Autores

Soares Lasmar, M.C. (UFPA) ; Pinheiro Almeida dos Santos, T. (UFPA) ; Tavares Teixeira, W.J. (UFPA) ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; da Silva Carneiro, A. (UFPA) ; Melo de Oliveira, A. (SEDUCPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

O estudo de química muitas vezes é encarado como difícil e tedioso, mas metodologias lúdicas podem contribuir para mudar essa percepção. Neste trabalho se desenvolveu um jogo objetivando reduzir a aversão ao estudo de química. O jogo consiste em associar as fórmulas dos hidrácidos aos seus nomes, e foi aplicado a 38 alunos de uma turma de química básica do curso de farmácia, sendo a atividade avaliada em um questionário. 84,2% dos alunos deram nota 10 à metodologia e todos disseram que gostariam de ter mais atividades semelhantes, e que aprenderam mais sobre o tema. Também relataram que o jogo foi útil para o aprendizado e a memorização da nomenclatura dos hidrácidos. Assim, essa atividade foi excelente para facilitar a compreensão de conceitos de difícil memorização, como nomenclaturas.

Palavras chaves

Aprendizagem ; Atividade lúdica; Ensino de Química Básica

Introdução

Os jogos didáticos e suas aplicações estão descritos nos Parâmetros Curriculares Nacional (PCN) pois aprimoram competências e relacionamentos, capacitando os alunos para refletir sobre seu próprio pensamento colocando-se no lugar dos outros (BRASIL, 1997). Para facilitar a compreensão e acessibilidade dos conceitos científicos, professores buscam empregar diversas estratégias pedagógicas em aula, buscando a qualidade do ensino, tornando a sala de aula mais envolvente aos alunos por meio da utilização de modelos, figuras, ilustrações e montagens, que por sua vez pode abranger perguntar e questões dos mais diversos assuntos (FERREIRA et al., 2010). Robaina (2008) justifica a aplicação de jogos didáticos por eles serem viáveis e uma proveitosa alternativa, sendo que a confecção pode ocorrer com materiais de fácil acesso e manejo na sala de aula, e de baixo custo. Ele ainda destaca os pontos positivos para sua execução: facilidade de produção, pois não há necessidade de uma estrutura complexa para sua aplicação na maioria das vezes; porque a própria sala de aula se adequa bem a essa finalidade. No Brasil, o uso de jogos educativos teve sua origem predominantemente a partir do Manifesto da Escola Nova em 1932, que buscava estabelecer um sistema de ensino público estatal, livre e acessível como meio efetivo de enfrentamento das disparidades sociais existentes no país. Assim, o propósito deste trabalho foi apresentar uma abordagem baseada em metodologias alternativas de ensino dos hidrácidos, por meio de um jogo didático denominado "Dominó dos Hidrácidos", aplicado a uma turma de química básica do curso de farmácia, buscando reduzir a aversão ao estudo desse assunto e aumentar o interesse dos alunos na compreensão de conceitos químicos.

Material e métodos

O jogo “Dominó dos Hidrácidos” foi elaborado de acordo com as regras de um dominó tradicional, tendo no total 28 peças. Nesse jogo o aluno tem que associar a fórmula dos hidrácidos aos seus respectivos nomes. Sendo que as peças continham os seguintes hidrácidos: ácido clorídrico (HCl), ácido bromídrico (HBr), ácido iodídrico (HI), ácido sulfídrico (H2S), ácido fluorídrico (HF), ácido telurídrico (H2Te), ácido cianídrico (HCN), e cada hidrácido estava presente em 7 peças (Figura 1). A confecção de cada peça foi executada através do corte em folha de isopor na dimensão 2,5 x 1,5 cm, sendo essa peça recoberta por papel cartão e colado em um dos lados do paralelepípedo construído um par de informações: um nome de hidrácido e uma fórmula (Figura 1). Para o momento do jogo em si, a turma, com um total de 38 alunos, foi subdividida em grupos de 3 a 4 alunos, pois em um dominó há a possibilidade de no máximo 4 jogadores. O início do jogo começa pela decisão da ordem dos jogadores, sendo o primeiro a jogar o que tinha o “carrão” de ácido clorídrico. A partir daí o jogo segue como um dominó normal, mas o “encaixe” das pedras se dá pela correta colocação de fórmulas e de nome dos hidrácidos. Para promover melhor assimilação do assunto, os alunos tinham que falar o nome das peças jogadas por eles, tendo a consequência de ficar uma rodada sem jogar caso errassem o nome do hidrácido ou se a peça encaixada não corresponder àquela que já estava anteriormente no jogo. Vencia o jogo o aluno que primeiro terminar suas pedras. Aos alunos também foi aplicado um questionário (Figura 2) de avaliação da atividade desenvolvida, para captar a percepção deles sobre a metodologia aplicada em aula como estratégia de fixação do conteúdo nomenclatura de hidrácidos.

