ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Martins Gomes, P.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Gonçalves Pereira, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Soares Silva Ribeiro, T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS)
Resumo
O estudo da transferência de calor em materiais é de grande relevância em diversos ramos industriais, destacando-se a indústria alimentícia, devido suas particularidades na produção, transporte e armazenamento. Experimentalmente construiu-se um sistema cilíndrico de PVC isolado termicamente, foram acoplados quatro termopares, sendo o sistema posteriormente imerso em um banho termostatizado no qual realizou-se medidas de transferência de calor. Os resultados obtidos demonstraram que a margarina é boa condutora de calor, atingindo altas temperaturas em um intervalo de tempo relativamente pequeno, enquanto a manteiga apresentou variações mais discretas na temperatura ao longo do sistema em relação à margarina, sendo necessário um intervalo de tempo maior para atingir o equilíbrio térmico.
Palavras chaves
margarina; manteiga; condutividade térmica
Introdução
Na indústria alimentícia é importante ter o conhecimento das propriedades térmicas, pois tais propriedades são necessárias para projetos e desenvolvimento de equipamentos voltados à refrigeração, armazenamento e transporte de alimentos. Entre elas pode-se citar a transferência de calor, que pode ser definido como a energia em transito devido a uma diferença de temperatura (INCROPERA,DeWITT,1999). Os processos de transferência de calor podem ocorrer por meio de três diferentes formas, sendo eles o de condução, convecção e radiação. Quando existe um gradiente de temperatura em um meio solido ou fluido a propagação de calor se dá através da condução, sendo este o nosso objeto de estudo. A condução é o processo de transferência de calor pelo qual a energia é transmitida entre partículas sem que as mesmas sejam deslocadas (BONJORNO, 1985). De acordo com a Portaria (MAPA) n° 372 de 04/09/1997 e n° 146 de 07/03/1996 Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da margarina e manteiga respectivamente, “defini-se por margarina o produto gorduroso em emulsão estável com leite ou seus constituintes ou derivados, e outros ingredientes, destinados à alimentação humana” e “entende-se por manteiga como produto gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica de creme pasteurizado derivado exclusivamente do leite de vaca” (Brasil). O presente trabalho teve por objetivo avaliar e comparar a transferência de calor unidimensional e em regime transiente em amostras de margarina e manteiga comerciais.
Material e métodos
Montagem do Sistema de Transferência de calor Em um tubo de PVC com 15 cm de comprimento e 3,5 cm de diâmetro foram feitos quatro furos com espaçamento de 3,0 cm, constituindo as seguintes posições longitudinais da base até o topo: x1 = 3,0 cm, x2 = 6,0 cm, x3= 9,0 cm e x4 = 12,0 cm. O tubo foi envolvido com cortiça de 3,0 mm de espessura a fim de fazer o isolamento térmico do sistema. Em seguida isolou-se a extremidade inferior do tubo com papel alumínio, para propiciar a inserção da pasta, bem como permitir a transferência de calor entre o banho termostatizado e o material em estudo. Estudo da transferência de calor nas pastas Posteriormente o tubo foi preenchido com margarina da marca A e logo após foram inseridos os termômetros. Fez-se uma tampa de isopor e encaixou-a na extremidade superior do tubo, para não ocorrer dissipação de calor para o meio externo. Logo após o tubo foi totalmente revestido com papel alumínio para minimizar os efeitos da radiação térmica. Para o ensaio da transferência de calor por condução unidimensional e em regime transiente colocou-se a base do tubo em contato com o banho termostatizado, mantido a uma temperatura de 53°C.Durante 120 minutos as temperaturas foram registradas em intervalos de 5 minutos, quando se atingiu o equilíbrio térmico.O mesmo ensaio da transferência de calor foi feito para a manteiga da marca B.
Resultado e discussão
Observa-se pelo Termopar 1 (Figura 3) que houve rápida transferência de calor em todo o sistema, atingindo a temperatura de equilíbrio por volta de 47°C. Os termopares 2 e 3 seguem a mesma tendência, porém como estão mais distantes da fonte de calor levaram um maior tempo para conduzir o calor, e atingiram sua temperatura de equilíbrio por volta de 47°C. O termopar 4 segue a mesma tendência dos outros termopares porém seria necessário um tempo superior à 120 minutos para atingir a temperatura de equilíbrio.
Pela Figura 4 observa-se que a manteiga conduz calor, porém foi necessário um tempo de 120 minutos para atingir o equilíbrio térmico em 45°C de acordo com o Termopar 1. Os Termopares 2, 3 e 4 seguiram a mesma tendência, porém com temperaturas inferiores, pois estavam situados mais distantes da fonte aquecedora.
Na indústria de alimentos é importante ter o conhecimento da transferência de calor, pois tal propriedade é necessária para projetos e desenvolvimento de equipamentos voltados à refrigeração, armazenamento e transporte de alimentos. Com relação a essa propriedade deve-se ter um controle rigoroso da temperatura, pois como a margarina e a manteiga conduzem calor pode haver o comprometimento das propriedades físico-química das mesmas.
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Variação da temperatura em relação ao tempo em margarina comercial
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Variação da temperatura em relação ao tempo em manteiga comercial
Conclusões
Realizando um estudo comparativo entre as pastas, a margarina apresenta condutividade térmica mais efetiva, isso pode ocorrer devido à diferença dos constituintes de ambas, sendo a margarina constituída de gordura vegetal e a manteiga constituída de creme de leite.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria n° 372 de 04/09/1997. Regulamento Técnico de identidade e qualidade de margarina.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria n° 146 de 07/03/1996. Regulamento Técnico de identidade e qualidade de manteiga.
BONJORNO, Regina F.S. Azenha. Física 2: termologia, óptica geométrica, ondulatória. São Paulo: FTD, 1985.
INCROPERA, Frank P.; DeWITT, David P. Fundamentos de transferência de calor. 4ª. ed. Prentice Hall, México, 1999.