ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Alimentos
Autores
Sabino, L.B.S. (UFC) ; Barbosa, K.L. (UFC) ; Nogueira de Oliveira, L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Silva de Lima, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; de Figueiredo, R.W. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Morais Ribeiro da Silva, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Leite de Oliveira, L.M. (UFC) ; Bandeira dos Santos, S.E. (UFC)
Resumo
O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o conteúdo bioativo de polpa de banana liofilizada. Os frutos foram adquiridos no comércio de Fortaleza, Ceará e foram liofilizados no Laboratório de Frutos e Hortaliças na Universidade Federal do Ceará. Do material analisou-se o conteúdo de vitamina C, carotenóides totais, antocianinas, flavonóides amarelos e fenólicos sendo os resultados expressos em relação ao material seco. Observou-se que o material obtido apresentou elevado conteúdo dos bioativos analisados como foi o caso dos fenólicos (598,12 mg.100g-1) e antocianinas (93,8 mg.100g-1) que são considerados excelentes antioxidantes naturais. Destacou-se também o conteúdo de vitamina C que correspondeu a 34% da recomendação diária recomendada quando ingeridos 100 gramas do material.
Palavras chaves
Banana; Liofilização; Bioativos
Introdução
A secagem é um dos processos disponíveis para a aplicação na indústria de polpas de frutas, concentrando os princípios da matéria-prima e tornando o produto próprio para o armazenamento em condições ambientais por um período mais prolongado (Gomes et al., 2004). A desidratação por liofilização, spray-dryer, leite de jorro, são exemplos de boas técnicas para aproveitar o excedente da produção, disponibilizando para o mercado consumidor produtos estáveis e seguros (Roquespecht; Maia, 2002). A desidratação dos alimentos geralmente causa poucas alterações, sendo algumas destas desejáveis, como a perda de água, por técnicas adequadas com a consequente concentração dos nutrientes por unidade de peso. A boa aceitação da banana (Musa paradisíaca) se deve aos seus aspectos sensoriais e ao valor nutricional, consistindo em fonte energética, devido à presença de carboidratos, minerais e vitaminas. Essa aceitação pode ser devido, por exemplo, a ausência de sementes duras e de suco na polpa, além de sua disponibilidade durante todo o ano (Fasolin et al., 2007). Na literatura existem muitas pesquisas desenvolvidas com polpa de fruta em pó. Observa-se,entretanto, que são poucos os que caracterizam a banana liofilizada. Neste contexto o presente trabalho objetivou avaliar o conteúdo bioativo do pó obtido da polpa de banana liofilizada.
Material e métodos
As bananas foram adquiridas no comércio local de Fortaleza, Ceará, e transportadas para o Laboratório de Processamento de Frutas e Hortaliças, a Universidade Federal do Ceará. Os frutos foram higienizados, descascados, sendo a polpa cortada, congelada e posteriormente liofilizada. O material seco foi triturado em liquidificador industrial e armazenado a -18°C. Para determinação de flavonoides amarelos e antocianinas, seguiu-se a metodologia descrita por Francis (1982) utilizando como solução extratora etanol acidificado. O extrato permaneceu sob refrigeração, por 16 horas sendo efetuada leituras espectrofotométricas no comprimento de onda de 535nm para antocianinas e 374nm para flavonóides. Para a quantificação de carotenóides 1g da amostra foi pesada em tubos de ensaio e a elas acrescentada 10mL da solução extratora acetona:hexano (4:6). O sistema ficou sob agitação durante 1 minuto, sendo posteriormente filtrado e realizado a leitura em espectrofotômetro nos comprimentos 453nm, 505nm, 645nm e 663nm, segundo a metodologia descrita por Nagata e Yamashita (1992). O conteúdo de vitamina C foi determinado segundo a metodologia proposta por Strohecker e Henning (1967) através do método titulométrico, baseado na redução do indicador 2,6-diclorofenolindofenol 0,02% pelo ácido ascórbico, sendo os resultados expressos em mg de ácido ascórbico por 100 gramas de amostra. O conteúdo de polifenóis extraíveis totais (PET) foi determinado por meio do reagente de Folin & Ciocalteu (Sigma), utilizando uma curva padrão de ácido gálico como referência, conforme metodologia descrita por Larrauri et al., (1997). Os resultados foram expressos em mg de ácido gálico em 100g de amostra. Todas as análises foram realiza em triplicata e os resultados expressos em média e desvio padrão.
