Autores

de Castro e Silva, Y.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Miranda Nunes, F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)

Resumo

As iniciativas extensionistas visam promover a interação entre universidade e sociedade por meio de ações que atendam às demandas sociais e possibilitem o compartilhamento dos conhecimentos produzidos na academia. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atuação e a contribuição de três projetos de extensão universitária voltados para o ensino de Química em três escolas de ensino médio da rede pública da cidade de Fortaleza/CE. Uma pesquisa investigativa foi desenvolvida envolvendo a observação das atividades desenvolvidas pelos projetos selecionados e a aplicação de dois questionários de satisfação. Por meio dos dados coletados, concluiu-se que os projetos analisados foram avaliados por alunos e professores como iniciativas que contribuem para a aprendizagem significativa.

Palavras chaves

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA; ENSINO DE QUÍMICA; METODOLOGIAS ATIVAS

Introdução

A Química é uma ciência ampla que está constantemente presente em diversos contextos do cotidiano. No entanto, por ser uma disciplina de caráter mais abstrato, muitos alunos ainda relatam dificuldades de compreensão. A dificuldade dos estudantes em relacionar os conceitos químicos com o cotidiano faz com que estes não sejam capazes de visualizar a relevância que o entendimento desses assuntos tem para as suas vidas, o que acaba influenciando na visão errônea de que aprender química não é importante para o seu desenvolvimento social (NUNES; ARDONI, 2010). Assim, considerando que as práticas pedagógicas possuem influência direta na aprendizagem dos alunos, faz-se necessário a utilização de metodologias e recursos mais interativos, que fortaleçam a relação professor- aluno, contribuam com a contextualização das temáticas estudadas e despertem a participação ativa dos estudantes (SOARES et al., 2021). Regulamentadas pela Constituição de 1988, as iniciativas extensionistas visam promover a interação entre sociedade e universidade como uma forma de atender às demandas sociais (BRASIL, 2018). Tais iniciativas tornam-se aliadas dos professores na medida em que têm a capacidade de detectar problemas e desenvolver atividades articuladas e adaptadas às demandas dos professores e alunos em sala de aula. Tendo isso em vista, este trabalho objetivou avaliar as atividades desenvolvidas por quatro projetos de extensão atuantes em três escolas da rede pública da cidade de Fortaleza/CE e sua contribuição para o ensino e a aprendizagem de Química, bem como a influência destes no interesse dos estudantes por essa disciplina.

Material e métodos

Tendo como base o contexto e os objetivos anteriormente apresentados, a pesquisa foi desenvolvida por meio de uma metodologia de natureza investigativa e qualitativa organizada nas seguintes etapas: levantamento dos projetos de extensão existentes na Universidade Federal do Ceará (UFC) e vinculados ao curso de Química, seleção dos projetos a serem avaliados, preparação e aplicação de questionários avaliativos para alunos e professores das escolas nas quais esses projetos são realizados. Foram selecionados três projetos de extensão atuantes em escolas da rede estadual de ensino da cidade de Fortaleza/CE e vinculadas à UFC. O critério de escolha foi o desenvolvimento de metodologias e estratégias de ensino/aprendizagem voltadas para o ensino médio. A coleta dos dados foi realizada através do desenvolvimento e aplicação de dois questionários eletrônicos. O primeiro foi destinado aos alunos das escolas contempladas com a atuação dos projetos de extensão selecionados e continha dez questões, sendo nove perguntas objetivas e uma subjetiva. O segundo questionário foi destinado aos professores da disciplina de química dessas escolas e foi composto por doze questões, sendo nove objetivas e três subjetivas. Os questionários foram desenvolvidos por meio da plataforma Google Forms e utilizou-se uma escala de mensuração do tipo Likert para a coleta de dados. Ao todo, participaram da pesquisa um professor da disciplina de química de cada uma das escolas, contabilizando um total de três professores, e 157 alunos, distribuídos nas séries de 1º, 2º e 3º anos do ensino médio, sendo 60 alunos da escola EEM Professora Adalgisa Bonfim Soares, 37 alunos da escola EEEP Leonel de Moura Brizola e 60 alunos da escola EEMTI Santo Afonso.

