Autores
Lima, L.K. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Ferraz, J.M.S. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Soares, E.M.C. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Farias, J.S. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Silva, G.F. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Miranda, A.X. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Figueirêdo, A.M.T.A. (IFPB - JOÃO PESSOA)
Resumo
O ensino de Química é de suma importância na formação educacional dos discentes, no entanto, é considerado, pela maioria deles, complexo e abstrato. Todavia, essa problemática aumentou, sobretudo, durante a pandemia do Covid-19. Nessa perspectiva, o objetivo do presente trabalho foi comparar os resultados da realização de uma atividade de ensino denominada “Minicurso de Matemática Básica e a Utilização Correta da Calculadora Científica”, executada na modalidade remota e presencial, promovida pelo Programa de Educação Tutorial – PET Química. A metodologia do trabalho foi de cunho qualitativo e participante. Logo, os resultados demonstram que diante dos problemas apresentados, foi possível proporcionar o entendimento e a construção dos conhecimentos dos discentes na atividade.
Palavras chaves
Matemática Básica; Calculadora Científica; Ensino de Química
Introdução
A disciplina de Matemática desempenha um papel crucial na educação, fornecendo habilidades e ferramentas necessárias para compreender e solucionar problemas de diversas magnitudes. Contudo, é considerada, pela maioria dos discentes, como sendo de difícil compreensão, preenchendo um lugar de “destaque” no âmbito educacional, por lidar com um alto nível de abstração, e por não existir, para eles, uma representação direta com o mundo físico. Dentro desse contexto, é essencial a contextualização no ensino para relacionar os conceitos aprendidos em sala a situações reais e práticas do cotidiano. Para Borges e Luz Júnior (p. 111, 2019), “a contextualização assume um papel mais significativo devido aos arranjos sistemáticos de um contexto social interligado com conhecimento científico e tecnológico”. Além disso, a Matemática desempenha um papel fundamental em outras áreas do conhecimento, sendo categórica para compreender e descrever diversos fenômenos, como por exemplo, os químicos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 2002 enfatizam que, “a Matemática, linguagem onipresente, distribuirá transversalmente às demais ciências seus temas estruturadores, relacionados respectivamente aos números, às formas e à análise de dados” (BRASIL, 2002, p. 111). Ademais, em concernência à interdisciplinaridade, os PCNs (2002) ainda destacam que: “A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser: o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários”. (BRASIL, 2002, p. 88-89). Barboza (2016) discorre que “a interdisciplinaridade tem objetivo de unir as disciplinas envolvidas nesse processo, sem a intenção de eliminar suas particularidades, mas valorizar seus conceitos que podem ser trabalhados de forma interativa e atrativa despertando o interesse dos alunos.” Sendo assim, a confluência das disciplinas, como a Química e a Matemática, é primordial para um ensino mais articulado e sistematizado aos eixos de conhecimento. Nessa perspectiva, sabendo que no curso de Licenciatura em Química a Matemática é essencial para a compreensão e resolução de problemas quantitativos, ainda se observa que a maioria dos educandos possui dificuldades em assuntos oriundos da matemática básica e da execução de cálculos simples e complexos utilizando a calculadora científica. Tal fato é exacerbado, tendo em vista que, em algumas calculadoras, existem variedades de funções e recursos tecnológicos diversos, além disso, muitas não possuem uma interface intuitiva, o que dificulta a resolução de cálculos pelos estudantes. Almejando auxiliar os licenciandos em Química nesses fatores supramencionados, foi promovida uma atividade de ensino para ajudar a rever conceitos básicos fundamentais da Matemática e aprofundar o entendimento sobre alguns conteúdos químicos de maneira interdisciplinar e contextualizada. De acordo com Andriguetto, Cardoso e Luchese (2019): “a aplicação de uma prática de ensino interdisciplinar e contextualizada contribui para o desenvolvimento do aluno em todos os componentes curriculares, tornando-o uma pessoa mais crítica e participativa” o que reforça a importância da atividade. Portanto, buscando superar essas problemáticas no ensino de Química, o trabalho em tela teve como objetivo principal a realização de uma atividade que discorreu em um minicurso, promovida pelo Programa de Educação Tutorial – PET Química, sobre as noções gerais de Matemática básica e o manuseio correto da calculadora científica, para ingressantes do curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal da Paraíba - IFPB, Campus João Pessoa.
