Autores

Sousa, M.A.O.L. (UNIFESSPA) ; Silva, C.E. (UNIFESSPA) ; Lima, C.R. (UNIFESSPA) ; Bechara, E.F. (IFPA) ; Silva, M.N. (IFPA)

Resumo

O presente trabalho apresenta um relato de experiência vivenciada durante o Estágio Supervisionado II, do curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), realizado no Ensino Médio, com a aplicação do Jogo da Memória da Distribuição Eletrônica, realizado em 2023, em uma turma do 2º ano do ensino médio no Instituto Federal na cidade de Marabá. O objetivo era produzir novas metodologias de ensino que envolvessem mais os alunos, onde foi escolhido o jogo didático. O jogo foi bem recebido tanto pelo professor do curso quanto pelos alunos que se engajaram muito, demonstrando a sua relevância nas aulas de química para melhorar a aprendizagem dos conteúdos relacionados à distribuição eletrônica dos elementos químicos.

Palavras chaves

Ensino de Ciência-Química; distribuição eletrônica; Jogo da memória

Introdução

Segundo Milanesi (2008), a principal função da prática pedagógica é desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. O estágio supervisionado é um ambiente de aprendizado e formação profissional para o docente em desenvolvimento profissional uma vez que estabelece relação entre teoria e prática. O estágio permite novas formas de ensinar e aprender a profissão docente. Segundo Pimenta e Lima (2008). Assim, ele é visto como um campo de estudo que envolve a análise de dados e a intervenção educacional. É importante salientar que, para a realização desta matriz, todos os conteúdos são fundamentais para esse componente, pois trabalham conhecimentos e métodos a serem desenvolvidos durante a prática e na carreira profissional. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996, é obrigatório que os profissionais da educação sejam capacitados para estágios supervisionados, bem como para aproveitar as suas experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades que possam gerar conexões entre teorias e práticas (BRASIL, 1996). Sendo assim, o estagiário é responsável por tornar uma ponte de comunicação entre a universidade e a escola, trazendo para as aulas práticas os desafios e dificuldades enfrentados durante sua jornada como estagiário (KRASILCHIK, 2008). Segundo Pimenta (2001), o estágio também oferece aos estudantes uma complementação educacional e prática profissional que possibilitam o entendimento das suas futuras profissões, sendo um suporte essencial no aprimoramento de habilidades profissionais, recriando os saberes e práticas docentes e considerando as demandas do cotidiano escolar. Dessa forma, é possível notar as contribuições que o estágio traz para a formação do licenciando, além de permitir que ele crie a sua própria identidade profissional. De acordo com Pimenta e Lima (2004), o estágio é a base central na formação de professores, visto que é por meio dele que o profissional adquire conhecimento sobre os elementos essenciais para a formação da identidade e dos conhecimentos cotidianos. De acordo com Gisi, MARTINS e ROMANOWSKI, (2009), o estágio é uma forma de inserir na realidade, uma oportunidade de troca de conhecimentos entre o meio acadêmico e o âmbito escolar, sem se relacionar com outros educadores, contribuindo para a sua formação. Considerando que a disciplina de química abrange uma ampla variedade de tópicos a serem abordados, chegou-se à conclusão de que a utilização de jogos pedagógicos pode ser eficaz como uma ferramenta metodológica que visa aprimorar o processo de ensino-aprendizagem, tornando as aulas mais interativas e prazerosas. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), é mais importante que o ensino de química se dedique no desenvolvimento de habilidades e competências que permitam ao aluno lidar com as informações, compreendê-las, elaborá-las, quando for necessário (BRASIL, 2000). Neste cenário, Miranda (2001) afirma que é possível atingir diversos objetivos por meio do uso de jogos didáticos, estando atrelados ao desenvolvimento intelectual e da personalidade, elementos relevantes para a construção dos conhecimentos significativos e não mecânicos. De acordo com Aires (2009), para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais fácil, é cada vez mais comum o professor usar jogos e atividades lúdicas para incentivar o aluno a aprender química, o que resulta na diminuição da rejeição do conteúdo abordado em sala. Conforme Borges e Lima (2007) e Schwartz (1998), o jogo tem como objetivo resgatar lacunas no processo de ensino do professor e auxiliar na construção do conhecimento pelo discente. Para Longo (2012), a utilização de jogos didáticos como método de ensino é importante porque possibilita a aprendizagem e a compreensão do conteúdo de maneira lúdica, motivadora e divertida, permitindo uma estreita relação entre os conteúdos aprendidos e a vida cotidiana, tornando os alunos mais competentes para soluções criativas e eficazes para solucionar problemas do cotidiano escolar. Os jogos didáticos atuam como ferramenta prática que podem solucionar problemas como a falta de estímulos e aulas repetitivas de forma eficiente uma vez que os jogos associam diversão à aprendizagem. Diante do que foi apresentado, o presente trabalho tem como objetivo mostrar a relevância da utilização dos jogos didáticos no ensino de química através de um jogo da memória sobre configuração eletrônica.

