Autores

Pantoja Gomes, C.D. (UFPA) ; Soares Lasmar, M.C. (UFPA) ; Pinheiro Almeida dos Santos, T. (UFPA) ; Moraes Amorim, L. (UFPA) ; da Silva Borges, K. (UFPA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; da Silva Carneiro, A. (UFPA) ; Brito Negrão, C.A. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

Jogos educacionais desempenham atualmente um papel muito importante na educação, oferecendo uma abordagem inovadora para o aprendizado, facilitando a fixação de conhecimento. Diante disto, buscou-se, através do presente trabalho, avaliar a aceitabilidade da utilização de jogos para o ensino da química na graduação (curso de farmácia), mais especificamente, o ensino da tabela periódica. Para a análise, utilizou-se de um jogo do tipo bingo, o qual foi aplicado e depois avaliado através de um questionário. Como resultado, se obteve uma média de nota atribuída ao jogo de 9,7, e respostas positivas para as demais questões em 100%. Assim, comprova-se boas perspectivas desta metodologia pelos alunos e sua eficácia e eficiência na prática pedagógica.

Palavras chaves

Aprendizagem ; Atividade lúdica; Química básica

Introdução

A ludicidade conquista espaço e importância no que tange as abordagens do desenvolvimento e aprendizagem de habilidades, sobretudo as cognitivas, sociais, afetivas e motoras, onde tal desenvolvimento “excede” o mundo habitual, se desprendendo das metodologias mais clássicas. Na educação, essa ludicidade é utilizada por meio de jogos e brincadeiras com intuito de trabalhar o senso criativo, não só do discente, mas também do docente. Haja vista que essa ação induz a colaboração entre os participantes para que trabalhem em conjunto, tendo em vista o jogo na perspectiva educacional, concebendo desenvolvimento de habilidades especificas, bem como no seu aprimoramento. De acordo com Tessaro e Jordão (2007), os jogos educacionais desempenham um papel crucial na educação contemporânea, oferecendo uma abordagem inovadora para o aprendizado, facilitando a absorção de conhecimento. Vale destacar que o indivíduo que brinca e joga é o indivíduo que também age, sente aprende e se desenvolve, e, assim, os jogos pedagógicos são ferramentas inovadores para a educação (ROBAINA, 2008, p. 15). Assim, no contexto acadêmico, como foco na área da química básica, se tem como alternativa a utilização desse recurso diádico, visto que Soares, Okumura e cavalheiro (2003) já afirmavam que o desenvolvimento de novas estratégias é recomendado para impulsionar o ensino da química. Diante dos fatos apresentados, o presente trabalho buscou confeccionar um bingo químico sobre tabela periódica (símbolos químicos) e analisar, através de um questionário aplicado aos discentes, a aceitabilidade de desta estratégia metodológica para o ensino de química básica, em uma turma do curso de farmácia.

Material e métodos

O Bingo Químico foi elaborado pelos monitores do Laboratório de Física Aplicado à Farmácia (LAFFA), da faculdade de farmácia da UFPA, no período de janeiro de 2023. A montagem das cartelas e peças de sorteio (Figura 1) fez uso de papel cartão de cor branca e canetas hidrocor, somente. Foram confeccionadas 118 cartelas com dimensões de 15 cm x 21 cm, que foram divididas em caselas de 3 cm x 3 cm, exceto uma central que é de 3 cm x 9 cm, onde o nome de um elemento químico foi escrito. Nas demais caselas da cartela se tem o número atômico correspondente ao elemento da casela central nos quatro cantos da cartela e as demais apresentam símbolos químicos de outros elementos, sendo que os símbolos químicos foram distribuídos em todas as 118 cartelas de modo a estarem em uma mesma quantidade de cartelas. As peças de sorteio foram confeccionas em peças circulares de 2 cm de raio, e em papel cartão branco, em um número de 118, sendo uma para cada elemento químico. O jogo foi aplicado em uma turma de Química Básica do curso de Farmácia da UFPA, no 1º semestre de 2023, mais precisamente na disciplina “Bases de Química e Física Aplicadas à Farmácia” que é uma componente do 2º semestre do referido curso. A leitura das “pedras” (nomes dos símbolos químicos) foi feita pelo professor da disciplina e os alunos deveriam marcar em suas cartelas as “pedras” saídas. Ao completarem a cartela deveriam vir à mesa do professor e conferir se haviam associado certo os símbolos das cartelas com os nomes lidos. Ao final da atividade desenvolvida, cada um dos 37 discentes recebeu um questionário (Figura 2) avaliativo sobre a atividade realizada. As respostas dos discentes foram planilhas no programa Excel 2010.