Material e métodos
A presente atividade foi realizada com base nas metodologias qualitativa e participante. Em conformidade com Alcântara e Vesce (2008, p. 2209), a metodologia qualitativa “caracteriza-se por ser mais participativa e menos controlável, já que os elementos participantes podem orientar os caminhos da pesquisa mediante suas interações com o pesquisador”. Enquanto que a metodologia participante segundo Chizzotti (2018), envolve o pesquisador diretamente com o fenômeno estudado, registrando as ações dos participantes dentro do seu contexto natural, levando em consideração suas perspectivas e pontos de vista. A atividade de ensino desenvolvida pelo PET Química, do IFPB Campus João Pessoa, foi o minicurso “Noções Básicas de Matemática e o Manuseio Correto da Calculadora Científica” que tem como objetivo mitigar as dificuldades dos discentes do primeiro período do curso Superior de Licenciatura em Química, em alusão aos conteúdos matemáticos e ao manuseio da calculadora científica. Nesse segmento, a atividade apresentou uma carga horária de 10 (dez) horas. No semestre de 2022.1, o minicurso foi ofertado de forma remota em virtude da proliferação do vírus Sars-CoV-2, responsável pelo Covid-19, com isso foram analisados alguns desafios oriundos do ensino não presencial. Enquanto que, no semestre de 2022.2, o minicurso já foi ofertado de forma presencial. Dessa maneira, o trabalho em tela, almejou verificar os principais contrastes entre o minicurso na versão remota e presencial. A análise dos resultados será fragmentada em 3 (três) momentos elencados: i) Momento 1: Aplicação remota; ii) Momento 2: Aplicação presencial; iii) Momento 3: Comparativo entre as duas modalidades de aplicação do minicurso.
Resultado e discussão
Momento 1: Aplicação remota
Nesta seção, serão apresentados os resultados e as discussões relacionados ao
minicurso de matemática básica e a utilização correta da calculadora científica,
que foi aplicado remotamente devido ao distanciamento social oriundo da pandemia
do Covid-19. Para apresentação do minicurso, foram utilizados slides elaborados
na plataforma digital “PowerPoint”, por meio do Google Meet, uma plataforma
ampliada na realização de reuniões online, frequentemente utilizada no período
pandêmico pelas escolas e universidades (ROCHA et al., 2020).
O estudo envolveu um total de 14 (quatorze) alunos ingressantes do curso de
Licenciatura em Química do IFPB, Campus João Pessoa. No momento da aplicação do
minicurso remoto, foram verificados alguns resultados significativos que
destacaram os desafios do ensino não presencial. Assim, foi observado que no
referido período, os alunos enfrentaram dificuldades relacionadas à falta de
interação, limitações tecnológicas e menor assistência individualizada, o que
pode ter afetado sua apreensão dos conceitos propostos.
Tais desafios são inerentes ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e devem
ser considerados como fatores que influenciaram os resultados do minicurso. Uma
vez que, apesar do AVA ter sido bem planejado pelo grupo PET Química, durante as
sessões da atividade, os participantes frequentemente utilizavam o recurso de
"levantar a mão" do Google Meet para expressar suas dúvidas. Essa necessidade se
relacionava a problemas de conexão à internet enfrentados por alguns discentes,
o que resultou numa baixa taxa imediata de esclarecimentos, quanto aos
questionamentos do público-alvo.
Essas falhas de comunicação e interação dificultaram, em alguns momentos, a
experiência de aprendizagem dos graduandos. Adicionalmente, foi observada uma
ampla gama de perguntas com relação ao manuseio da calculadora científica. Como
os estudantes estavam fisicamente distantes dos ministrantes, em alguns casos,
eles enfrentaram desafios para expressar suas dúvidas no uso adequado da
calculadora.
Com a finalização da atividade, foi disponibilizado para a turma um instrumento
avaliativo digital, contendo questões referentes aos conteúdos apresentados no
minicurso e também relativo à validação dos discentes quanto à metodologia
proposta na atividade. Com isso, constatou-se que apesar dos impasses
identificados durante a análise qualitativa, as respostas dos alunos no
questionário foram extremamente positivas. Nas perguntas relacionadas à
Matemática e ao uso da calculadora, foi obtido um total de 90% de acertos,
indicando uma assimilação efetiva dos conhecimentos.
Além disso, os estudantes demonstraram alta satisfação com a metodologia
adotada, avaliando a ação com a nota máxima em todas as 14 (quatorze) respostas.
Isso evidencia o reconhecimento da qualidade do minicurso. Mesmo com os
problemas causados pela pandemia, a atividade foi considerada satisfatória e
alcançou a maioria dos objetivos estabelecidos pelos idealizadores.
Portanto, os resultados obtidos refletem a relevância da ação e do seu impacto
no aprendizado. Essas informações reforçam a importância de adaptar as
estratégias de ensino e explorar os diversos recursos virtuais e tecnológicos no
campo educacional. Dessa maneira, a atividade demonstrou-se bem aplicável para
assimilação das dimensões interdisciplinares da disciplina de Química, no
entanto, necessita de novos planejamentos e alguns reajustes para superar as
problemáticas identificadas devido ao ensino remoto emergencial.
Momento 2: Aplicação presencial
No que tange à aplicação do minicurso de matemática e calculadora científica
presencialmente, esta teve início pela exposição e explicação do conteúdo de
matemática básica, por meio de slides apresentados no PowerPoint. Em seguida,
foi realizada uma demonstração do uso da calculadora científica. A atividade
teve a participação de 18 (dezoito) estudantes matriculados no primeiro período
do curso de Licenciatura em Química do IFPB, Campus João Pessoa.
