Autores

Leite, F.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA)

Resumo

A Base Nacional Comum Curricular é um documento nacional oficial para orientação curricular das escolas brasileiras, que foi homologado em 2017, configurando-se em conjunto estruturado e progressivo de aprendizagens. Essa investigação teve como objetivo verificar a presença dos três seguimentos de conteúdos de aprendizagem de Zabala (1998) conhecidos por conceitual, procedimental e atitudinal nas habilidades propostas para a área de Ciências Naturais, do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental. Por se tratar de uma pesquisa de perspectiva documental, fez-se análise da BNCC utilizando a estratégia da análise de conteúdo de Bardin (2016). Os resultados expressaram que as proposições tipológicas de aprendizagem se apresentam nas habilidades do 6º e 9º anos, mas de forma superficial e aligeirada.

Palavras chaves

BNCC; Ensino de Ciências; Tipologia de Conteúdo

Introdução

Esse trabalho objetiva analisar sob a ótica da tipologia de conteúdos de ensino- aprendizagem presentes na Base Nacional Comum Curricular(BNCC) na área de Ciências Naturais no 6º e 9º anos do Ensino Fundamental, classificados por Zabala (1998) como: “conceituais, procedimentais e atitudinais”. Ressaltamos a importância de tecer discussão em relação a BNCC e partindo disso, refletir sobre o currículo do Ensino de Ciências(EC), entendendo que no decorrer das mudanças políticas passou por distintas transformações educacionais, ocasionado pelos os fatores “políticos, econômicos e sociais” (KRASILCHIK, 2000). Para o currículo de ciências a BNNC orienta aprendizagens que estão organizadas em três unidades temáticas: Terra e Universo, Vida e Evolução e Matéria Energia com foco em desenvolver habilidades e entender os fenômenos presente no dia a dia (BRASIL, 2018). As estratégias pedagógicas utilizadas no EC, Sasseron (2018) comenta que geralmente estão mediadas por conceitos, com foco na memorização. Assim são necessárias práticas investigativas. Que direcione aprendizagem conceitual e envolva também a procedimental e atitudinal. Sobre esses conteúdos de aprendizagem, Zabala (1998, p.32) os distinguem em conceitual que se refere aos fatos, conceitos e princípios. Procedimental significa realizar um conjunto de ações, como: ler, desenhar, observar etc, e o atitudinal remete aos valores, atitudes e normas. Ressalta-se que a distribuição desses conteúdos não é o mesmo em cada um dos anos escolares, geralmente nos anos iniciais se apresenta de forma mais equilibrada enquanto os níveis de escolarização finais o conteúdo conceitual se sobressai em relação aos demais. Assim essa caracterização proporciona compreender as intenções educacionais mediante as propostas educacionais.

Material e métodos

Nesse trabalho, adotou-se direcionamento de pesquisa de natureza qualitativa, de cunho documental exploratória. Para Ludke e André (2020 p. 13) a pesquisa qualitativa possibilita o contato direto do pesquisador com o instrumento de pesquisa e os dados coletados são descritivos. A abordagem documental se deu por ter sido realizado uma análise no documento BNCC, assim Pádua (2000) relata que a investigação documental permiti analisar documentos atuais ou do passado que tenha veracidade dos fatos. Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se a BNCC, com foco nas habilidades da área de Ciências Naturais. Para a análise dos dados, empregou-se análise de conteúdos de Bardin (2016). Para tanto, fez-se a leitura da BNCC da área de Ciências Naturais do Ensino Fundamental para o conhecimento do documento. Em seguida, escolheram-se apenas as habilidades do 6º ano e 9º ano da área de Ciências da Natureza, seguindo a regra da representatividade, que se refere uma amostra do todo, diminuindo a parte de ser analisada. Explica-se ainda que entendemos pertinente debruçar análise sobre os conteúdos de aprendizagem desses dois segmentos do Ensino fundamental, porque o primeiro apresenta-se mais próximo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, enquanto o segundo se aproxima do Ensino Médio e assim entender se tem um equilíbrio ou desequilíbrio em relação a tipologia dos conteúdos do autor Antoni Zabala (1998). Para o tratamento dos dados, retiraram-se as unidades de significados (US) nas habilidades, e utilizou para categorização a tipologia de conteúdo de Zabala (1998), como: i) conceitual; ii) procedimental; iii) atitudinal. Após a categorização formou-se 3 subcategorias chamadas de conhecimento teórico, prática e conduta e estruturou-se a rede sistêmica (BARDIN, 2016).