Resultado e discussão
Encontram-se na Tabela 1 os resultados referentes aos compostos bioativos
analisados no pó de polpa de banana. A média verificada para antocianinas e
flavonoides foi de 93,8 ± 0,01 e 121,8 ± 0,02 mg.100g-1 respectivamente. As
antocianinas e os flavonoides amarelos são compostos responsáveis pelas
diferentes colorações em frutos. Alguns frutos como uva e goiaba são
considerados fonte de antocianinas apresentando respectivamente 30,9 e
23,7.100mg-1 (Kuskoski et al, 2006) valores inferiores ao encontrado neste
estudo. Os referidos compostos quando ingeridos na dieta, atuam de modo benéfico
no organismo, controlando pressão arterial bem como o diabetes e a hipoglicemia
(Scharrer & Ober, 1981; Murray,1997).
Por serem nutrientes com comprovada ação antioxidante, a vitamina C e os
carotenóides, têm sido alvo de diversos estudos, uma vez que estão associados à
prevenção de certos tipos de cânceres (Byers e Perry ,1992). Os valores
detectados no presente estudo foi 20 e 35,98 mg.100g-1 para vitamina C e
carotenóides totais, respectivamete. Matsura et al (2002) detectaram para polpa
banana Pacovan um conteúdo de vitamina C igual a 9,06 mg.100 g-1, sendo
inferior ao aqui registrado, possivelmente devido a concentração deste composto
devido ao processo de secagem. No Brasil, a ingestão diária recomendada (IDR) de
vitamina C para adultos é de 60mg, sendo os resultados aqui verificados
correspondente a 34% de sua IDR.
O conteúdo de compostos fenólicos totais no estudo foi igual a 598.12 mg.100g-
1.Esses compostos são bioativos que quando ingeridos apresentam efeitos
relacionados a atividades antivirais, anti-inflamatórias, antialérgicas,
antimutagências/anticarcinogênicas, anticolesterolêmicas e antioxidante
(Sanchez- Moreno, 2002,).
Conclusões
A polpa liofilizada de banana apresentou elevado conteúdo de compostos fenólicos, antocianinas, flavanoides amarelos, carotenóides e vitamina C o que representa uma fonte potencial de antioxidantes naturais para a dieta humana.
Agradecimentos
Referências
BYERS, T. e PERRY, G. Dietary carotenes, Vitamin C, and Vitamin E as protective antioxidants in Human Cancers. Ann. Rev. Nutr. V. 12, p. 139-159, 1997.
FASOLIN, L.H.; ALMEIDA, G.C.; CASTANHO, P.S.; NETTO-OLIVEIRA, E. R.Chemical, physical and sensorial evaluation of banana meal cookies. Ciênc.Tecnol. Aliment. v. 27, n.3, p. 787-792, 2007.
FRANCIS, F.J. Analysis of anthocyanins. In: MAR, KAKIS, P. (ed). Anthocyanins as food colors. New York: Academic Pres,1982. p. 181-207.
GOMES, P.M.A.; FIGUEIREDO, R.M.F.;QUEIROZ, A, J .M. Armazenamento da polpa de acerola em pó a temperatura ambiente. Ciênc. Tecnol. Aliment., v. 24, n.3 p. 384-389, 2004.
KUSKOSKI, E. M. et al. Frutos tropicais silvestres e polpas de frutas congeladas e atividade antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciência Rural, v.36, n.4,1283-1287, 2006.
LARRAURI, J. A.; RUPÉREZ, P.; SAURA-CALIXTO, F. Effect of drying temperature on the stability of polyphenols and antioxidant activity of red grape pomace peels. J. Agric. Food Chem. Vol. 45, p. 1390 – 1393, 1997.
MATSUURA, F.C.A.U.; CARDOSO, R.L.; RIBEIRO, D.E. Qualidade sensorial de frutos de híbridos de bananeira cultivar Pacovan. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.1, p.263-266, abril 2002.
NAGATA, M. ;YAMASHITA, I. Simple method for simultaneous determination of chlorophyll and carotenoids in tomato fruit. J. Japan. Soc. Food Sci. Technol., v.39, n. 10, p. 925-928, 1992.
ROQUE-SPECHT, V. F.; MAIA, M. S. Avaliação da perda de umidade de cinco variedades de tomate, através de secagem artificial. Higiene Alimentar, v. 16, n. 94, p. 30-32, 2002.
SCHARRER, A.; OBER, M.; “Anthocyanosides in the treatment of retinopathies”; Klin Monatsbl Augenheikd; 1981, 178(5), p. 386.
SÁNCHEZ-MORENO, C. Compuestos polifenólicos: efectos fisiológicos. Actividad antioxidante. Alimentaria, v. 38 (329), p.29-40, jan./fev., 2002.
STROHECKER, R.; HENNING, H.M. Análises de vitaminas: métodos comprovados, Madrid: Paz Montolvo, 1967. 428 p.