CAPACIDADE ANTIOXIDANTE E TEORES DE FENÓIS TOTAIS EM CARAMBOLA (Averrhoa carambola L.)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Correia, K.S. (UESB) ; Santana, R.O. (UESB) ; Porfirio, M.C.P. (UESB) ; Batista-sobrinho, I.S. (UFBA) ; Gonçalves, M.S. (UESB) ; Santos, I.A. (UESB) ; Capela, A.P. (UESB) ; Trindade, L.R.S.L.C. (UESB) ; Santana, G.A. (UESB) ; Silva, M.V. (UESB)

Resumo

A carambola (Averrhoa carambola L.) é uma fruta que tem a sua origem da região da Malásia até a Indonésia, sudeste da Ásia. Os maiores produtos mundiais atualmente são Taiwan, Malásia e Brasil. Objetivou-se com o estudo determinar os fenólicos totais e a atividade antioxidante em carambola utilizando os ensaios do DPPH+•, ABTS+• e o Poder Redutor. Observou-se 155,21±3,61mg GAE.100g-1 de extrato concentrado para os fenólicos totais, 175,50±2,58 mg.mL-1de extrato para o DDPH EC50, 899,92±5,13 mg. 100g-1 de VEAC para o ABTS+• e 873,80±4,78mg.mL-1 de BHT para o poder redutor. Foi possível verificar que o extrato da carambola apresentou quantidades significativas de atividade antioxidante, podendo ser aplicada na indústria de alimentos bem como em outros segmentos como a indústria farmacêutica.

Palavras chaves

Atividade Antioxidante; Fenólicos Totais; Frutas

Introdução

A caramboleira (Averrhoa carambola L.) pertence à família Oxalidácea, sendo originária do Sudeste Asiático (TEIXEIRA et al., 2001). A forma de seus frutos varia de oblongo a elipsóide, com 6 a 15 cm de comprimento e com 4 a 5 recortes longitudinais, que correspondem aos carpelos. A casca é translúcida, lisa e brilhante e a cor varia do esbranquiçado ao amarelo-ouro intenso (DONADIO et al., 2001). O Brasil é um dos maiores produtores de carambola do mundo, sendo grande parte da produção proveniente de pequenos pomares, o que atende a um dos aspectos mais importantes da agricultura, o social, permitindo a fixação do homem no campo (NATALE et al., 2008). Frutas e outros vegetais contêm substâncias antioxidantes distintas, cujas atividades têm sido bem comprovadas nos últimos anos. A presença de compostos fenólicos, tais como flavonóides, ácidos fenólicos, antocianinas, além dos já conhe¬cidos; vitaminas C, E ecarotenóides contribuem para os efeitos benéficos destes alimentos (SILVA, 2004; AJAIKUMAR, 2005). Entre os antioxidantes dos frutos estão ácido ascórbico, tocoferóis, carotenóides e compostos fenólicos, que variam amplamente em seus conteúdos e perfis entre os diversos frutos (LEONG & SHUI, 2002). Objetivou-se com o presente estudo avaliar quantitativamente o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante de carambola utilizando os ensaios do DPPH+•, ABTS+• e o Poder Redutor.

Material e métodos

As carambolas (Averrhoa carambola L.) foram adquiridas no município de Ibicaraí, extremo-sul da Bahia. Os extratos hidroetanólicos foram obtidos por extração assistida por ultrassom conforme procedimento recomendado por ZHAO & HALL (2008), com adaptações. Os compostos fenólicos totais foram determinados por espectrofotometria a 773 nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteau, segundo WETTASIGHE & SHAHIDI (1999), os resultados foram expressos em mg de equivalente de ácido gálico.100 g-1 de base úmida. Determinou-se a capacidade antioxidante dos extratos utilizando-se o método adaptado de BRAND-WILIAMS (1995). O método fundamenta-se na redução do radical DPPH● (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) por antioxidantes presentes no extrato, resultando num decréscimo da absorbância medida a 515 nm. A atividade antioxidante dos compostos, dada pelo valor de EC50, é calculada pela redução de 50% da concentração inicial de DPPH. Ressalta- se que quanto menor o valor de EC50, maior a atividade antioxidante do composto analisado (LUZIA et al., 2009). A capacidade antioxidante das amostras frente ao radical livre ABTS+• foi realizada de acordo com RE et al. (1999), tendo a vitamina C como padrão. Avaliou-se o poder redutor conforme o procedimento descrito por OYAIZU (1986), com adaptações. A partir do extrato hidroetanólico obtido, as amostras foram diluídas para diferentes concentrações (2,55; 4,95; 7,50; 10,06 e 12,46 mg.mL-1) as leituras das absorbâncias foram realizadas a 700 nm. Para quantificação, foi realizada uma curva analítica utilizando BHT como padrão. As analises foram realizadas em triplicata e os resultados foram expressos como média ± desvio padrão.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos para os teores de compostos fenóis totais e atividade antioxidante utilizando os métodos DPPH, ABTS e Poder Redutor estão apresentados na Tabela 1. Os teores encontrados para estes compostos foram 155,21 mg de ácido gálico.100 g-1 de amostra, valor superior ao encontrado por VIEIRA (2011) que pode quantificar 835,25 mg de ácido gálico.100 g-1 de polpa congelada de acerola, enquanto VASCO et al., (2008) obtiveram em amostras de amora (Rubus glaucus berth) 2167,00 mg de ácido gálico.100 g-1 de amostra de peso fresco. Para a atividade antioxidante pelo método ABTS foi obtido um valor de 873,80 de ácido ascórbico.100g-1 do extrato e comparando com a atividade antioxidante dos extratos de bagaço de maçã, no trabalho de SOARES et al. (2008) encontrou-se teores de 404,68 mg.100 g–¹, sendo estes inferiores aos teores da carambola. Pelo método DPPH o extrato da carambola apresentou um valor de 899,922 mg.ml-¹ enquanto que nos extratos hidroalcóolicos de goiaba, quantificados pelo EC50, no trabalho de SOUSA et al (2011), encontrou-se 308,07 μg.mL-1. Pelo método do poder redutor verificou-se 1436,782 mg.mL-1 presentes no extrato.

