Autores

Sousa, F.D.S. (UNILAB) ; Araújo, M.R.S. (UNILAB)

Resumo

O Ensino de Ciências é de suma importância nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Entretanto, trabalhar os conteúdos de ciências em sala de aula é um desafio, uma vez que a linguagem científica nem sempre é de fácil compreensão. Nesse sentido, surge a necessidade de buscar estratégias que possibilitem uma interpretação adequada dos conhecimentos científicos por parte dos alunos, uma importante ferramenta para tal é a experimentação. O presente trabalho é um relato de experiência sob a visão do bolsista do projeto de Extensão “Pequenos Cientistas” da UNILAB, que promove oficinas de experimentação nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, com o intuito de aproximar a realidade da investigação do contexto das escolas públicas do munícipio de Redenção-CE e adjacências.

Palavras chaves

Ensino de Ciências; Ensino Fundamental; Experimentação

Introdução

O Ensino de Ciências é de suma importância nos anos iniciais do Ensino Fundamental e por essa relevância tem sido tema de diversos estudos de pesquisadores. É a partir do contato com as Ciências da Natureza que o estudante começa a entender a si mesmo e ao universo. Segundo Delizoicov e Slongo (2011), cabe ao ensino de ciências possibilitar que as crianças compreendam o mundo a sua volta, tornando-as capazes de apropriarem- se dos conhecimentos de ciências e tecnologia e atuem de forma crítica na sociedade. Apesar disso, trabalhar os conteúdos de ciências em sala de aula torna-se um desafio, uma vez que a linguagem científica nem sempre é de fácil compreensão. Tradicionalmente o ensino de ciências é limitado a memorização de fórmulas, em que os estudantes decoram termos científicos, mas não são capazes de compreender seus significados reais (SANTOS, 2007). Tendo em vista as dificuldades que surgem no processo de alfabetização científica, torna-se necessário buscar estratégias que possibilitem uma interpretação adequada dos conhecimentos científicos por parte dos alunos. Dentre as estratégias que podem ser favoráveis a facilitação do ensino está a utilização da experimentação. A Base Nacional Comum Curricular-BNCC (BRASIL, 2018) propõe dentre as competências gerais, a capacidade de exercitar a curiosidade, investigar e elaborar hipóteses, bem como formular soluções para problemas. A partir da percepção quanto a importância de trabalhar a experimentação e metodologias facilitadoras do ensino de ciências, surgiu em 2022 o projeto de extensão “Descobrindo Pequenos Cientistas: Divulgação de ciências para o público infanto-juvenil na Região do Maciço de Baturité” com o objetivo de aproximar as práticas de investigação científica do cotidiano de escolas do ensino fundamental.

Material e métodos

O projeto de extensão intitulado “Descobrindo Pequenos Cientistas: Divulgação de ciências para o público infanto-juvenil na Região do Maciço de Baturité”, ou simplesmente Pequenos Cientistas, está vinculado ao Programa de Bolsas de Extensão, Arte e Cultura-PIBEAC da Pró-reitoria de Extensão, Arte e Cultura da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira UNILAB. A ação consiste em realizar oficinas de experimentação científica em escolas públicas de Redenção-CE e adjacências. Os membros que compõem o projeto são estudantes de graduação em química da universidade supracitada, contando com um aluno bolsista e alguns alunos voluntários. As ações são em sua maioria direcionadas aos anos iniciais e finais do ensino fundamental da rede pública de ensino dos munícipios atendidos. A metodologia consiste tanto na ida dos membros do projeto as escolas atendidas, quanto a visitação das escolas aos espaços da UNILAB, como os laboratórios de química. Cada ação é uma oficina e pode contar com a experimentação demonstrativa ou investigativa. Tendo em vista o atendimento a públicos com faixas etárias diferentes, utiliza-se de linguagens compreensíveis e atividades lúdicas, levando em consideração a necessidade de comunicar-se bem como com os alunos dos anos iniciais quanto dos anos finais. As atividades do projeto são planejadas previamente por meio de reuniões semanais e as articulações com as instituições são feitas por intermédio das coordenações escolares e professores de ciências. Os experimentos aplicados nas oficinas são anteriormente testados e verificados quanto as suas aplicabilidades.

Resultado e discussão

Em 2 anos do Projeto Pequenos Cientistas atendemos regularmente 2 Escolas Públicas localizadas nas proximidades da UNILAB e 1 escola da zona rural do município de Redenção. Além das escolas atendidas com regularidade, foram realizadas ações com uma comunidade socioeconomicamente vulnerável do munícipio de Acarape-CE. A partir da realização das oficinas nas escolas percebe-se uma ótima adesão do público alvo, uma vez que o feedback dado pelos estudantes é positivo, acenando por um interesse por mais ações do tipo. Uma das oficinas direcionadas aos anos finais tem como tema a Eletroquímica. A ação conta com demonstração de experimentos simples sobre geração de eletricidade através de reações químicas. Essa é uma das ações em que é possível verificar empolgação e interatividade por parte dos estudantes, que questionam e sentem-se instigados a colaborar de alguma forma com a realização dos experimentos. Isso reflete o distanciamento do ensino voltado a memorização de conteúdos citada por SANTOS (2007). As ações voltadas para os anos iniciais requerem um cuidado especial no que se refere a linguagem a ser utilizada, uma vez que são direcionadas a estudantes mais jovens, que ainda não tiveram tanto contato com termos específicos da linguagem científica. Contudo, a possibilidade de aproximar os estudantes de uma realidade muitas vezes inacessível é um ótimo recurso para uma introdução a abordagem dos conhecimentos científicos. Os professores parceiros do projeto costumam dar devolutivas sobre como as atividades tem impactado no interesse e na participação dos alunos. A percepção é positiva, pois os próprios estudantes passam a interagir com experimentos, que aguçam a curiosidade e despertam o espírito investigativo dos discentes e despertando-os para a vida cientifica.

Figura 01

Oficina sobre eletroquímica realizada em escola \r\npública localizada na zona rural do munícipio de \r\nRedenção-CE.

Figura 02

Oficina com demonstração de experimentos para \r\ncrianças de uma comunidade do munícipio de Acarape-\r\nCE.

Conclusões

Verificou-se um engajamento satisfatório dos discentes e docentes atendidos através das atividades desenvolvidas. Isto leva a formação de sujeitos críticos e reflexivos, capazes de compreender os fenômenos científicos que ocorrem a sua volta. Verificou-se que o fato das atividades desenvolvidas terem como base a interação com variados experimentos químicos temáticos e o contato com uma linguagem científica acessível são fatores que contribuem para a construção de uma consciência investigativa de futuros estudantes nas áreas científicas.

Agradecimentos

A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira Ao Programa de Bolsas de Extensão, Arte e Cultura PIBEAC A Secretaria Municipal de Educação do Município de Redenção

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
DELIZOICOV, N.C; SLONGO, I.I.P. O ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental: elementos para uma reflexão sobre a prática pedagógica. Série-Estudos - Periódico do Programa de Pós-Graduação em Educação da UCDB, Campo Grande-MS, p. 205-211, 2011.
SANTOS, W.L.P. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Revista Brasileira de Educação, [s. l.], v. 12, 2007.