Resultado e discussão

A estruturação da rede sistêmica permitiu organizar em 1(um) bloco designado a “Proposta de aprendizagem”, a identificação dos tipos de conteúdos de aprendizagem nas habilidades. Em relação a categoria, “Conceitual”, concebida pela subcategoria “Conhecimento Teórico”, propõe para o 6º ano uma frequência de 56%, com intuito que os alunos/as saibam explicar e identificar os conceitos, enquanto no 9º ano a frequência é de 70%, propositando que os/as alunos/ as devam discutir; explicar e identificar os assuntos teóricos. A categoria “Procedimental” constituída pela subcategoria “Prática”, manifesta a abordagem de aprendizagem que remete saber fazer na prática determinada atividade, com proposição para o 6º ano com frequência de, 33% que significa selecionar e concluir, já no 9º ano, tem uma frequência de, 20% que propõe investigar, planejar e comparar. Assim a prática é mais requisitada nas habilidades do 6º ano, enquanto que o 9º ano é menos. Já a categoria “Atitudinal” formada pela subcategoria “Conduta”, o conteúdo de aprendizagem refere em relação a conduta social, assim como avaliar impactos ambientais e promover soluções, é proposto ao 6º ano com a frequência de 11%, e no 9º ano a frequência é de 10%, assim essa intenção se apresenta de forma reduzida nos dois anos analisados. A proposta de ensino-aprendizagem nas habilidades não se apresenta de forma equilibrada. Para Zabala (1998 p.32) “a tipologia de conteúdo pode nos servir de instrumento para definir as diferentes posições do ensino”. Um ensino mediado pela tipos de conteúdos equilibrados irar permitir uma formação integral, mas quando apresenta um ensino pautado só em conceitos o ensino focalizara a preparação do aluno para passar em uma prova de vestibular.

Conclusões

No decorrer desse estudo observou nas habilidades do 6º e 9º anos a tipologia de aprendizagem referente aos conhecimentos teóricos, se manifesta mais no 9º ano, já no que diz respeito o saber fazer é mais instituída para o 6º ano, e a aprendizagem que permiti o aluno saber ser, identifica-se de forma reduzida tanto no 6º ano como no 9º ano. Observa-se um desequilíbrio a cerca da proposição de aprendizagem nas habilidades. Essa investigação procurou fazer uma discussão prévia, para possibilitar conhecer a proposta de aprendizagem da BNCC e refletir sob o currículo do Ensino de Ciências.

Agradecimentos

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesquisa de Nível Superior (CAPES), ao PPECEM/UFMA e ao Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências Naturais/GPECN.

Referências

BARDIN, L. Analise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2016.
BRASIL. M. E. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC, 2018. Disponível em: BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf (mec.gov.br). Acesso em 20 dez. 2022.
KRASILCHICK, M. Reformas e realidade: o caso do ensino de ciências. São Paulo em Perspectivas. São Paulo, v.14, n.1, p.1-9, 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/spp/a/y6BkX9fCmQFDNnj5mtFgzyF/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 abr. 2023.
LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Abordagens qualitativas de pesquisa: a pesquisa etnográfica o estudo de caso. In: LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2ª ed. Rio de Janeiro: E.P. U., 2020. 13-28 p.
PÁDUA, E.M. M. O processo de pesquisa. In: PÁDUA, E.M. M. Metodologia da pesquisa: Abordagem teórico-prática. 8ª ed.Campinas, São Paulo: Papirus, 2000. 31-67 p.
SASSERON, L.H. Ensino de Ciências por investigação e o desenvolvimento de práticas: uma mirada para a Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. [s.l.], v.18. n.3, p.1061-1085, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4833. Acesso em: 19 abr. 2023.
ZABALA, A. A Prática Educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 221 p.