Autores

Silva, A.J.M. (UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UFMA)

Resumo

O presente artigo é um recorte de uma pesquisa desenvolvida a nível de mestrado profissional do Programa de Pós-graduação em Gestão de Ensino da Educação Básica (PPGEEB) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que possui como objetivo analisar a perspectiva pedagógica presente no planejamento didático das aulas de química dos professores atuantes na EJA. Para tanto, delineou-se a pesquisa na perspectiva de natureza qualitativa, utilizando a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados. Como resultado observou-se que a categoria “perfil dos(as) alunos(as)” se sobressaiu em relação as demais, por ser considerada necessária no planejamento pedagógico dos docentes de química. De modo geral, considera-se que o ensino de química precisa ser planejado para atender a EJA.

Palavras chaves

PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO; ENSINO DE QUÍMICA; EJA

Introdução

O planejamento escolar possui algumas funções, tais como: tornar claro diretrizes e procedimentos que interliguem as atividades escolares com o contexto social dos estudantes; prever objetivos, conteúdos e métodos mediante as condições socioculturais e individuais dos alunos, garantindo a organização e coordenação do trabalho docente a fim de evitar a improvisação e a rotina (LIBÂNEO, 2017). Nesse contexto, Ribeiro e Melo (2010) afirmam que o ensino de Química precisa fornecer subsídios para que esses jovens e adultos possam atuar na sociedade de forma significativa, pois o mundo atual exige que este se posicione, julgue e tome decisões. Nessa vertente, o presente trabalho teve a intenção de investigar as concepções dos(as) professores(as) de química em relação ao planejamento didático de suas aulas na modalidade de Jovens e Adultos (EJA) em Escolas Públicas de Ensino Médio da cidade de São Luís-MA. Este trabalho é um recorte de pesquisa desenvolvida a nível de mestrado profissional inserida no Programa de Pós-graduação em Gestão de Ensino da Educação Básica (PPGEEB) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que nos impeliu a aprofundamentos sobre questões de planejamento didático para essa modalidade de ensino. Para tanto, delineou-se como problema norteador deste trabalho a seguinte questão de pesquisa: quais aspectos os(as) professores(as) consideram importante no ato de construir o planejamento didático pedagógico das aulas de química na EJA?

Material e métodos

Lüdke e André (2022) destacam que para se realizar uma pesquisa é necessário proporcionar o confronto entre os dados, as evidências, as informações arrecadadas sobre determinado conteúdo e o conhecimento teórico que se constrói a respeito dele. Assim, o presente trabalho desenvolve-se sob o âmbito da pesquisa qualitativa, uma vez que esta considera uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito levando em conta a realidade vivenciada pelo objeto em estudo. Dessa forma, o tipo de pesquisa que foi adotado é o estudo de caso, pois se almeja com ele descrever a situação contextual em que está sendo feita a investigação e oferecer subsídios para investigações de uma unidade de forma aprofundada abordando suas características e problemáticas. Os dados coletados foram obtidos por meio da entrevista semiestruturada entre os meses de agosto e setembro de 2022, tendo nove professores(as) das escolas do Ensino Médio que ofertam a EJA como sujeitos de pesquisa pertencentes ao polo educacional I da Unidade Regional de Educação de São Luís-MA. Depois das entrevistas, efetuou-se a transcrição delas, para posterior exploração minuciosa e realização da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). No tratamento dos dados obtidos, foram retiradas unidades de significados (US) reunidas por semelhança de sentidos, organizando- se em três blocos de análise denominados respectivamente de: i) Planejamento dos professores(as); ii) Contextualização; iii) Experimentação. Neste trabalho, apresentar-se-á discussões levantadas no primeiro bloco analítico.

Resultado e discussão

A partir do tratamento dos dados do Bloco I foram suscitas as seguintes categorias: percurso de elaboração, descrição dos conteúdos e a descrição metodológica. Como já fora dito, o estudo versará sobre a categoria percurso de elaboração, que teve o objetivo de evidenciar os aspectos que os professores consideram importante no ato de construir seu planejamento do ensino de química na EJA. As principais US decorrentes das respostas dos(as) professores(as) para esta categoria foram organizadas em subcategorias demonstradas na figura 1. Os dados obtidos revelaram a subcategoria perfil dos(as) alunos(as) se sobressaiu em relação as demais. De acordo com Ribeiro (2004) uma das principais marcas dos estudantes da EJA é que eles possuem perfis diferenciados no que se refere ao gênero, cultura, etnia, religião, crenças, condição socioeconômica, faixa etária, entre outros. Nesse mesmo sentido, Arroyo (2001) afirma que a pluralidade desses grupos sociais requer tolerância e solidariedade na promoção de espaços que estas pessoas iram ocupar. Contrapondo-se com o que já fora mencionado, constatou-se que a subcategoria conhecimentos prévios, vivências e experiências obteve o menor percentual. Tal fato nos chamou a atenção por concordarmos com o pensamento de Ferreira (2008), quando ela ressalta que na vida escolar, a aquisição de novos conhecimentos deve considerar os conhecimentos prévios dos alunos. Em se tratando da EJA é ainda mais importante, pois por meio dos conceitos decorrentes de suas vivências e relações sociais, os estudantes formulam questionamentos, confrontam possibilidades e propõem alternativas que articulam o conhecimento científico a experiência do cotidiano.

Figura 1

Descrição das unidades de significados da categoria \r\ndo Bloco Planejamento dos(as) professores(as)

Conclusões

A EJA é uma modalidade de ensino que requer uma aprendizagem ligada as relações de trabalho das pessoas. No que concerne ao ensino de química, entendemos que ele fomenta o pensamento crítico e consciente. Na análise dos dados, observou-se que em relação ao perfil dos estudantes é importante conhecer os interesses deles para direcionar ações criativas e dinâmicas. Outro ponto que detectou-se foi a percepção dos docentes sobre a necessidade de um diálogo entre o saber científico e os saberes dos alunos. De modo geral, considera-se que o ensino de química precisa ser planejado para atender a EJA.

Agradecimentos

Referências

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CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

FERREIRA, D C. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção Didático-Pedagógica. Paraná, Brasil: Secretaria de Educação, 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2008_uepg_ped_md_daisy_de_carvalho.pdf. Acesso em: 1 jul. 2023.

GANDIN, D; CRUZ, C. H. C. Planejamento na sala de aula. 14.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

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LÜDKE, M. ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2.ed. Reimpr. Rio de Janeiro: E.P.U, 2022.

RIBEIRO, M.T.D.; MELLO, I.C. Ensino de Química na Educação Básica –EJA: algumas dificuldades. In: ENEQ,15.,2010. Brasília, DF. Anais. Brasília, DF: UNB, 2010. Disponível em: http://www.sbq.org.br/eneq/xv/listaresumos.htm. Acesso em:01 jul. 2023.

RIBEIRO, V. M. Traçando o perfil de alunos e professores da EJA. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Diretoria de Orientação Técnica. Divisão de Educação de Jovens e Adultos. 2004.