Autores

Carvalho, C.V.M. (IF GOIANO) ; Poloniato, G.V.S.J. (IF GOIANO) ; Cavalcante, M.S. (IF GOIANO) ; Costa, A.A.J. (IF GOIANO)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo relatar as atividades desenvolvidas na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química ofertada no primeiro semestre de 2022 no Curso de Licenciatura em Química do IF Goiano - Campus Urutaí. Trata-se de uma disciplina que compõe a Prática como Componente Curricular, sendo está uma exigência da legislação educacional para os cursos de formação de professores. O relato envolve a elaboração e apresentação de uma proposta metodológica de atividade experimental investigativa para o ensino de Química com materiais de baixo custo, que envolveu os três níveis de compreensão do conhecimento químico (macroscópico/fenomenológico; microscópico/teórico; e, simbólico/representacional).

Palavras chaves

Ensino de Química; Experimentação; Formação Docente

Introdução

As Diretrizes Curriculares para Formação de Professores (DCNFP) implementadas pela Resolução CNE/CP nº 02, de 01 de julho de 2015 (BRASIL, 2015), institui que todo curso de licenciatura tenha, no mínimo, 400 horas de Prática como Componente Curricular (PCC), distribuídas ao longo de toda a formação. Nesse sentido, para cumprir com a legislação educacional, o Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí oferta a disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química (IEQ) que compõe o núcleo da PCC. De acordo com a matriz curricular do curso (PPC, 2018), a IEQ é ofertada no 3º período e tem carga horária de 68 horas e visa analisar, discutir e compreender algumas situações relacionadas à prática docente por meio do estudo de materiais teóricos, bem como de atividades práticas de docência em Química com ênfase na experimentação, avaliação e desenvolvimento de materiais didáticos. Bego, Oliveira e Corrêa (2017) contribuem para as discussões acerca da importância dos fundamentos e das características da PCC como um dos componentes das estruturas curriculares dos cursos de formação inicial de professores. Os autores destacam a necessidade de ressignificar a PCC como “uma dimensão da formação que visa promover a superação da dicotomia teoria-prática por meio da teorização da prática e da constituição da práxis docente como ação informada (p. 253). Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo relatar as atividades desenvolvidas na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química ofertada no primeiro semestre de 2022 no Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí.

Material e métodos

Na disciplina de IEQ foram estudadas diferentes temáticas, a partir das quais, foram direcionadas leitura, discussões dos textos e atividades avaliativas. Aqui, especificamente, abordaremos a temática “A experimentação como instrumento no ensino de Química”. Após leitura e discussão dos textos, realizamos uma tarefa de elaboração e apresentação de uma proposta de atividade experimental investigativa para o ensino de Química com materiais de baixo custo, na qual precisamos incluir o desenvolvimento dos três níveis de compreensão do conhecimento químico: macroscópico/fenomenológico; microscópico/teórico; e, simbólico/representacional.

Resultado e discussão

Os textos discutidos para dar melhor embasamento teórico acerca da temática “A experimentação como instrumento no ensino de Química”, foram: (i) A perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e suas relações com a prática da experimentação no ensino de Química (OLIVEIRA, 2010); (ii) A importância da utilização de estratégias de ensino envolvendo os três níveis de representação da Química (PAULETTI; ROSA; CATELLI, 2014); (iii) Compostos coloridos do ferro: uma proposta de experimentação utilizando materiais de baixo custo (ÁVILA; MATOS, 2017). Além desses artigos foram disponibilizados dois ebooks como material complementar para auxiliar no momento de elaboração dasatividades experimentais: “Experimentos de Química para turma do Ensino Médio” (MARQUES; LIMA, 2019) e “A Química perto de você” (SBQ, 2010). A proposta de experimentação investigativa elaborada por um dos grupos de licenciandos envolveu um experimento com coca-cola e leite abordando conceitos de densidade e ácidos e bases, devido à troca de cores e à precipitação ocasionada pela caseína (proteína do leite) e ácido fosfórico. O que ocoore é que o ácido fosfórico presente na coca-cola se junta ao leite deixando-o mais denso e, o restante das substâncias da coca-cola, acabam se separando após um período prolongado, ficando no fundo da garrafa. Assim, os componentes líquidos menos densos do leite e do refrigerante acabam emergindo no recipiente, passando a mistura a ser bifásica. Como atividade final da disciplina de IEQ, os estudantes fizeram a produção textual no formato de resumo expandido, sendo necessário indicar os momentos da atividade experimental em que os níveis de compreensão do conhecimento químico (macroscópico/fenomenológico; microscópico/teórico; simbólico/representacional) estavam sendo desenvolvidos.

Conclusões

A disciplina oportunizou aos licenciandos discussões acerca de instrumentos diversos que auxiliam o professor de Química no processo ensino-aprendizagem, dando ênfase à construção de propostas metodológicas envolvendo a experimentação, o que muito contribuiu no processo formativo da profissão docente. Ademais, o envolvimento dos níveis de compreensão do conhecimento químico na elaboração das propostas de atividades experimentais investigativas, possibilitou o desenvolvimento da prática pedagógica dos licenciandos direcionada aos aspectos e situações específicas da docência em Química.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Urutaí.

Referências

ÁVILA, S. G.; MATOS, J. R. Compostos coloridos do ferro: uma proposta de experimentação utilizando materiais de baixo custo. Educación Química, v. 28, p. 254-261, 2017.

BEGO, A. M.; OLIVEIRA, R. C.; CORRÊA, R. G. O papel da Prática como Componente curricular na formação inicial de professores de química: possibilidades de inovação didático-pedagógica. Química Nova na Escola, v. 39, n. 3, p. 250-260, 2017.

BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Conselho Pleno. Resolução CNE/CP Nº 02, de 1º de julho de 2015. Brasília: MEC/CNE/CP, 2015.

MARQUES, M. M.; LIMA, G. C. Experimentos de química para turmas de ensino médio. Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2019.127p.

OLIVEIRA, J. R. S.; A perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e suas relações com a prática da experimentação no ensino de química. Alexandria - Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 3, n. 3, p. 25-45, 2010.

PAULETTI, F.; ROSA, M. P. A.; CATELLI, F. A importância da utilização de estratégias de ensino envolvendo os três níveis de representação da Química. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 7, n. 3, p. 121-134, 2014.

PPC-Qui. Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. Urutaí, GO, 2018. Acesso em 21 out. 2022. Disponível em: https://www.ifgoiano.edu.br/home/index.php/cursos-superiores-urutai/288-quimica.html

SBQ - Sociedade Brasileira de Química (Org.). A química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio. São Paulo: SBQ, 2010. 146p.