AVALIAÇÃO DO TEOR DE FERRO EM SARNAMBI (Annomalocardia brasiliana) POR ESPECTROSCOPIA UV/VIS.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Vieira Neves, N. (UFMA) ; Marques, A.L.B. (UFMA) ; Frasão Conceição, C.A. (UFMA) ; Carvalho, P.A.V. (UFMA) ; Yotsumoto Neto, S. (UFMA)

Resumo

O trabalho consistiu em determinar a quantidade de ferro existente nos bivalves sarnambi, encontrado na baía sedimentar de São José localizado em São José de Ribamar no Maranhão. Foram feiras análises em amostras in-natura e em amostras cozidas, encontrando um percentual de umidade para amostra crua de 90,03% e para a cuzida de 61,03%. O percentual de ferro foi analisado utilizando a técnica de espectroscopia de absorção molecular no ultravioleta e visível (UV/Vis), na forma complexada Ferro fenantrolina. Fez-se uma comparação entre as quantidades presentes do micronutriente cru e as quantidades presentes no cozido e constatou-se que houve uma perda de 52,16% do cozido em relação ao cru.

Palavras chaves

Ferro; Sarnambi; UV/VIS

Introdução

A população litorânea da baía de São José do município de São Jose de Ribamar, localizado no estado do Maranhão1, tem como principal atividade a pesca, onde são encontrados vários tipos de peixes, bivalves e outros animais marinhos2. O bivalve Annomalocardia brasiliana3 conhecido popularmente na região como sarnambi, é encontrado em grande quantidade nas margens dessa baía. Seu extrativismo é facilitado e muitas espécies são utilizadas como fonte de alimentação pela população dentro da ilha de Upaon-Açu. Através da filtragem da água que passa pelo local onde vivem, esses animais retêm pequenas partículas e microorganismos que lhes servem de alimento. O ferro é um micronutriente essencial para prevenir e combater doenças como a anemia. Se consumidos nas quantidades adequadas, o metal é um grande aliado a saúde humana4. O objetivo principal do trabalho foi detectar as quantidades de ferro presente no sarnambi e para isso utilizou-se a técnica de espectroscopia de absorção molecular no ultravioleta e visível (UV-VIS). Após determinar as concentrações presentes no bivalve, foi feita uma comparação com as quantidades aceitas pelo ministério da saúde para uma ingestão diária de ferro, para essa espécie. Além disso, foi estudado também, o que acontece com os valores do micronutriente após o cozimento, pois são nessas condições que a população os consome.

Material e métodos

Foram coletadas 500 amostras do bivalve Annomalocardia brasiliana. Metade das amostras, foi utilizada in natura e a outra metade cozida. Colocou o material coletado na estufa a 100ºC por 12 horas. Retirou-se o material da estufa e esperou-se atingir a temperatura ambiente em dessecador. Após atingir a temperatura, macerou-se o material para aumentar a superfície de contato com a ajuda de um pistilo e um almofariz. Pesou-se em 3 cadinhos 1g do sarnambi. Feito isso, colocou-se os cadinhos devidamente identificados na mufla a 700ºC por 3 horas. Retirou-se o material do equipamento e colocou-os em dessecador para resfriamento. Chegando a temperatura ambiente, adicionou-se 5 gotas de ácido clorídrico 3M em cada um dos cadinhos e levou-os de volta a mufla por mais 3 horas. Colocou-se os cadinhos em dessecador para que atingisse a temperatura ambiente novamente. Adicionou-se 10mL de HCl 3M em cada um dos 3 cadinhos e botou-os em chapa aquecedora a 80º. Em seguida, fez-se uma filtração com papel de filtro em balão volumétrico de 100mL e aferiu. Para a realização das analises no UV-VIS, preparou-se em 5 balões de 10mL soluções para fazer a curva de calibração. Os balões continham: 0,71g de citrato de sódio, 2 mL de HCl 3M, 200µl Hidroxilamina, 300µl de Fenantrolina e água destilada. A partir do 2 balão, acrescentou-se quantidades conhecidas de padrão de ferro, 250µl, 500µl, 750µl e 1000µl, respectivamente4. Em outros 3 balões, colocou-se as mesmas quantidades porém no lugar no HCl botou-se 2mL das amostras filtradas, sem a adição do padrão de ferro, para a análise das quantidades do ferro a partir da curva de calibração.

Resultado e discussão

Para se obter uma amostragem representativa foram coletadas 500 amostras do bivalve, sendo que 250 delas foram analisadas in natura (crua) e outras 250 foram analisadas cozidas com os pesos dos tecidos antes da retirada da umidade de 231,26g e 55,78g e após a retirada da umidade 23,05g e 21,74g respectivamente, representando uma perda de 90,03% do molusco cru e 61,03% do molusco cozido. Essa variação se dá por conta da quantidade de liquido presente na parte interna do molusco cru, sendo que na amostra cozida tem essa perda para o caldo do cozido. O Ferro é uma espécie que não apresenta comprimento de onda no UV/vis, foi necessário promover a complexação utilizando como ligante a Fenantrolina, apresentando uma coloração alaranjada e um comprimento de onda em 510nm. A curva de calibração do equipamento composta pelas concentrações de 0, 1, 2, 3, 4 e 5 mgL-1, apresentou um R de 0,9995. A concentração de ferro presente nas amostras feitas em triplicatas apresentou uma média de concentração de 0,4533mgL-1 para a amostra de sarnambi cru e de 0,2167mgL 1 para o cozido. Obtendo assim um teor de 22,66% para o sarnambi cru e 10,84% para o cozido, observa-se que para o sarnambi cozido apresenta uma quantidade inferior quando comparado com o sarnambi cru, isso se deve pelo processo de cozimento, pois parte do ferro é deslocado do interior do sarnambi para a agua do cozido. De acordo com as normas de ingestão diária de ferro para uma alimentação com base em 2000 calorias o sarnambi cozido encontrado na baía de São José pode ser inserido nessa alimentação, pois apresenta um teor de ferro 10,84% enquanto que a ingestão diária é estipulada pelo ministério da saúde é entre 16-18 mg.

Conclusões

O teor de ferro do sarnambi cru em comparação com o sarnambi cozido representa uma diminuição de 52,16% de ferro devido ao cozimento da espécie. Porém os sarnambis cozidos retirados da baía de São José apresentam uma concentração de ferro em uma concentração aceitável para consumo diário quando baseada em uma alimentação de ingestão de 2000 calorias.

Agradecimentos

UFMA e LPQA

Referências

1SHEIDER, J. M., et al. 2005. Anemia, iron deficiency, and iron deficiency anemia in 12–36-mo-old children from low-income families. Am. J. Clin. Nutr., v. 82: p. 1269.
2Prefeitura de São José de Ribamar. Principais atividades econômicas. Disponível em : < http://www.saojosederibamar.ma.gov.br/cidade/sobre/>. Acesso em: 13 de Jun 2014.
3CARVALHO. R. M. W. N. Determinação De Íons Metálicos Em Moluscos Bivalves Do Manguezal Da Região Petrolífera De São Francisco Do Conde – Recôncavo Baiano. 2006. Tese (Doutorado em ciências) – Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2006.
4COUTINHO, P. N.; MORAIS, J. O. Distribuição de sedimentos na baía de São José, estado do Maranhão (Brasil) Arq. Ciên. Mar: 123-127, 1976.

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