Os resultados estão expressos como média ± desvio padrão (n+3).

Conclusões

A partir dos ensaios utilizados foi possível detectar a presença de fenóis e atividade antioxidante em carambolas, a maior quantificação obtida foi pelo ensaio do poder redutor. Sendo assim, a carambola pode ser utilizada como uma fonte de antioxidante natural, podendo ser aplicada tanto na indústria alimentícia quanto farmacêutica no intuito de promoção da saúde.

Agradecimentos

Referências

AJAIKUMAR, K. B.; ASHEEF, M.; BABU, B. H.; PADIKKALA, J. The inhibition of gastric mucosal injury by Punicagranatum L. (pomegranate) methanolic extract. Journal of Ethnopharmacology, v. 96, p. 171-76, 2005.

BRAND-WILIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Food Science and Technology, v. 28, p. 25-30, 1995.
DONADIO, L. C.; SILVA, J. A. A.; ARAÚJO, P. S.; PRADO, R. M. Caramboleira (Averrhoa carambola L.). 1. ed. v. 1. Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2001. 81p .

LEONG, L. P.; SHUI, G. An investigation of antioxidant capacity of fruits in Singapore markets. Food Chemistry, v. 76, p. 69-75, 2002.

LUZIA, D. M. M., JORGE, N. Composição centesimal, potencial antioxidante e perfil dos ácidos graxos de sementes de jambolão (Syzygiumcumini L.). Revista Ciência Agronômica, v. 40, p. 219-223, 2009.

NATALE, W.; PRADO, R. M.; ROZANE, D. E.; ROMUALDO, L. M.; SOUZA, H. A.; HERNANDES, A. Resposta da caramboleira à calagem. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, p. 1136-1145, 2008.

OYAIZU, M. Studies on products of the browning reaction. Antioxidative activities of browning reaction products prepared from glucosamine. Eiyogaku Zasshi, v. 44, p. 307-315, 1986.
RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M.; RICE-EVANS, C. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology and Medicine, v. 26, n. 9-10, p. 1231-1237, 1999.
SILVA, B. M.; ANDRADE, P. B.; FERRERES, F.; SEABRA, R. M.; FERREIRA, M. A. Quince (Cydonia oblonga Miller) fruit (pulp, peel, and seed) and jam: Antioxidant activity. Journal of agricultural and food chemistry, Washington, v. 52, p. 4705-12, 2004.

SOARES, M., WELTER, L., GONZAGA, L., LIMA, A., FILHO, J. M., FETT, R. Avaliação da atividade antioxidante e identificação dos ácidos fenólicos presentes no bagaço de maçã cv. Gala. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 28, p. 727-732, 2008.

SOUSA, M. S. B.; VIEIRA, L. M.; LIMA, A. Total phenolicsand in vitro antioxidant capacity of tropical fruit pulp wastes. Brazilian Journal of Food Technology. v. 14, p. 202-210, 2011.

TEIXEIRA, H.A.T.; DURIGAN, L.C.D.; SILVA, J.A.A. Caracterização pós-colheita de seis cultivares de carambola (Averrhoa carambola L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, p.546-550, 2001.

VASCO, C.; RUALES, J.; KAMAL-ELDIN, A. Total phenolic compounds and antioxidant capacities of major fruits from Ecuador. Food Chemistry, v. 111, p. 816-823, 2008.

VIEIRA, L. M., SOUSA, M. S. B., FILHO, J. M., LIMA, DE. Fenólicos totais e capacidade antioxidante in vitro de polpas de frutos tropicais. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, p 888-887, 2011.

WETTASINGHE, M.; SHAHIDI, F. Evening primrose meal: a source of natural antioxidants and scavenger of hydrogen peroxide and oxygen-derived free radicals. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 47, p.1801-1812, 1999.

ZHAO, B.; HALL, C. A. Composition and antioxidant activity of raisin extracts obtained from various solvents. Food Chemistry, v. 108, p. 511-51, 2008.