ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Lima, A.C.S. (UN) ; Brito, S.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Lino Barbosa, K. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Sabino de Sousa, L.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Figueiredo, R.W. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Sousa, P.H.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Cavalcante, C.L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Oliveira, L.M.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Santos, S.E.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)
Resumo
Em termos de nutrição não é suficiente determinar apenas o conteúdo total de nutrientes de determinado alimento, mas também conhecer a bioacessibilidade, ou seja, a quantidade absorvida e utilizada pelo organismo. Nesse contexto o objetivo desse trabalho foi determinar a bioacessibilidade de compostos fenólicos totais em suco integral de caju uma vez que uma melhor compreensão da contribuição nutricional desses elementos no organismo se faz necessária.A porcentagem bioacessível de compostos fenólicos totais do suco integral apresentou percentuais de bioacessibilidade >25%, sugerindo que o suco integral se apresenta como fonte mais relevante de antioxidantes naturais bioacessíveis, podendo sua ingestão diária,contribuir na proteção contra diversas doenças.
Palavras chaves
Bioacessibilidade; Anacardium occidentale L.; Polifenóis totais
Introdução
De acordo com Sivagurunathan et al. (2010), o pedúnculo de caju é uma importante fonte de ácido ascórbico, compostos fenólicos e minerais. Porém em termos de nutrição não é suficiente determinar apenas o conteúdo total de nutrientes, mas também conhecer a bioacessibilidade, ou seja, a quantidade absorvida e utilizada pelo organismo. Bioacessibilidade é a quantidade de composto libertado da matriz durante a digestão gastrointestinal que se torna disponível para absorção no intestino (LEŚNIEWICZ et al., 2012). Vários métodos têm sido utilizados para estimar bioacessibilidade de nutrientes entre elas: técnicas in vitro, técnicas de balanço químico, técnicas de depleção seguida de repleção do nutriente no plasma ou ainda da atividade de enzimas, após a suplementação do nutriente (COZZOLINO, 2012). O método in vitro é uma alternativa mais atraente do que estudos in vivo, sendo aplicada em um sistema de digestão gastrintestinal simulado empregando a pepsina durante a fase gástrica e uma mistura de pancreatina e os sais biliares durante a fase intestinal. O elemento difundido através de uma membrana semipermeável na fase intestinal é usado como uma medida da bioacessibilidade do elemento (KULKARNI, et al.,2007; SHIOWATANA, et al., 2006; MELLON, et al., 1993; MILLER, et al., 1981). Nesse contexto o objetivo desse trabalho foi determinar a bioacessibilidade dos compostos fenólicos totais em suco integral de caju, uma vez que uma melhor compreensão do metabolismo desses elementos se faz necessária.
Material e métodos
Digestão Gastrointestinal simulada in vitro: As digestões com fluido gástrico simulado e também com fluido intestinal simulado, ambos preparados de acordo com Moura e Canniatti-Brazaca (2006). A simulação da digestão gastrointestinal foi feita com pepsina solubilizada em de HCl 0,1 mol L-1 durante a fase gástrica e sais de bile-pancreatina. Agitou-se em banho termostatizado a 37º C durante 2 horas. Essa etapa simula a digestão do alimento que ocorre no estômago. Após o ajuste do pH, adicionou-se as membranas de diálise e agitou-se em banho termostatizado a 37º C durante 30 minutos, após isso adicionaram-se 5,0 mL da solução de pancreatina e sais de bile no meio e agitou-se em banho termostatizado a 37º C durante 2 horas. Essa etapa simula a digestão do alimento que ocorre no intestino. Ao final desta etapa de 2 horas de digestão, o conteúdo da membrana chamado de dialisado, foi retirado e as amostras foram armazenadas sob refrigeração até o instante das análises. A porcentagem bioacessível foi calculada de acordo com Briones-Labarca et al., (2011): %Bioacessivel= 100 x (F/G)
Resultado e discussão
Neste estudo, para compostos fenólicos totais foram encontrados valores de 338,6
mg de ácido gálico/100g para o suco integral de caju antes da digestão
gastrointestinal simulada in vitro.
Lopes et al. (2012), analisando pedúnculos de diferentes clones, obtiveram para
polifenóis totais valores de 375,79 mg/100g para o clone CCP 09 e de 124,2
mg/100g para o CCP 76.
D'Archivio et al., 2007, sugere que este fato se deve que a maioria dos
polifenóis está presentes nos alimentos, sob a forma de ésteres, glicosídeos, ou
polímeros que não podem ser absorvidos na sua forma de origem pelo organismo.
Deve-se considerar que, estruturas polifenólicas que apresentam uma elevada
atividade antioxidante in vitro, não necessariamente terão esta mesma atividade
após a ação das enzimas gastrointestinais durante a digestão.
Para a composição de polifenois totais após a digestão gastrointestinal simulada
in vitro, foram encontrados valores de 130,6 mg de ácido gálico/100g para o
suco integral de caju, conforme pode ser observado nas Tabela 1. Os níveis
bioacessíveis de absorção foram de 39% conforme pode ser observado na mesma
tabela. Vale ressaltar que até o presente estudo, não há relatos na literatura
acerca da bioacessibilidade in vitro para o caju ou produtos de caju.
Observando o estudo de Gawlik-Dziki et al. (2012), sobre a bioacessibilidade de
compostos fenólicos em brócolis após a digestão gastrointestinal simulada in
vitro, relatam que é reconhecido que os antioxidantes nutricionais atuam de
forma mais eficiente em grupos do que isoladamente, uma vez que podem funcionar
como agentes sinérgicos para reduzir radicais livres.
Conclusões
A aplicação do modelo de digestão gastrointestinal simulada in vitro, permitiu demonstrar que apenas uma menor fração da quantidade total dos nutrientes presentes nos alimentos é potencialmente bioacessivel. Os resultados obtidos em relação aos compostos fenólicos totais, mostram que o percentual de absorção destes, varia amplamente em função da matriz dos componentes alimentares dos elementos de interesse. Além disso, os compostos fenólicos contribuem de forma bastante positiva na porcentagem bioacessivel da atividade antioxidante total.
Agradecimentos
Referências
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