Contribuição ao estudo de taninos em Jenipapo (Genipa americana L.)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Santos, I.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Santana, R.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Gonçalves, M.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Porfirio, M.C.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Santana, G.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Capela, A.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Silva, M.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA)

Resumo

O jenipapo (Genipa americana L.) é uma fruta nativa brasileira muito conhecida e consumida no nordeste. Esse fruto possui compostos fenólicos cujos efeitos benéficos à saúde são sempre associados, por exemplo, a sua capacidade de neutralizar radicais livres, um dos efeitos mais procurados nos alimentos na atualidade. O Jenipapo possui como um tipo de composto fenólico, os taninos que por sua vez podem ser subdivididos em taninos hidrolisáveis e condensados. O primeiro ácido fenólico ao se hidrolisar, diferente no segundo que estão presentes em maior quantidade nos alimentos comumente consumidos.

Palavras chaves

compostos fenólicos; frutas nativas; proantocianidinas

Introdução

O Jenipapo, (Genipa americana L.) da família Rubiaceae, é uma espécie secundária tardia de grande importância econômica e cultural para o nordeste brasileiro (CARVALHO, 1994). Essa fruta vem sendo conhecida cada vez mais por todo o país, e sua composição química e nutricional tem sido objeto de especulações. Sabe-se que o jenipapo apresenta em sua composição compostos fenólicos, mais precisamente taninos, que foi o objeto de pesquisa desse trabalho. Os taninos pertencem a um grupo de compostos fenólicos e apresentam alto peso molecular, que conferem ao alimento a sensação de adstringência, e classificam-se em dois grupos, baseados em seu tipo estrutural: taninos hidrolisáveis e taninos condensados. Os taninos hidrolisáveis após hidrólise produzem carboidratos e ácidos fenólicos, possuem um núcleo central de glicose ou um álcool poliídrico. Os Taninos condensados, que são resistentes a hidrólise por tratamento de ácido, são polímeros de catequina e/ou leucoantocianidina (SOARES, 2002). Grande parte das plantas ricas em taninos são empregadas na medicina tradicional no tratamento de algumas doenças, tais como diarréias e hipertensão arterial, são ainda usados na indústria alimentícia como antioxidantes nos sucos de frutas e bebidas e como clarificantes de vinhos (SANTOS; MELLO, 1999). Objetivou-se com o presente estudo comparar os teores de taninos condensados pelo método da vanilina e do butanol ácido bem como os taninos hidrolisáveis em cascas do jenipapo.

Material e métodos

Determinação de taninos condensados: a) Método do butanol acidificado (MBA) A determinação de taninos condensados foi realizada pelo método butanol-ácido de acordo a metodologia recomendada por PORTER et al. (1991). Esse método é comumente identificado como melhor devido sua alta seletividade. Foram homogeneizados 200 mg de amostra em 10 mL de acetona. Alíquotas de 0,5 mL desta mistura foi transferida para um tubo de ensaio, com adição de 3 mL de butanol- HCl e 0,1 mL de Fe2NH4SO4. Os tubos foram aquecidos em banho-maria, posteriormente resfriados e procederam-se as leituras em espectrofotômetro a 550 nm. Os resultados foram expressos em mg de catequina.100g-1 em base seca. b) Método da vanilina (MV) Este método depende da reação da vanilina com os taninos condensados para formação de complexos coloridos, foram homogeneizados 0,5 g de amostra em 30 mL de acetona. A mistura foi filtrada e o resíduo ressuspenso em 30 mL da solução aquosa de acetona. A mistura reacional foi constituída por 0,5 mL do extrato, 3 mL da solução metanólica vanilina e homogeneizados. Posteriormente foram adicionados 1,5 mL de HCl, e novamente agitados. Procedeu-se a leitura em espectrofotômetro a 500 nm. Os resultados foram expressos em mg de catequina.100g-1 em base seca. Determinação de taninos hidrolisáveis (TH) Os taninos hidrolisados foram determinados de acordo com o método adaptado de BRUNE et al. (1991). Para obtenção das curvas analíticas utilizou-se soluções padrão com concentrações variando entre 0,005 a 0,350 mg GAE.mL-1. As leituras das absorbâncias foram realizadas em espectrofotômetro a 578 nm. Os resultados foram expressos em mg de ácido gálico (GAE) por 100 g de amostra seca.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos foram representados na tabela 1 e mostraram um teor de compostos fenólicos, mais precisamente de Taninos hidrolisáveis e de Taninos Condensados consideravelmente auto no Jenipapo. Segundo Figueredo (1986) e colaboradores, o teor de Taninos Totais na polpa madura do Jenipapo foi de 254,55 mg a cada 100g de amostra. O valor obtido de taninos totais pela referida análise, somando-se os valores de taninos hidrolisáveis e taninos condensados. Para taninos condensados foram utilizados dois métodos, o primeiro, utilizando o reagente vanilina, específico para uma classe de compostos que apresenta uma ligação simples na posição 2,3 e grupos hidroxila em posições alternadas no anel. Catequinas e taninos reagem com a vanilina na presença de HCl para produzir um produto de condensação vermelho. (DESHPANDE, et al, 1986). O segundo método foi o butanol acidificado, nessa determinação, as subunidades do tanino condensado são oxidativamente clivadas para fornecer antocianidinas, que são vermelhas em meio ácido. Esse método é identificado como mais eficiente devido a sua alta seletividade, portanto, o teor de taninos mais provável e com uma menor margem de erro é, conforme a tabela apresentada de 20,21±1,52.

Teor de taninos em Jenipapo Genipa americana L

Conclusões

De acordo com os resultados observados constatou-se que as casca do jenipapo apresentaram uma boa fonte de fenólicos totais com potencial antioxidante expressado pelos métodos avaliados. Pelos resultados observados sugere-se estimular o consumo na dieta tradicional bem como na produção de produtos derivados.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica- PIBIC/CNPq da UESB pelo apoio financeiro.

Referências

BRUNE, M.; HALLBERG, L.; SKANBERG, A. Determination of Iron-binding Phenolic groups in Foods. Journal of Food Science, v. 56, p. 128-131, 1991.

CARVALHO, P. E. R. 1994. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, Colombo. p.640.

FIGUEREDO, L.M.; MAIA, G.A; HOLANDA, L.F.F; MONTEIRO, J.C. Características físicas e químicas do jenipapo, Pesquisa Agropecuária Brasileira., 21(4) ; 421-428,abr. 1986.

PORTER, L. H.; HRSTICH, L.N.; CHAN, B. C. The conversion of procyanidins and prodelphinidins to groups in foods. Journal of Food Science, v. 56, p.128-132, 1991.

SANTOS, S. da C.; MELLO, J.C.P. de. Taninos In/; SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. (Org). Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre/; Editora da Universidade; Florianópolis/; EdUFSC, p.323-354, 1999.

SOARES, S.E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista de Nutrição, v. 15, n. 1, p. 71-81, 2002.