CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE COMPOSTOS BIOATIVOS EM UVA-DO-MATO (Bactris setosa Mart.).

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Santana, R.O. (UESB) ; Capela, A.P. (UESB) ; Porfirio, M.C.P. (UESB) ; Sobrinho, I.S.B. (UFBA) ; Correia, K.S. (UESB) ; Gonçalves, M.S. (UESB) ; Santos, I.A. (UESB) ; Trindade, L.R.S.L.C. (UESB) ; Santana, G.A. (UESB) ; Silva, M.V. (UESB)

Resumo

A uva-do-mato (Bactris setosa Mart) é uma fruta nativa do Brasil, ocorrendo desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. O objetivo deste trabalho foi quantificar os compostos bioativos presentes na casca da uva-do-mato. Foram observados 166,01 mg.100g-1 de peso fresco da amostra para antocianinas totais, 1,68 mg.100g-1 de peso fresco da amostra para carotenoides totais, 89,68 mg.100g-1 de peso fresco da amostra de equivalente de atividade de retinol (RAE) e 160,68 de peso fresco da amostra correspondente a flavonoides totais. Constatou-se que a casca de uva-do- mato apresentou valores significativos para os compostos bioativos quantificados neste trabalho, constituindo assim, como uma fonte potencial para aplicação nos diversos ramos da indústria alimentícia.

Palavras chaves

antocianinas ; carotenoides totais; flavonoides totais

Introdução

O tucum-do-cerrado (Bactris setosa) é produzido por palmeiras de médio porte (4 a 6 metros de altura) e possui tronco coberto de espinhos muito finos e agudos e frutos redondos (SILVA et al., 2001). Representa uma excelente fonte de compostos bioativos como flavonoides, antocianinas e vitamina C (SIQUEIRA et al., 2013). O conhecimento da composição nutricional de frutos permite: a população consumir os nutrientes de acordo com a Ingestão Diária Recomendada (IDR); o desenvolvimento de pesquisas que estabeleçam uma relação entre dieta e doenças uma vez que frutos e hortaliças são fontes importantes de nutrientes (vitaminas, minerais e flavonoides) na dieta humana; além de um melhor planejamento agrícola e das indústrias de alimentos (GONDIM et al., 2005). Dentre os compostos fenólicos com propriedade antioxidante, destacam-se os flavonoides que quimicamente, englobam as antocianinas e os flavonóis (FRANCIS, 1989). Quanto aos flavonoides e antocianinas tem-se que os dados acerca dos mesmos, principalmente em alimentos ainda são insuficientes mesmo a nível mundial. Essa carência é ainda mais acentuada no Brasil. Assim, a quantificação de tais compostos é extremamente relevante para estudos futuros (SOUSA et al., 2011). Objetivou-se com o presente estudo quantificar os compostos bioativos presentes na casca da uva-do-mato.

Material e métodos

Os frutos de uva-do-mato foram adquiridos no município de Ibicaraí-Ba. Os extratos etanoicos foram obtidos por processo de extração sólido-líquido conforme procedimento recomendado por ZHAO & HALL (2008), com adaptações. Todas as análises foram realizadas em triplicata. As antocianinas foram avaliadas segundo o protocolo da AOAC (2000). Foi utilizado com uma solução extratora de etanol 95% e ácido clorídrico 1,5N, na proporção de 85:15. Após 24 horas em repouso o extrato foi filtrado. Alíquotas foram recolhidas para leitura a 535 nm em espectrofotômetro (Shimadzu UVmini-1240, Japão), obtendo-se o teor de antocianinas em mg /100g. A determinação de carotenoides totais foi realizada segundo o procedimento proposto por KIMURA et al. (2003). A absorbância foi medida em espectrofotômetro Shimadzu UV mine 1240 (Japão) a 450 nm.. Para o cálculo do valor de vitamina A (foi realizado segundo as recomendações do "Institute of Medicine" (IOM, 2001), em que 1 Equivalente de Atividade de Retinol (RAE) equivale a 1 μg de retinol, 12 μg de β-caroteno ou a 24 μg de outros carotenoides provitamínicos, tais como α-caroteno e β-criptoxantina (KHACHIK et al., 1992; HARRISON, 2012). A determinação de flavonoides foi realizada em conformidade com Woisky & Salatino (1998). As leituras das absorbâncias foram feitas em espectrofotômetro (Shimadzu UVmini-1240, Japão) a 445 nm. A quantificação de flavonoides foi feita através de uma curva analítica de quercetina.

