Autores

Felix.j.f.c, J.F.C.F. (UFMA-UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Clara, V.V.C.O.M. (UFMA-UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

Resumo

Este trabalho constitui-se de um recorte de pesquisa da dissertação de mestrado que se encontra em andamento, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática – PPECEM/UFMA, tem como objetivo compreender a percepção dos professores de química sobre a diversidade inserida no contexto escolar do Ensino Médio, de uma região quilombola do estado do MA. A pesquisa tem caráter de abordagem qualitativa, na coleta de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada. Para tratamento de dados usou-se análise de conteúdo com a construção de uma rede sistêmica. Os resultados revelaram que os professores entendem ser necessário tratar a diversidade como tema na escola, e para eles discutir sobre crenças, valores culturais e racismo é compreender e valorizar a história de etnia.

Palavras chaves

educação quilombola; diversidade; ensino de química

Introdução

O Brasil é um país que traz historicamente na sua construção associações de culturas diversificadas, vindas de uma hibridização de povos colonizadores, colonizados. (FLEURY, 2003), pensar em uma educação nacional que contemple todos os seres que formam o nosso país, sendo um território de várias procedências, saberes, culturas, costumes e raízes, há que se requer discussões e rompimento de tradições colonizadoras. Para Santiago et al. (2013) estando a educação aportada por uma base curricular oficial, há de se fazer necessário um ensino que leve ao fortalecimento de ações que atendam crenças, raças, gêneros e as diferentes linguagens de um povo. Candau e Moreira (2008), a educação intercultural é o ato de promover no indivíduo o diálogo entre diferentes culturas, assim como é o ato de aceitação do “outro”. Tratar a química como disciplina para uma educação intercultural, é instigar uma atuação que promova relação de respeito entre cientificidade e herança cultural, é fazer-se compreender ciência e natureza como um conjunto de saberes, onde, contextualizar a ciência em um universo de cultura diversificada é desafiar o aluno a um mundo de construção de conhecimento. (PEREIRA et al. 2014). Diante do exposto, a presente pesquisa teve como questão norteadora, a busca pela compreensão da concepção dos professores da área das ciências ao trabalhar a disciplina química na perspectiva da diversidade cultural em escolas de Ensino Médio (EM) situadas em territórios quilombolas no Maranhão, tem como objetivo geral, analisar a postura pedagógica docente frente a perspectiva da educação intercultural aplicado no ensino de química e entender o formato e dinâmica da cultura escolar no que diz respeito a inserção dos elementos da diversidade cultural nas práticas pedagógicas desses professores.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada sob a abordgem qualitativa, do tipo exploratoria. Ludke e André (2011) defendem, a pesquisa qualitativa tem no ambiente pesquisado uma fonte direta de dados e o pesquisador ou investigador da informação tem a seu favor a construção de mais momentos para a busca de uma maior quantidade de dados. O campo de pesquisa foram 05 escolas que ofertam o (EM), situadas em região remanescentes de quilombos no MA,abarcando 04 municipios do estado.Os participantes foram 05 professores(as) que trabalham com o disciplina química nas respectivas escolas campo da pesquisa, sendo eles/elas convidados/as a participar da pesquisa de forma espontânea e para firmar compromisso, foi solicitado assinatura em um Termo de Livre Consentimento (TCLE). A primeria parte da coleta de dados se deu por meio de questionario fechado,para conhecer o perfil dos professores(as) participantes.Gil (2002),o questionário fechado, como instrumento de coleta dados, é uma forma rápida e padronizada para obtenção de dados sistêmicos. No segundo momento,realizou-se entrevista semiestruturada a fim de compreender a concepção dos professores sobre o tema diversidade tratado no seu contexto escolar. Marconi e Lakatos (2003), definem esse tipo de entrevista é um encontro entre duas pessoas, onde a informação colhida acontece de forma dialogada. Para análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo (AC), buscando retirar as unidades de significados (US) das respostas dos professores. Bardin, (2016), AC se configura um conjunto de instrumentos e métodos de decodificação e que podem ser aplicados em diversos discursos. Após a análise exploratória das entrevistas passou-se a categorizar e subcategorizar as (US), foram organizados blocos de análise para a constituição de uma rede sistêmica (RS).

Resultado e discussão

A (RS) é composta por 4 blocos. Este trabalho, vai tratar sobre o Bloco 1, que traz Percepção dos professores sobre a diversidade, com intuito de revelar a concepção dos professores/as sobre a diversidade, no sentido de cooperar no processo ensino aprendizagem de química. Sendo a escola um espaço multicultural e que, dialogar com a diversidade poderá representar um elo entre identidade cultural e diversidade, elaborando espaços igualitários (CECCHETTI e PIOVEZANA, 2015). Santiago et al. (2013), tratar a diversidade com perspectiva na educação intercultural, é vestir-se da própria cultura, é enxergar que diversidade é algo além de termos, é construção de identidades. Foram levantadas 8 (US), conforme quadro 1. A Tabela 1 revela a categorização das US extraídas das entrevistas, obtendo-se 02 categorias: (i) Crenças e Valores; (ii) Combate ao Racismo. Na primeira, observou-se que houve uma maior ocorrência por parte dos professores. Eles (as) foram enfáticos ao tratar questões nessa vertente, revelando que podem dialogar no espaço escola em todas as áreas, os professores dizem ser possível abordar temas que atravessemos conteúdos curriculares e assuntos sobre religiosidade, crenças e cultura. Silva (2004), entender a história de seus antepassados, é apropriar-se de seu pertencimento, é vestir-se de suas origens. A segunda categoria revelou que debater a diversidade na escola, é levar ao centro do diálogo o combate ao racismo, mais uma vez os professores (as), compreende que abordar questão sobre preconceito de cor, evidencia discutir o contexto histórico do país, tendo em vista sua formação: multiétnico. Discutir as relações étnico-raciais na escola, fortalece o reconhecimento e a valorização do negro na sociedade, possibilitando eliminar o racismo do contexto social (TUONO e VAZ 2017).

Quadro 01: Descrição das unidades de significados para o bloco I.

Esta figura refere-se ao quadro das (US) usadas na \r\nanalise de resultados da pesquisa.

Tabela 01: Análise referente ao bloco I

Esta figura refere-se ao resultado da análise \r\nreferente ao bloco I desta trabalho.

Conclusões

O bloco I, mostrou que os docentes entendem que discutir a diversidade no espaço escolar é dialogar de forma que cada indivíduo possa refletir sobre suas ações, e vestir-se de sua própria história, faz-se necessário debater a preservação e valorização da igualdade por meio do tema diversidade, que a escola pode se constituir de ponte na construção de uma sociedade igual. É construir diálogos sobre questões culturais, debater preconceito racial de forma natural e consistente, é reconhecer a história de um povo,entender e respeitar o outro, conviver com as diferenças em um ambiente de respeito.

Agradecimentos

Referências

BARDIN, L. Análise de Conteúdo/ Laurence Bardin; tradução Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. – São Paulo: Edições 70, 2016

CANDAU, V. M.; MOREIRA, A. F (Org.). Multiculturalismo e educação: desafio para prática pedagógica. In: Multiculturalismo diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
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FLEURI, R. M. Intercultura e Educação. Revista Brasileira de Educação. n 23, p.16-35, Maio/junho/julho/agosto, 2003.

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MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M: Fundamentos de Metodologia Científica. - 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003.

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