Autores

Bezerra de Melo, N. (UECE) ; Rodrigues Aquino, R. (UECE) ; Sousa Barros de Lima, K. (UECE)

Resumo

Este trabalho apresenta um levantamento das questões de Química Orgânica por uma análise quantitativa nos últimos cinco vestibulares da UECE, sendo estas categorizadas em análise a presença e a importância de questões que abordam assuntos de química orgânica nos vestibulares da Universidade Estadual do Ceará (UECE), comparando-a com a tendência observada no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Os resultados revelaram que a química orgânica é uma área relevante nos vestibulares da UECE, seguindo a mesma tendência do ENEM. Essa constatação ressalta a necessidade de uma formação docente voltada para a preparação de professores aptos para abordar esse conteúdo, visando um melhor desempenho dos seus estudantes.

Palavras chaves

Química orgânica; Vestibular; Ensino

Introdução

Os professores enfrentam o desafio constante de se manterem atualizados, tanto em sua área de estudo quanto nos avanços globais (FONSECA, 2014). Nesse sentido, é necessário buscar uma formação continuada para professores que permita capacitar os estudantes de licenciatura para enfrentar o início de suas carreiras (GATTI, 2016, p.166). No estado do Ceará, as formas de ingresso nas universidades públicas ocorrem por meio ENEM e os vestibulares tradicionais, destacando o da UECE. O ENEM tem se destacado como uma importante referência para o ingresso nas universidades brasileiras, abordando uma ampla gama de conteúdos nas diferentes áreas do conhecimento. Dentre essas áreas, a química orgânica tem ganhado destaque como um dos temas recorrentes nas provas, exigindo dos estudantes um conhecimento aprofundado na orgânica (POMPAS, 2016). É válido ressaltar que a presença de questões de química orgânica no ENEM indica a importância desse tema no contexto educacional, já que o ENEM é uma referência nacional. De acordo com Pinheiro (2021), a Química Orgânica (QO) é uma das áreas mais cobradas no ENEM e exige que os candidatos possuam habilidades específicas que vão além do simples domínio de conteúdo. Essas questões apresentam uma rica contextualização e interdisciplinaridade (COSTA; SANTOS; SILVA 2016), evidenciando a importância de os professores estarem preparados para auxiliar seus alunos no desenvolvimento de um raciocínio mais sofisticado. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a presença e a quantidade de questões de química orgânica nos últimos cinco vestibulares da UECE, a fim de verificar se essa universidade segue a mesma tendência do ENEM em relação à cobrança desse conteúdo.

Material e métodos

Neste estudo, realizamos uma análise quantitativa de questões relacionadas a QO nos últimos 5 vestibulares da UECE de 2021 a 2023, bem como nas últimas duas provas do ENEM. Assim, baixamos as provas de primeira e segunda fase desses vestibulares no site da UECE, e as provas do ENEM no site do INEP. A partir das provas, classificamos cada questão em três categorias na UECE: questões de Química Orgânica propriamente dita, questões de outras áreas da Química que exigem conhecimentos de Química Orgânica e questões não relacionadas à Química Orgânica. No Enem, classificamos as questões em duas categorias: questões de Química Orgânica, que incluem tanto as questões que são especificamente sobre esse tema e também as questões de outras áreas da Química que dependem de conhecimentos de Química Orgânica para serem resolvidas; e questões não relacionadas à Química Orgânica. Todos esses dados foram tabulados em uma planilha, registrando os percentuais de questões de QO e de outras áreas da Química que exigem conhecimento de QO para cada vestibular analisado, tanto na UECE como no ENEM. Com as informações coletadas, elaboramos um gráfico representando a variação dos percentuais ao longo dos 5 vestibulares analisados na UECE, tanto para a primeira fase como para a segunda fase. Além disso, incluímos os percentuais do ENEM para realizar uma comparação entre as tendências observadas nos dois processos seletivos. Esse gráfico permitirá visualizar de forma comparativa a presença atribuída à Química Orgânica nos vestibulares da UECE e no ENEM ao longo dos anos analisados. Essa análise contribui para uma compreensão mais precisa da relevância dessa disciplina nos exames e pode auxiliar na preparação de estudantes e professores, considerando as particularidades de cada processo seletivo.

Resultado e discussão

Ao analisar os percentuais de questões de QO nas primeiras e segundas fases dos últimos cinco vestibulares na UECE, constatamos que na última edição (2023.2), as questões de QO representaram 25% das questões na primeira fase e 15% na segunda fase, enquanto na edição (2021.2), esses percentuais foram de 50% e 30%, respectivamente. Em relação às questões de outras áreas da Química que exigem conhecimentos de QO, na edição de 2023.1, não houve questões dessa categoria na primeira fase, enquanto na edição de 2022.2, esse percentual foi de 15% na segunda fase. Ao combinarmos os percentuais das questões de QO com as questões de outras áreas que envolvem conhecimentos de QO, como verificado nos dados obtidos pode observar a relevância geral dessa disciplina nos vestibulares da UECE (Figura 1). Na edição recente (2023.2), essas questões compreenderam no total 38% das questões na primeira fase e 40% na segunda fase, enquanto no ENEM, os percentuais foram de 46% em 2022 e 47% em 2021 (Figura 1). Esses números evidenciam a importância contínua da QO tanto nos vestibulares da UECE como no ENEM, demonstrando que o domínio desse conteúdo é essencial para os discentes que desejam ter uma boa execução nessas provas. De acordo com MARTINS; CASSIO (2016) as questões de química orgânica abordadas nos vestibulares vêm, ao longo do tempo, enfatizando cada vez menos as habilidades de memorização na Química Orgânica, um dos temas no ensino de Química que é tipicamente identificado com esse tipo de abordagem e com isso vem ganhando cada vez mais destaque. Destaca- se também a importância de os professores possuírem uma formação voltada para a resolução de questões de QO, bem como questões de outras áreas da Química que dependem de conhecimentos de QO.

Figura 1 - Percentual de questões de Química Orgânica e questões de ou



Conclusões

Os dados obtidos evidenciaram que a UECE mantém a tendência do ENEM, com uma relevante quantidade de questões de QO em seus exames vestibulares. Essa análise propicia uma discussão sobre as nossas representações curriculares da Química Orgânica e um convite à tomada de novos caminhos para a melhoria das estratégias educacionais, tanto nos cursos pré-vestibulares quanto na formação docente, e abre possibilidades para estudos mais aprofundados nesse contexto.

Agradecimentos

Referências

COSTA, E. S. C.; SANTOS, M. L.; SILVA, E. L. Abordagem da química no novo ENEM: uma análise acerca da interdisciplinaridade. Química Nova na Escola, v. 38, n. 2, p. 112-120, 2016.
FONSECA, C. V. A formação de professores de química em instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul: saberes, práticas e currículos. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2014.
GATTI, B. Formação de professores: condições e problemas atuais. Revista internacional de formação de professores, v.1, n.1, p. 161-171, 2016.
MARTINS, M. M.; CASSIO, F. L. Química Orgânica e exames vestibulares: Implicações para o currículo. XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ) Florianópolis, SC, Brasil – 25 a 28 de julho de 2016.
PINHEIRO, Gustavo Guimarães. Análise das questões de química orgânica na prova do ENEM para o eixo de ciências da natureza no período de 2010 a 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal da Paraíba, 2021.
POMPAS, Andressa Ribeiro. Análise de questões sobre química orgânica no ENEM de 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de Brasília, 2016.