Autores

Sousa, M.A.O.L. (UNIFESSPA) ; Rocha, I.S. (IFPA) ; Silva, M.N. (IFPA) ; Silva, C.E. (UNIFESSPA) ; Teixeira, W.C.E. (IFPA)

Resumo

Em busca de minimizar as deficiências geradas pela suspensão do ensino presencial, e considerando que o processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis de ensino foi prejudicado devido às restrições impostas pela COVID-19 foi proposto ofertar aulas experimentais de Química para os discentes do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Marabá Industrial, com vistas a redução da evasão e reprovação, promovendo formação acadêmica e profissional dos discentes. O projeto aconteceu a partir da experiência prática em laboratório onde estes realizaram diversas práticas sobre assuntos do universo da Química. A metodologia foi bastante útil e contribui muito com o aprendizado dos alunos ajudando-os a permanecerem no curso.

Palavras chaves

Aulas Experimentais; Pandemia; Ensino de Química

Introdução

Considerando que a Química é uma ciência que está diretamente ligada aos diversos setores da sociedade, pois está intrinsecamente presente em diversas áreas como: médica, industrial, científico-tecnológica, agricultura, entre outras. Portanto, um ensino de Química de qualidade pode proporcionar aos cidadãos conhecimentos que podem ser vastamente utilizados para o bem comum, além de proporcionar à sociedade uma conscientização sobre suas ações no ambiente em que vive, oferecendo saberes, métodos e teorias para investigação do mundo em busca de melhorias gerais (FERNANDES; SALDANHA, 2014). De acordo com PAZ et al. (2014) a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem de Química se deve também a necessidade de utilização de cálculos matemáticos para representar alguns de seus conceitos. O processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis de ensino (básico e superior), foi possivelmente prejudicado devido às restrições impostas pelo acometimento da população mundial ao vírus denominado de SARS-CoV-2 que provoca uma doença respiratória chamada COVID-19 (coronavírus), quando então a Organização Mundial de Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020) decretou pandemia, o que fez com que muitos países, inclusive o Brasil adotasse medidas de isolamento social. ARAÚJO (2021), inferiu que o ensino neste último ano apresentou várias mudanças diante do momento de pandemia. Entre elas, o ensino saiu do presencial para o remoto devido às medidas de isolamento social e com isso vieram vários desafios para os professores. Considerando o ensino no panorama de aulas remotas percebeu-se muitos obstáculos (aulas cansativas, falta de acesso à internet, falta de computador, dentre outros) e conquistas (novas metodologias de aprendizagem; nova organização da escola, do professor, do aluno, entre outros). Diante desse contexto, torna-se de extrema importância o desenvolvimento de ações nas Instituições de Ensino com o intuito de despertar o interesse e motivação dos alunos para a aprendizagem da Química. Dentre essas ações podemos destacar os Projetos de Ensino, pesquisa e de monitoria, que podem minimizar essas deficiências, podendo ser utilizados como instrumento para a melhoria da qualidade do ensino de química, no nível superior. Assim, o presente projeto visa o desenvolvimento de atividades de ensino de Química voltadas para os discentes do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Marabá Industrial (IFPA-CMI), a fim de auxiliá-los, e contribuir com o processo de ensino-aprendizagem da Química e suas disciplinas correlatas de modo a reduzir a evasão e reprovação, e ajudar a promover a formação acadêmica e profissional dos discentes.

Material e métodos

A metodologia envolveu quatro etapas que estão descritas abaixo: 1ª Etapa: Levantamento e Revisão bibliográfica, juntamente com a elaboração de materiais didáticos (experimentos, situações-problema, exercícios, jogos didáticos, dentre outros) que auxiliaram no ensino dos conceitos químicos, possibilitando a leitura, conhecimento e a correlacionar a origem e a importância da Química no cotidiano. 2ª Etapa: Realização das aulas expositivas abordando temas de química, algumas demonstrações em Powerpoint e palestras, contextualizando temas atuais da sociedade. Também foram realizadas práticas experimentais, onde foram feitos esclarecimentos e entrega de apostila para que cada discente acompanhasse e anotasse suas dúvidas sobre os temas abordados. 3ª Etapa: Realização das atividades de ensino. Durante a vigência do projeto, ocorreu a realização das aulas de reforço e dos plantões de dúvidas, sendo realizadas no contraturno de cada turma do projeto. 4ª Etapa: Avaliação do projeto. No final das atividades foi realizada a avaliação com os alunos participantes do projeto. Os Conteúdos/temas abordados foram organizados em tópicos de ensino em química recomendados pelo BNCC (BRASIL, 2015).