Resultado e discussão

No primeiro questionamento (você daria que nota para a atividade lúdica desenvolvida, entre zero e dez?) foi obtida uma média de 9,7, que demostra boa aceitação da atividade pelos alunos. Para o segundo, terceiro e quarto questionamentos 100 % dos alunos escolheram a alternativa “sim”, comprovando a aceitação e interesse por metodologias lúdicas, ainda destacando que eles afirmaram um maior aprendizado com a metodologia aplicada. Para o último questionamento, destacam-se os seguintes comentários: “é muito mais fácil e divertido decorar os elementos dessa forma, não fica tão chato”; “é bom porquê não vale ponto, aí a preocupação é bem menor”; “muito divertido”. Através destas três falas fica novamente claro a aceitação da atividade e o reconhecimento de que através da atividade aplicada houve uma aprendizagem mais prazerosa. Essas falas concordam com o que afirmam Barros et al. (2016), que consideram os jogos como ferramentas inovadores que potencializam o processo ensino-aprendizagem ao levarem os discentes a uma participação espontânea, que não os fazem se preocupar com erros, contribuindo desta forma para a qualidade do aprendizado. Zanon et al. (2008), que aplicaram o jogo “Ludo Químico” no ensino de química orgânica, avaliaram o desempenho da metodologia, e verificaram o favorecimento da aquisição de conhecimento. E Souza e Silva (2012), obtiveram boa aceitação da metodologia ao usarem um jogo chamado “Dados Orgânicos”. A aceitação do jogo na aula de Química encontra suporte em Vigotsky (2007), que diz que tal recurso pode estimular a curiosidade do aluno; levá-lo a tomar iniciativas; se tornar autoconfiante; aprimorar o desenvolvimento de habilidades linguísticas e de concentração, e proporcionar melhor interação entre.

Figura 1. Cartelas do Bingo e pedras de chamada



Figura 2. Questionário aplicado à turma



Conclusões

A atividade lúdica desenvolvida em uma turma de Química básica do curso de Farmácia foi bem aceita pelos discentes desta turma, que consideraram como positivo o seu emprego como estratégia de aprendizagem. Sugere-se a aplicação desta atividade, e de outras similares, em mais turmas de cursos de nível superior, principalmente nas disciplinas básicas, para que se avalie sua aplicação como metodologia de ensino neste nível de ensino.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará e ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia.

Referências

BARROS, E. E. de S.; CUNHA, J. O. S.; OLIVEIRA, P. M. de; CAVALCANTI, J. W. B.; ARAÚJO, M. C. da R.; PEDROSA, R. E. N. B.; ANJOS, J. A. L. dos. Atividade Lúdica no Ensino de Química: “Trilhando a Geometria Molecular”. In: XVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 2016, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2016.

ROBAINA, J. V. L. Química através do lúdico: brincando e aprendendo, Canoas: Ed. Ulbra, 2008, 480p.

TESSARO, J. P.; JORDÃO, A. P. M.. Discutindo a importância dos jogos e atividades em sala de aula. Psicologia. pt, p. 1-14, 2007.

SOARES, M. H. F. B.; OKUMURA, F.; CAVALHEIRO, T. G. Proposta de um jogo didático para ensino do conceito de equilíbrio químico. Química Nova na Escola, n. 18, p. 13-17, 2003.

SOUZA, H. de; SILVA, C. K. O. Dados orgânicos: um jogo didático no ensino de química. Holos, v. 3, p. 107-121, 2012.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 182 p.

ZANON, D. A. V.; GUERREIRO, M. A. da S.; DE OLIVEIRA, R. C.. Jogo didático Ludo Químico para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção, aplicação e avaliação. Ciências & Cognição, v. 13, n. 1, 2008.