Resultado e discussão

De 38 alunos participantes, 84,2% deram nota dez à metodologia empregada, enquanto 15,7% dos alunos deram notas abaixo de 7. Os alunos foram solicitados a responder se gostariam de ter mais atividades semelhantes ao longo da disciplina e se eles acharam ter aprendido mais sobre o tema estudado através do jogo. Neste caso, 100% dos alunos responderam "sim" para as 2 perguntas, que se assemelha com as respostas encontradas por Castro et al. (2012) que realizaram um jogo didático no qual 86% dos alunos aprovaram o jogo. A partir dessas respostas positivas por 100% da turma pode-se concluir que há uma satisfação com a metodologia empregada e um interesse por mais práticas como essa ao longo do curso. Também se pediu a opinião sobre a atividade desenvolvida e se teria alguma nova sugestão para o jogo desenvolvido, e grande parte dos alunos relatou que a aplicação do dominó dos hidrácidos foi muito útil para o aprendizado e a memorização da nomenclatura, pois estimulou o conhecimento sobre o assunto. Já alguns participantes deram algumas sugestões para aprimorar o jogo, como o carrão para o início do jogo ser o hidrácido mais forte, de mais rodadas e, também, adicionar outros elementos da tabela periódica. Desta forma, verificou- se que o jogo de dominó desenvolvido possui o conteúdo científico como elemento central, alinhado com a visão de Neto e Moradillo (2016) que é de que essa abordagem contribui para a função educativa do jogo, fortalecendo a sua aplicação como uma ferramenta pedagógica eficaz.

Figura 1. Exemplos de peças do “Dominó dos Hidrácidos”

Peças do jogo elaboradas com papel cartão e isopor.

Figura 1. Exemplos de peças do “Dominó dos Hidrácidos”

Questionário aplicado aos 38 alunos participantes da \r\natividade lúdica.

Conclusões

O jogo de dominó dos hidrácidos promoveu o aprendizado dos conceitos, com alta aprovação (84,2% de nota máxima). Todos os alunos desejam mais atividades semelhantes e afirmam ter aprendido mais sobre o tema. O jogo demonstrou ser útil para a memorização da nomenclatura e estimulou o conhecimento, sendo que ele desempenha um papel fundamental no estímulo da memória, raciocínio lógico e no desenvolvimento da aprendizagem. Além disso, contribui para a cooperação, obediência às regras, gerenciamento do tempo e do espaço, bem como para o trabalho em equipe, criando um ambiente de socialização.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará (UFPA) e ao Laboratório de Física Aplica à Farmácia (LAFFA).

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC; SEMTEC, 1997.

FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D.R. OLIVIERA, R.C. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, p. 101- 106, 2010.

ROBAINA, J. V. L. Química através do lúdico: brincando e aprendendo, Canoas: Ed. Ulbra, 2008, 480p.

CASTRO, P. J., SOUZA, A. C. J. et al. Os jogos educacionais de cartas como estratégia de ensino em química. Química Nova na Escola, Vol. 34, N° 4, NOVEMBRO 2012.

NETO, H. S. M.; MORADILLO, E. F.. O lúdico no ensino de química: considerações a partir da psicologia histórico-cultural. Química Nova na Escola, 38(4), 360-368, 2016.