Material e métodos

A metodologia aqui aplicada foi a utilização de consultas bibliográficas, sobre jogos didáticos para o ensino e aprendizagem de química, que foram desenvolvidos no primeiro semestre do ano de 2023. O jogo foi criado para relacionar os conhecimentos de distribuição eletrônica (ADAMS; NUNES, 2018) abordando temas relacionados à química para estudantes do ensino médio. O presente trabalho foi desenvolvido para alunos do 2º ano do ensino médio, em uma turma de Automação do IFPA Marabá Industrial, localizada no município de Marabá, PA. Inicialmente realizou-se uma aula de regência sobre distribuição eletrônica e, posteriormente, aplicou-se o jogo da memória de distribuição eletrônica. O jogo utilizado foi criado com base no aplicativo Canva que facilita criação de diversos materiais, incluindo materiais didáticos e pedagógicos. O jogo aborda temas específicos como: configuração eletrônica, elementos químicos e tabela periódica. O objetivo do é demonstrar de maneira clara e objetiva como ocorre a distribuição eletrônica dos elementos, bem como a identificação do número atômico, massa atômica, família e período. O jogo da memória distribuição eletrônica é composto por 42 cartas formando 21 pares de cartas de diversas famílias da tabela periódica. O jogo pode ser jogado de duas a oito pessoas, dessa forma, foram formados 2 grupos com 8 alunos onde todos possuíam conhecimento prévio de distribuição eletrônica e tabela periódica. Em seguida, foram apresentadas as regras do jogo e seu funcionamento, demonstrando que o objetivo do jogo é trabalhar o conteúdo trabalhado em sala de aula, exigindo que o estudante possua um conhecimento prévio. Conforme mencionado anteriormente, o jogo foi construído no Programa Canva e foi impresso em papel um pouco mais duro (opalino). Depois de impresso, as cartas foram recortadas com tesoura. As cartas como tinham frente e verso foram dobradas e coladas com cola branca. Depois de pronto, aplicou-se o jogo que é composto de peças confeccionadas a partir de papel opalino. Para diferenciar as peças do jogo, foram usadas diversas cores deste material simbolizando cada família (grupo) da tabela periódica. Após a aplicação do jogo foi aplicado um questionário no Google Forms com sete questões para avaliar a opinião dos alunos sobre a aplicação do jogo e seu desempenho.

