ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Graça, C.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE) ; Machado, A.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE) ; Oliveira, R.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE) ; Toledo, A.M.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE) ; Silva, M.G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE) ; Souza-soares, L.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE)
Resumo
O objetivo deste estudo foi verificar a capacidade antioxidante de extratos fenólicos de Spirulina LEB-18 encapsulados com lecitina de soja. Foram realizadas as quantificações de extratos fenólicos totais e avaliadas suas capacidades antioxidantes através da inibição do testes de DPPH(2,2-difenil-1-picril-hidrazila ), ABTS [ácido 2,2´-azino-bis (3-etilbenzotiazolin)-6-ácido sulfônico] e sistema caroteno/ácido linoléico. A capacidade antioxidante foi expressa como percentual de inibição, sendo que o de 39,59% para o radical ABTS apresentou-se superior aos percentuais de inibição de DPPH e Β-caroteno. Portanto, com os resultados obtidos será possível enfatizar o papel de lipossomas como importante ferramenta para potencializar o perfil antioxidante de extratos fenólicos de Spirulina LEB-18.
Palavras chaves
microalga; compostos fenólicos; lipossoma
Introdução
A microalga Spirulina é classificada como GRAS (Generally Recognized as Safe) pelo FDA (Food and Drug Administration), o que garante seu uso como alimento sem riscos à saúde. Atualmente têm-se dado grande atenção às propriedades antioxidantes da microalga Spirulina platensis, atribuídas aos compostos fenólicos e a ficocianina (Colla et al., 2008). O efeito antioxidante é realizado por diferentes mecanismos, sendo o mais importante o sequestro de radicais livres, que depende da estrutura do composto envolvido. A intensidade da ação antioxidante exibida por estes fitoquímicos é diferenciada, principalmente devido ao número e posição de hidroxilas presentes na molécula (Melo et al., 2008). A incorporação de extratos fenólicos em carreadores como lipossomas pode potencializar a atividade antioxidante. Os lipossomas são vesículas lipídicas concêntricas, separadas por um meio aquoso, sendo, portanto, denominadas de unilamelares e multilamelares, eles podem encapsular substâncias hidrofílicas e /ou lipofílicas (Batista et al., 2007). Várias pesquisas demonstraram o envolvimento dos lipossomas no aumento da eficácia antioxidante dos fármacos testados, protegem células do estresse oxidativo (Rengel et al., 2005), e reduzem a peroxidação lipídica (Tian et al., 2007). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade antioxidante de extratos fenólicos de Spirulina encapsulados com lecitina de soja.
Material e métodos
A Spirulina sp. LEB-18 foi cultivada na planta piloto de Santa Vitória do Palmar/RS com água da Lagoa Mangueira e a biomassa coletada, seca e moída. Os ácidos fenólicos totais foram extraídos com metanol, através da metodologia proposta por Souza et al. (2010) e quantificados de acordo com o método de Folin-Ciocalteau, empregando curva padrão de ácido gálico (20 a 80 μg mL-1). Os compostos fenólicos foram liofilizados, para serem incorporados em lipossomas. Os lipossomas contendo extratos fenólicos de Spirulina foram preparados usando o método de Evaporação em Fase Reversa (Mertins ,2008). Para a atividade antioxidante foram utilizados os métodos de sequestro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila), ABTS [ácido 2,2´-azino-bis (3-etilbenzotiazolin)-6-ácido sulfônico] e sistema caroteno/ácido linoléico. A capacidade antioxidante foi expressa como percentual de inibição, calculada de acordo com a equação 1: % Inibição = [(Abs.Controle – Abs.Amostra)x100 Abs].
Resultado e discussão
As tabelas 1 e 2 apresentam o teor de compostos fenólicos (mgGAE/mL) e atividade antioxidante frente a radicais livres como DPPH, ABTS e Β-caroteno.
De acordo com a tabela 1 os valores obtidos para os extratos de Spirulina neste estudo foram maiores do que os de Souza et al.,(2011) que obteve 1,15 mg de ácido gálico.g-1 para extratos metanólicos de microalgas Spirulina platensis.
O método DPPH tem sido bastante utilizado por ser rápido e confiável, sendo um parâmetro reprodutível para pesquisar a atividade antioxidante in vitro. DPPH produz cor violeta em solução de metanol. É reduzida a difenilpicril hidrazina, de cor amarela. O grau de descoloração indica o potencial eliminador de radicais. A diminuição de absorbância pelo radical com extrato fenólico de Spirulina encapsulada em lipossomas (LSSp) resulta na rápida descoloração do DPPH roxo, sugerindo que o LSSp tem atividade antioxidante devido à sua capacidade de doar prótons. A redução do número de moléculas de DPPH pode estar relacionada ao número de grupos hidroxila disponíveis (Kumar et al., 2012).
O ABTS é um método para o rastreio da atividade antioxidante, é avaliado por um ensaio de descoloração aplicável tanto para antioxidantes hidrofílicos quanto lipofílicos. Quanto aos efeitos do LSSp sobre a inibição do radical ABTS, foram verificados os percentuais de inibição de 39,59%, que foi superior aos percentuais de inibição de DPPH e Β-caroteno.
A análise dos resultados, com relação ao Β-caroteno mostrou que o uso de lipossomas potencializou a atividade antioxidante dos extratos fenólicos de Spirulina in vitro.
Conclusões
Os extratos fenólicos de Spirulina encapsulados em lipossomas apresentaram atividade antioxidante quando analisados por todos os métodos avaliados. Com os resultados obtidos é possível enfatizar o papel dos lipossomas como importante ferramenta para potencializar o perfil antioxidante de extratos fenólicos de Spirulina sp. LEB-18.
Agradecimentos
CNPq,FAPERGS,FURG.
Referências
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