ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Lino Barbosa, K. (UFC) ; Leite de Oliveira, L.M. (UFC) ; Mota da Silva, A.M. (UFC) ; Sousa Sabino, L.B. (UFC) ; Figueiredo, R.W. (UFC) ; Silva de Lima, A.C. (UFC) ; Siqueira Oliveirade, L. (UFC)
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo identificar os compostos bioativos presentes na parte comestível dos frutos de castanhola. Os frutos foram colhidos no Campus na Universidade Federal do Ceará e transportados para o Laboratório de Processamento de Frutos do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Foram analisados o conteúdo de antocianinas, flavonóides amarelos e os carotenóides β- caroteno e licopeno. Os resultados apontaram que os frutos de castanhola apresentaram elevados teores de antocianinas (34,31 ± 0,23 mg.100g-1) e flavonóides (20,71 ± 0,24 mg.100g-1), fitoquímicos importantes ao organismos devido o seu potencial antioxidante. Sugere-se a introdução deste fruto na dieta diária, o que contribuiria para a ingestão destes compostos, acarretando em benefícios ao organismo.
Palavras chaves
castanhola; bioativos; antocianinas
Introdução
Muito se sabe a respeito do potencial de compostos fitoquímicos presentes em frutas devido sua ação antioxidante no organismo humano, prevenindo doenças típicas do homem moderno. Diversas pesquisas apontam que compostos fenólicos, como os flavonóides, demonstram a capacidade de captar radicais livres e efeitos positivos na prevenção de enfermidades cardiovasculares e circulatórias (NESS & POWLES, 1997; STOCLET et al., 2004), cancerígenas (WANG & MAZZA, 2002; KATSUBE et al., 2003), no diabetes e no mal de Alzheimer (HERTOG et al., 1997; ISHIGE et al., 2001; ABDILLE et al., 2005. Estudos recentes relatam as propriedades de vários compostos fitoquímicos, como compostos fenólicos presentes em frutas, atuando com eficácia nas infecções causadas por microrganismos como o Helicobacter pylori (VATTEN et al., 2005) e na indução da apoptose (YEH & YEN, 2005) Devido a sua extensão territorial e diferentes condições climáticas o Brasil abriga uma imensa quantidade de árvores frutíferas algumas exóticas, como é o caso da castanholeira (Terminalia catappa L.). As frações comestíveis do fruto da castanhola (casca, polpa e semente) são pouco utilizadas na alimentação humana mesmo apresentando sabor agradável, e bom valor nutricional (GILMAN e WATSON, 1994; LORENZI et al., 2003). Observa-se que diversos estudos buscam explorar espécies vegetais acessíveis, caracterizando seu potencial bioativo, como uma maneira de promover sua utilização e conhecimento. Deste modo o desenvolvimento do presente trabalho teve como objetivo quantificar os principais bioativos presentes na parte comestível da castanhola.
Material e métodos
Os frutos de castanhola foram colhidos no Campus da Universidade Federal do Ceará, e encaminhados ao Laboratório de Processamento de Frutos e Hortaliças do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará, onde foram higienizados, despolpados e armazenados em potes de polietileno até o momento das análises. Para determinação de flavonóides e antocianinas, seguiu-se a metodologia descrita por Francis (1982) com adaptações. Pesou-se 1g da amostra em um Erlenmeyer envolto com papel alumínio acrescendo em seguida 10 mL da solução extratora de etanol acidificado (etanol 95 % + HCL 1,5 N). Após homogeneização, o conteúdo foi transferido para um balão volumétrico de 50mL (sem filtrar) e aferiu-se o volume com a solução extratora. O material ficou sob refrigeração, em repouso, por uma noite na ausência de luz. Posteriormente, foi efetuada a em seguida, foi realizada a leitura em espectrofotômetro digital, no comprimento de onda de 535nm para antocianinas e 374nm para flavonóides. O “branco” foi composto apenas da solução extratora. O resultado foi expresso em mg.100 g-1. Obteve-se o teor antocianinas totais e flavonóides por meio da fórmula: Absorbância x fator de diluição/98,2. Para a quantificação de β- caroteno e licopeno 1 grama da amostra foi pesada em tubos de ensaio e a elas acrescentada 10mL da solução extratora acetona:hexano (4:6). O sistema ficou sob agitação durante 1 minuto, sendo posteriormente filtrado e realizado a leitura em espectrofotômetro nos comprimentos 453nm, 505nm, 645nm e 663nm, segundo a metodologia descrita por Nagata e Yamashita (1992).Todas as análises foram realizadas em quadriplicatas e os resultados expressos em média e desvio padrão.
Resultado e discussão
Os resultados para os bioativos nos frutos de castanhola encontram-se na Tabela
1. A média verificada para antocianinas foi de 34,31±0,23 mg.100g-1. Estudos
apontam as antocianinas como um grupo químico que quando ingerido na dieta, atua
de modo benéfico, controlando pressão arterial bem como o diabetes e a
hipoglicemia (SCHARRER & OBER,1981; MURRAY,1997). Outros estudos apontam também
ação favorável na prevenção de colesterol (KADAR,1979). Os resultados aqui
avaliados foram superiores ao detectado por Lima (2012) que foi 9,95±1,24mg para
cada 100 gramas de polpa do fruto. Os valores detectados por Rufino (2010) ao
estudar alguns frutos tropicais não tradicionais também não foram superiores os
quantificados na presente pesquisa (bacuri 0,3±0,2mg.100g-1; carnaúba
4,1±0,1mg.100g-1; gurguri 3,3±0,2mg.100 g-1). Para a polpa e semente de
castanhola Lima (2012) quantificou respectivamente 45,7±4,82 e
13,05±0,90mg.100g-1. A presente pesquisa quantificou apenas flavonóides amarelos
(20,71±0,24mg.100g-1) mostrando-se superior ao detectado pelo referido autor
para a semente do fruto. Os flavonóides podem ser consumidos através de frutas,
verduras e legumes atuando como antioxidantes naturais. O conteúdo de β-caroteno
e licopeno foram respectivamente 1,68±0,03 e 0,88±0,016mg.100g-1. Esses
carotenóides são potentes antioxidantes naturais encontrados em frutos como
acerola e tomate, combate ao estresse oxidativo promovido pelos radicais livres
normalmente produzidos pelo nosso organismo. A inclusão destes compostos na
dieta cotidiana, vem a ser uma alternativa para garantir a prevenção contra
doenças características da sociedade moderna como o câncer. Em seus estudos Lima
(2012) detectou para a polpa e semente de castanhola valores de β-caroteno de
2,81±0,12 e 0,86±0,04 mg.100g-1.
Conclusões
Observa-se que os frutos da castanholeira aqui avaliados, apresentaram valores elevados de antocianinas e flavonóides amarelos, sugerindo um potencial antioxidante elevado destes frutos. Deste modo sugere-se a introdução deste fruto não tradicional na dieta, o que contribuiria para a ingestão de fitoquímicos antioxidantes, acarretando em benefícios ao organismo.
Agradecimentos
Referências
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