Resultado e discussão

A inscrição no projeto ocorreu por formulário específico via Google Forms disponibilizados para as turmas dos cursos de Controle Ambiental e Edificações (Ensino Médio Integrado) nos links: https://forms.gle/Uu4DBKBDdAJbjt9K8, e https://forms.gle/SiyEkdRAQwkTGFVYA. Foram atendidos dezoito discentes que se inscreveram no projeto, e considerando as normas de biossegurança durante a pandemia, foram alocados em 2 turmas: nos dias de terça-feira e quinta-feira, das 8:30 às 11:30h, dos quais estes foram os escolhidos como sendo os melhores para a realização das atividades disponibilizados aos discente para a execução do projeto. As imagens a seguir são relativas aos diversos experimentos realizados pelas turmas durante a realização do projeto. Inicialmente foi apresentado aos discentes envolvidos no projeto o laboratório e realizado as instruções de segurança durante o seu uso (figura 1 - a e b). Durante a realização dos experimentos pré-selecionados, foram disponibilizados material impresso para que cada discente acompanhasse e realizasse anotações e dúvidas para possíveis questionamentos. Os experimentos foram organizados a partir de temas específicos e que contextualizasse situações das quais os discentes podiam correlacionar ao seu cotidiano, como observados na figura 1 (c e d), abaixo, onde se pretendeu demonstrar a separação de misturas, componentes e fases de um sistema. Foram aplicados os processos corretos de separação das misturas baseando-se nas propriedades de cada sistema, onde os discentes foram estimulados a analisar a situação problema e propor soluções assertivas como: processos de filtração simples, evaporação e sublimação. Na figura 2 (a), é demonstrado aos alunos a naftalina, utilizada como repelente natural no ambiente doméstico, que ao passar do tempo interage com o meio e acaba “sumindo”. Os discentes foram indagados a explicar o que estaria acontecendo, após a interação e discussões entre eles, chegaram à conclusão que está sendo “consumida”. Foi solicitado que melhorassem a argumentação e foi dado tempo para pesquisas, onde chegaram à seguinte conclusão: “está acontecendo um processo de sublimação, como ocorre com o iodo, ou seja, passava do estado sólido para o estado gasoso diretamente”. Para a compreensão da natureza da matéria (objeto de estudo da ciência química), que é formada por Átomos diferentes, foi utilizado o experimento do Teste da Chama, na qual cada elemento químico (átomos) quando interagem com uma forma de energia, no caso, o aquecimento de uma solução contendo íons que ao interagir, emite uma coloração específica para cada átomo, figuras 2 (b, e c). Os discentes ficaram deslumbrados com a emissão de luz, citando as cores característica para cada elemento, figura 2 (d) emissão típica para o elemento sódio (Na). Para a demonstração e a evidenciação das reações químicas, dispostas na figura 2 (e), observa-se que os reagentes têm coloração específica: uma solução de tiocianato de potássio KSCN (incolor) e de cloreto férrico FeCl3 (amarela), que quando são misturadas produzem uma coloração vermelho intensa, e essa mudança de cor caracteriza uma reação química. Já na figura 2 (f e g), foi utilizado uma solução de sulfato de cobre (CuSO4) que ao interagir com o Fe (sólido) que faz parte da composição de uma esponja de aço, obtemos uma coloração avermelhada sobre a superfície da esponja, caracterizando que o Cu (cobre) foi reduzido sobre a superfície do aço, e consequentemente o Fe (ferro) sofre oxidação, caracterizando uma reação de oxirredução. Agora iremos discorrer sobre o projeto, considerando o momento desde a concepção até a conclusão relativo aos possíveis participantes. O público-alvo do projeto inicialmente foi estimado em 60 alunos, sendo que a participação no projeto era facultativa, e que o discente participante deveria se inscrever. Com um total de 18 inscritos no projeto, atingiram-se 30% do efetivo de discente matriculados nos cursos de 1º ano, e que no desenvolvimento do projeto obteve-se um êxito de permanência de 83,33% e evasão de 16,67% dos discentes participantes. O projeto efetivamente contribuiu com o aprendizado dos alunos, pois esses, em sua maioria, concluíram com êxito as disciplinas cursadas.

Figura 1: Experimento 1 (a e b); Experimento 2 (c e d)

Fonte: Próprio Autor

Figura 1: Experimento 05 (b, c e d; Experimento 09 (e, f e g)

Fonte: Próprio Autor

Conclusões

Nos últimos anos, enfrentamos desafios que desafiam a nossa capacidade de sermos resistentes e de nos reinventarmos. A cada etapa cumprida, surgem novos obstáculos e demandas a cada nova perspectiva de mudança em nosso cotidiano e nos ambientes de educação e formação de ensino. A inserção de projetos de ensino na rotina escolar, pôde propiciar aos discentes uma perspectiva maior entre teoria e prática, uma vez que os experimentos estimulam principalmente os sentidos (visão, olfato e tato). Em tempos de pós-pandemia os Projetos de Ensino visam recuperar temas e conteúdos de maiores dificuldades, promovendo uma possível recuperação na aprendizagem. A maior dificuldade dos alunos durante o ensino remoto foi o acesso e uso de novas tecnologias associadas à educação. Os discentes envolvidos no projeto indicariam o mesmo aos colegas de outras turmas do campus, evidenciando a efetividade do projeto. Embora a baixa adesão ao projeto ocorreu, justamente devido as condições relacionadas a pandemia, foi percebido que a desistência depois que iniciaram as atividades também foi baixa, mostrando que quando os alunos se propõem a colocar o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem, se consegue muitos ganhos, trazendo benefícios não apenas aos alunos, mas a todos os atores envolvidos tais como: a instituição de ensino (IFPA), os professores e a sociedade.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Marabá Industrial (IFPA–CMI), e UNIFESSPA – Campus Marabá.

Referências

ARAÚJO, V. M. O. Aulas remotas e tempos de pandemia: a percepção dos professores de química do ensino médio. 2021.

FERNANDES, D. M. da S.; SALDANHA, G. C. B. Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos de licenciatura em química, ENALIC. 2014.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília. MEC. 2015.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): situation report. 72 Geneva: WHO. 2020.

PAZ, G. D. L., PACHECO; H. D. F., COSTA NETO; C. O.; Carvalho, R. C. P. S. Dificuldades no ensino-aprendizagem de química no ensino médio em algumas escolas públicas da região sudeste de Teresina. SIMPEQUI -Simpósio Brasileiro de Educação Química e IX Seminário de Iniciação Científica. 2010. 1-14.