Resultado e discussão

De acordo com Silva 2011, o lúdico é um instrumento pedagógico que auxilia no processo de ensino e aprendizagem nas aulas das diversas áreas. Dessa forma, o instrumento pedagógico deve proporcionar ao aluno experiências prazerosas que aprendam valores, além de desenvolver a criatividade, o desenvolvimento cultural e social. Os jogos lúdicos servem como ferramentas para o trabalho, proporcionando pensamentos reflexivos, além de identificarem as quatro formas de reflexão: a introspecção, o exame autocrítico, a indagação e a espontaneidade (GARCIA, 1992, p. 64). É preciso salientar que, numa análise contextualizada, o jogo não terá qualquer contribuição significativa para a prática educacional do professor (HUIZINGA, 1990). O jogo melhora a relação interpessoal e constrói conhecimentos de ensino-aprendizagem, de maneira significativa e agradável. Nos últimos anos, desenvolveram-se diversos jogos para a educação química, com uma grande variedade de aplicações de intervenções metodológicas (VASCONCELOS; CRISTINA, 2021; OLIVEIRA; SILVA; FERREIRA, 2010). A realização da construção do Jogo Didático da Memória Distribuição Eletrônica nasceu frente à possibilidade de se fazer uma discussão mais ampla sobre os assuntos de distribuição eletrônica, elementos químicos e tabela periódica. O objetivo do jogo foi atingir duas perspectivas: 1) a criação de um jogo da memória, como parte metodológica relacionada ao movimento maker e; 2) o entendimento teórico do conteúdo de química para alunos do ensino médio, envolvendo distribuição eletrônica e tabela periódica. A criação do jogo foi feita através do programa do Canva. Foi requerido domínio básico de informática, bem como domínio sobre a distribuição eletrônica e tabela periódica, conforme a Figura 1. Para elaborar, criar e avaliar os jogos didáticos como métodos de ensino- aprendizagem, é necessário ter domínio sobre os conteúdos de Química e atribuir sentido aos conteúdos com o uso do lúdico a fim de romper com o paradigma sobre o ensino tradicional e as metodologias exaustivas utilizadas para o ensino- aprendizado dos educandos. A aplicação do Jogo ocorreu na turma de Automação do Instituto Federal do Pará- IFPA, Campus Marabá Industrial no município de Marabá, PA, para alunos de 15 a 18 anos. Formou-se duas equipes com 8 pessoas conforme a Figura 2. Foi utilizado recursos acessíveis e de baixo custo para produzir o material. Partindo da primícia e do movimento Maker (BROCKVELD; TEIXEIRA; SILVA, 2017), ao se propor a criação de um material didático o educando pôde se sentir mais envolvido no processo educativo. A proposta pedagógica foi desenvolvida com o uso do jogo como ferramenta pedagógica para a utilização de materiais concretos. O jogo educativo foi utilizado para avaliar e aprimorar os conhecimentos básicos da Química sobre a distribuição eletrônica e identificação dos elementos químicos na tabela periódica. Após a realização doo jogo, os participantes avaliaram o seu desempenho pelo questionário respondido no Google Forms e também avaliaram o próprio jogo. As regras para aplicação do jogo foi para correlacionar como ele se relacionava com os conteúdos de distribuição eletrônica, elemento químico e tabela periódica. Dessa forma, apresentou-se as seguintes regras: 1) Sugere-se que a formação de grupos seja de quatro a oito alunos; 2) As cartas são embaralhadas por qualquer participante; 3. Para determinar a ordem do jogo entre os participantes, cada um deles pega uma carta e então compara-se o número atômico, aquele que obteve o maior número atômico inicia a partida; 4) A sequência do jogo é definida pela ordem crescente dos números atômicos das cartas de cada jogador; 5) O jogador, primeiramente, vira uma carta com elemento e procura a distribuição correspondente ao elemento químico com o intuito de formar o maior número de pares possíveis; 6. O participante que fizer um par tem o direito de jogar novamente, errando passa a vez para o próximo jogador; 7) Ao final do jogo quem obtiver o maior número de pares vence a partida. Inicialmente, foi notado um certo grau de insegurança por parte dos jogadores em relação aos seus conhecimentos sobre o tema, uma vez que ao virarem as cartas para a formação do par, eles não tinham certeza se iriam ter êxito ou não. Sendo assim, arriscar era uma opção, uma vez que não era uma atividade avaliativa, o que permitia que eles tirassem dúvidas sobre o assunto durante a partida do jogo. Ao aplicar o jogo de memória da distribuição eletrônica, foi possível notar que este é uma ferramenta lúdica que auxilia no processo de ensino-aprendizagem do aluno. Uma das metas do jogo era permitir a interação e troca de conhecimento entre os alunos. O tempo de duração foi, em média, de 25 a 30 minutos de jogo, o que é um fator positivo e relevante, uma vez que o professor tem dificuldades para aplicar metodologias diferentes e tem um cronograma a ser cumprido com uma carga horária muito reduzida. Conforme FIALHO (2008), a criação e utilização de jogos durante o processo de ensino proporciona diversos benefícios, tais como: instrumentos facilitadores da sociabilidade, brincadeira, integração e também do aprendizado. A empolgação dos estudantes foi nítida durante a aplicação do jogo, como pode ser observado na Figura 2. Após a aplicação do jogo da memória foi aplicado um questionário com oito perguntas, onde obteve-se 16 respostas. 1) Quantos anos você tem? 2) Qual é sua compreensão sobre a identificação do elemento na tabela periódica a partir da distribuição eletrônica? 3) Como classificaria a identificação do número atômico pelo do jogo da memória - distribuição eletrônica? 4) Como classificaria a identificação da massa atômica pelo jogo da memória-distribuição eletrônica? 5) Como classificaria a identificação do período do elemento químico na tabela periódica pelo jogo da memória? 6) Como classificaria a identificação da família (grupo) do elemento químico na tabela periódica pelo jogo da memória? 7)Qual seria sua avaliação de que o jogo foi um recurso significativo para aprender? 8) Qual seria sua avaliação do seu conhecimento sobre a distribuição eletrônica após o jogo? Os alunos responderam às perguntas: de acordo com o grau de dificuldade, sendo considerada como: ruim, regular, bom e ótimo. Após o jogo verificou-se que 43,8 % dos alunos têm 16 anos, 31,3% 17, 18,8% 15 e 6,1% têm 18 anos. Na segunda pergunta, os resultados mostraram que 56,3% bom, 25% regular, 12,5% ótimo e 6,2% ruim. Na terceira pergunta, como classificaria a identificação do número atômico pelo do jogo da memória - distribuição eletrônica? 50% responderam ótimo 31,2 % bom e 18,2 % regular. Na quarta pergunta, como classificaria a identificação da massa atômica pelo jogo da memória- distribuição eletrônica? obteve-se que 43,8% ótimo, 37,5% bom e 18,7% regular. Na quinta pergunta, como classificaria a identificação do período do elemento químico na tabela periódica pelo jogo da memória? 43.8 % responderam ótimo, 37,5% bom e 18,7% regular. Na sexta pergunta, como classificaria a identificação da família (grupo) do elemento químico na tabela periódica pelo jogo da memória? 62,5% responderam que o resultado foi ótimo, 18,8% bom, 12,5% regular e 6,2% ruim. Na sétima pergunta, qual seria sua avaliação de que o jogo foi um recurso significativo para aprender? 68,8% disseram que foi ótimo e 31,2% bom. Na última pergunta, qual seria sua avaliação do seu conhecimento sobre a distribuição eletrônica após o jogo? 50% responderam que foi bom, 43,8% ótimo e 6,2% regular. Os resultados demonstram que o jogo teve uma aceitação satisfatória e que os estudantes puderam reforçar o conteúdo sobre a distribuição eletrônica, elementos químicos e tabela periódica, assim como promover uma socialização entre os jogadores.