Foi possível observar resultados importantes na aplicação presencial, como por
exemplo, a interação com os participantes que foi extremamente proveitosa para a
construção da cognoscibilidade nos discentes. O contato direto permitiu um
ambiente de aprendizagem mais enriquecedor, possibilitando trocas de
conhecimentos e o esclarecimento de dúvidas de forma imediata. Além disso,
notou-se que a dinâmica do minicurso presencialmente motivou uma maior
participação dos alunos, como é possível perceber na Figura 1, em que o aluno
está à frente respondendo questões referentes àquele momento, promovendo um
aprendizado mais significativo.
Ao final da atividade, foi disponibilizado um questionário avaliativo digital
para a turma. Como a coleta de dados das respostas dos discentes foi feita de
forma efetiva durante o ensino remoto, resolveu-se adaptar o material para o
ensino presencial também. O questionário continha questões referentes ao
minicurso, bem como a metodologia aplicada na atividade. Para as perguntas
alusivas à Matemática e à calculadora científica, houve um total de 95% de
acertos. Isso indica que os alunos compreenderam realmente os conceitos
abordados durante o minicurso.
Em relação às questões sobre a metodologia, a maioria dos discentes respondeu
que a metodologia utilizada durante o minicurso foi de extrema importância para
os acertos das questões concernentes à Matemática e ao uso da calculadora.
Momento 3: Comparativo entre as duas modalidades de aplicação do minicurso
Após a análise dos resultados oriundos das duas modalidades do minicurso, foi
realizado no terceiro e último momento um comparativo entre os dois modelos de
aplicação da atividade. Com isso, foram identificadas algumas diferenças
significativas. Por exemplo, no modelo presencial, foi observada uma maior
presença de estudantes em relação ao modelo remoto. Além disso, a participação
dos discentes durante as atividades foi mais ativa também no ambiente
presencial.
Isso se deve ao contato direto com os ministrantes, o que proporcionou aos
alunos uma maior facilidade em expressar suas dúvidas e receber um suporte
imediato. A interação “cara a cara” entre os graduandos do curso e os PETianos
(bolsistas do PET Química), possibilitou uma comunicação mais fluida e direta, e
contribuiu para um maior empenho da turma, permitindo uma troca de conhecimentos
mais dinâmica, facilitando o esclarecimento de dúvidas e estimulando a atuação
dos discentes nas discussões e atividades desenvolvidas.
Por outro lado, no modelo remoto, apesar das dificuldades relativas ao
distanciamento físico entre o grupo PET e a turma, vale ressaltar a aquisição de
novas competências específicas relacionadas ao uso das Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação – TDICs. O trabalho realizado no ensino remoto permitiu
aos pesquisadores explorar e desenvolver métodos adaptados para o ambiente
online, ampliando suas habilidades na criação de materiais e de metodologias
voltadas para o contexto pandêmico com o uso das TDICs.
Essas ações empregadas no ensino remoto acabaram por influenciar também o modelo
presencial, à medida que os pesquisadores puderam aplicar o conhecimento e as
práticas empenhadas durante o período atípico. Essa integração de abordagens e
tecnologias resultou em uma educação mais dinâmica e adaptada às demandas
contemporâneas.
Deste modo, mesmo diante dos empecilhos da pandemia, a resistência e a
adaptabilidade dos ministrantes, assim como dos professores, de forma geral,
permitiram um fortalecimento profissional para todos os envolvidos no processo
(SANTOS, 2022). Com isso, impulsionando-os a explorar novas possibilidades e
aprimorar suas práticas educacionais, tanto no modelo remoto, quanto no
presencial, consolidando uma abordagem mais tecnológica e inovadora no processo
de ensino e aprendizagem.
Registros da apresentação do minicurso presencial.
Conclusões
Diante do exposto, a importância do ensino de Química e de Matemática de forma interdisciplinar e contextualizada, utilizando recursos tecnológicos, é de fundamental importância para potencializar o aprendizado dos participantes em relação aos conceitos explorados. Apesar das dificuldades inerentes ao ambiente virtual, pode-se afirmar que foram obtidos resultados bastante satisfatórios em ambas modalidades de ensino: remota e presencial. No contexto remoto, as evidências obtidas revelaram desafios relacionados à ausência de interação interpessoal, restrições tecnológicas e menor assistência personalizada, os quais provavelmente impactaram a compreensão e aplicação dos conceitos pelos estudantes. No âmbito presencial, constatou-se uma maior participação estudantil e uma enaltecedora interação entre os participantes. Tal proximidade propiciou uma troca dinâmica de saberes de ambas as partes, promoveu a pronta resolução de dúvidas e estimulou a participação ativa dos alunos nas atividades propostas. Ao realizar uma comparação entre as duas modalidades, identificaram-se vantagens e desafios distintos em cada uma delas. Enquanto o modelo presencial ofereceu uma interação mais direta e apoio imediato aos estudantes, o formato remoto propiciou o desenvolvimento de habilidades relacionadas à utilização das TDICs. Destarte, a abordagem interdisciplinar e contextualizada, juntamente com a aplicação de tecnologias inovadoras, revelou-se eficazes para o ensino de Química e de Matemática.
Agradecimentos
Referências
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