fruto é rico nestes compostos bioativos
dando destaque para as quercetinas, considerado como potente antioxidante, sendo
mais ricos que até mesmo os chás verdes, vermelhos e pretos (RAMIRO et al.,
2005). No entanto, essas farinhas, podem ser consideradas como fontes de
flavonoides. Para a complementação alimentar com esses bioativos, sugere seu uso
na panificaçao, em preparações como bolos, pães, cookies, dentre outros.
Conclusões
Foi possível identificar teores consideráveis de flavonoides totais nos resíduos desidratados do cupuaçu. Verificou-se que os resíduos do cupuaçu apresentam mais flavonoides do que a polpa da fruta. Diante disso, o estudo mostra que os resíduos do cupuaçu podem ser aproveitados para complementação nutricional, devido à presença de compostos bioativos e assim, reduzindo o impacto ao meio ambiente.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Referências
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