Figura 1: Jogo da Memória Distribuição eletrônica

Fonte: Maria Aparecida Oliveira de Lima Sousa, \r\n2023.\r\n

Figura 2: Momentos em sala de aula durante a aplicação do jogo.

Fonte: Maria Aparecida Oliveira de Lima Sousa, \r\n2023.

Conclusões

O estágio supervisionado permite observar a realidade escolar em duas situações distintas: analisar o trabalho do professor no seu dia a dia, de forma a estabelecer uma relação entre teoria e prática; de modo que é possível elaborar soluções e hipóteses que possam contribuir para o aprendizado dos alunos. A experiência permitiu que criasse concepções, desconstruísse ideias equivocadas, criasse e reinventasse a prática docente. Diante do que foi apresentado, os jogos didáticos tornam o processo de ensino-aprendizagem mais simplificado empregando o lúdico, que proporciona ao aluno ferramentas educacionais para o desenvolvimento do seu raciocínio em sala de aula. No entanto, a inclusão de atividades lúdicas não é uma forma de substituir os problemas relacionados ao ensino de química. É um recurso que veio para auxiliar o professor e os alunos sobre o aprendizado sobre distribuição eletrônica, elementos químicos e tabela periódica. Para que um jogo didático seja eficaz após sua aplicação, é necessário considerar aspectos pedagógicos, de modo a evitar que se transformem num jogo sem objetivo definido, sem um objetivo pré-definido. Dessa forma, a criação de atividades lúdicas e a sua aplicação auxiliam na disseminação de determinados conteúdos, uma vez que despertam o interesse do aluno, permitindo uma nova forma ensino que ultrapassa a tradicional. Os resultados demonstram que os estudantes possuem capacidade de compreender o jogo e aplicá-lo, além de ser um ferramentas útil para entender a distribuição eletrônica, elementos químicos e tabela periódica contribuindo para a melhor assimilação dos elementos, seu nome, símbolo, período e família. A utilização de jogos como Jogo da memória de distribuição eletrônica com os jovens de ensino médio permite que, durante a partida, eles possam avaliar o seu conhecimento e desempenho. Ao professor ao atuar como observador pode avaliar os alunos de uma forma mais individual.

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, a Deus pela capacidade intelectual concedida a mim, à minha mãe e irmã que sempre me apoiaram em meus estudos e aos amigos que sempre estiveram ao meu lado.

Referências

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