Resultado e discussão

Os resultados das análises quantitativas obtidos para antocianinas totais, carotenoides totais, de vitamina A como Equivalente de Atividade de Retinol (RAE) e flavonoides totais na casca da Bactris setosa Mart estão apresentados na Tabela 1. A casca da uva-do-mato apresentou valores significativos para os compostos bioativos aqui avaliados. As antocianinas são responsáveis pela coloração apresentada na maioria dos frutos, como a escolha de muitos alimentos é feita principalmente com base na sua aparência as o estudo das antocianinas faz-se de grande importância. Para casca da Bactris setosa Mart foi encontrado um valor de 166,01 mg.100g-1 de peso fresco da amostra sendo este superior ao encontrado por SIQUEIRA et al. (2013) que encontraram um valor de 83,171 mg.100g-1 de peso fresco da amostra. Diante da importância da atividade antioxidante que o β-caroteno desempenha é interessante utilizar frutas como fontes nutricionais complementares ou até mesmo repositórias. Os valores quantificados neste trabalho foram de 1,28 mg.100g-1 de peso fresco da amostra sendo estes superiores ao encontrado por SIQUEIRA et al. (2013) que foram de 0,148 mg.100g-1 de peso fresco da amostra. Devido a importância da vitamina A fez sua quantificação como Equivalente de Atividade de Retinol (RAE) sendo encontrado um valor significativo de 89,68 mg.100g-1 de peso fresco da amostra. Neste trabalho verificou-se que a casca da uva-do-mato apresentou teores de flavonoides totais, com valor médio de 160,68 mg.100g-1 de peso fresco da amostra sendo este inferior ao encontrado por SIQUEIRA et al. (2013), porem sendo um valor significativo principalmente pela importância dos flavonoides e por falta de estudos em relação à esses compostos.


Os resultados estão expressos como média ± desvio padrão (n+3).

Conclusões

A casca de uva-do-mato apresentou valores significativos dos compostos bioativos avaliados neste estudo, sendo assim, destaca-se com um produto que pode ser utilizado na dieta da população, principalmente para parte da população que tem deficiência desses compostos.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq através do PIBIC/UESB pela concessão da bolsa ao primeiro autor.

Referências

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KIMURA, M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Carotenoid composition of hydroponic leafy vegetables. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 2603-2607, 2003.

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SILVA, D. B.; SILVA, J. A.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M. Frutas do cerrado. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, p 178. 2001.

SIQUEIRA, E. M. A; ROSA, F. R; FUSTINONI, A. M.; DE SANT'ANA, L. P.; ARRUDA, S. F. Brazilian Savanna Fruits Contain Higher Bioactive Compounds Content and Higher Antioxidant Activity Relative to the Conventional Red Delicious Apple. Plos One, v. 8, p. 72-82, 2013.

SOUSA, M.S.B.; VIEIRA, L.M.; SILVA, M. de J.M.; LIMA, A.. Caracterização Nutricional e Compostos Antioxidantes em Resíduos de Polpas de Frutas Tropicais. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, p. 554-559, 2011.

WOISKY, R. G; SALATINO, A. Analysis os propolis: some parameters ond prodecore for chemical fuality control. Journal Apicultural Research, 1998.

ZHAO, B.; HALL, C. A. Composition and antioxidant activity of raisin extracts obtained from various solvents. Food Chemistry, v. 108, p. 511-51, 2008.

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