Resultado e discussão

Por meio de buscas no portal da UFC, encontrou-se um total de apenas nove ações vinculadas ao curso de Química durante o período de 2021 a 2022, das quais a maioria (66,67 %) está voltada para a realização de atividades na área de Educação. De acordo com a análise dos questionários, percebeu-se que a Química é uma disciplina que divide opiniões e muitos alunos ainda afirmaram sentir dificuldades de compreensão dos conteúdos a ela relacionados. Os professores relataram que, em virtude das demandas do cronograma escolar, nem sempre é possível investir em metodologias e abordagens de estudo mais adequadas. Com base na análise geral das respostas (Figuras 1 e 2), percebe-se que, em sua maioria, tanto alunos quanto professores consideram os projetos de extensão como ações de grande relevância para o ensino e aprendizagem no dia a dia das escolas, reconhecendo suas contribuições para uma abordagem mais dinâmica dos conteúdos por meio da utilização de metodologias mais interativas. No que diz respeito à análise individual dos projetos avaliados, todos tiveram boa aceitação e a maioria dos estudantes relatou gostar das atividades desenvolvidas e mostrou-se disposta em participar de outras ações do mesmo tipo. Destaca-se a preferência pelo uso de abordagens experimentais. Dominguini et al. (2014) defende que “[...] a extensão pode vir a contribuir para difundir o conhecimento da química, teórica e experimental, para alunos que não tem acesso e possibilidade de frequentar aulas práticas”. Ao se utilizarem de abordagens diferentes das metodologias tradicionais reproduzidas na sala de aula, em especial das atividades experimentais e lúdicas, os projetos de extensão conseguem trazer para os estudantes um novo olhar sobre a Química, despertando o interesse destes por essa ciência.

Quantitativo das respostas do alunos

Respostas dos alunos ao questionário de satisfação \r\nquanto à atuação dos projetos de extensão

Quantitativo das respostas dos professores

Respostas dos professores ao questionário de \r\nsatisfação quanto à atuação dos projetos de \r\nextensão

Conclusões

Por meio das análises feitas neste trabalho, é possível concluir que o estabelecimento de vínculos universidade/escola por meio das atividades de extensão, além de contribuir para a formação dos licenciandos, são uma alternativa de facilitação dos processos de ensino e aprendizagem, contribuindo para despertar o interesse dos estudantes pela Química. Além disso, a interação entre graduandos e professores do ensino básico é uma importante forma de troca de experiências que auxilia no compartilhamento de ideias e conhecimentos entre atuais e futuros docentes.

Agradecimentos

Referências

NUNES, A. S.; ADORNI, D. S. O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos. In: ENCONTRO DIALÓGICO TRANSDISCIPLINAR, 2010. Educação e conhecimento científico. Vitória da Conquista, 2010.
SOARES, M. de S.; MAURIZ, T. R. de M.; AYRES, M. C. C.; SILVA, J. S. da; COSTA, C. R. de M. da; LIMA, J. F.; MOURA, L. F. W. G. O uso de metodologias ativas de ensino por professores de Ciências nas escolas de Angical - PI. Research, Society and Development, v. 10, n. 13, 2021.
BRASIL. Resolução nº 7/Conselho Nacional de Educação, de 7 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e dá outras providências. Brasília, DF, 2018. Disponível em: https://prex.ufc.br/wp-content/uploads/2020/11/brasil-govfederal-rces007-18.pdf. Acesso em: 06 jun. 2022
DOMINGUINI, L.; BIASI, L. H. de; MARQUES, J. A.; MARTINS, J. C.; FIGUEIREDO, A. P.; GIASSI, M. G. Projeto de extensão como ferramenta na difusão de conhecimentos químicos. UDESC em Ação. Joinville-SC, v.8, n. 2, 2014. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/cidadaniaemacao/article/view/4416. Acesso em: 19 jun. 2022