Autores
Maciel, E.P. (IEMCI/UFPA) ; Parente, A.G.L. (IEMCI/UFPA)
Resumo
Este trabalho tem por objetivo narrar a busca por formação continuada baseada na perspectiva epistemológica da (auto)formação inserido em um contexto de perspectiva de ensino diferente do tradicional, com enfoque na educação científica cidadã. A maior parte do texto é narrado em primeira pessoa por se tratar de uma pesquisa do tipo narrativa. Trazendo algumas reflexões sobre o percurso de elaboração do recurso didático e as mudanças caracterizadas para minha prática em sala de aula. Resultando deste procedimento autoformativo o processo de criação de uma gincana sobre alimentos Ultraprocessados, focado na composição dos alimentos relacionando à necessidade de se entender sobre esses alimentos, à leitura de rótulos e aos efeitos desses alimentos na saúde humana.
Palavras chaves
formação continuada; (auto)formação; recurso didático
Introdução
A ideia deste trabalho é narrar o processo de criação de um recurso didático (gincana) para o ensino de química no contexto de uma educação científica que valoriza a formação cidadã em uma perspectiva (auto)formativa narrativa. Assumindo a compreensão de formação de professores, no âmbito da nova epistemologia da formação, como defendida por Nóvoa (2010). Nesse sentido interessa explorar estratégias que permitam ao sujeito transformar-se em ator do seu processo de formação, por meio da apropriação da retrospectiva do percurso de vida. A produção do recurso se constitui em um espaço de aprendizagens dos professores ao mesmo tempo que valorizam nossas experiências profissionais também nos desafiamos a aprender no processo de construção de um recurso didático (DE LA SERNE, 1993). Para Nóvoa (1993) a formação professores enquadra-se em um momento chave da socialização e configuração profissional, muito além da aquisição de técnicas de apresentação de conteúdo. Sendo assim, considerada por muitos estudiosos como de grande importância para os processos de preparação profissional e para a socialização dos professores, tendo em vista o desenvolvimento do aprendizado dos discentes. Seguindo tais preceitos, construímos um recurso didático para problematizar questões sobre a alimentação humana. Compartilhamos a compreensão de formação cidadã, no quadro de uma Educação Científica, como defendida por Cachapuz, Praia e Jorge (2004) que implica abordar os conteúdos científicos no contexto das relações sociais que afetam as vidas dos estudantes.
Material e métodos
O desejo de realizar uma pratica pedagógica que aborde um tema de relevância social foi a motivação inicial para elaboração do recurso didático. A produção desse instrumento foi uma alternativa pensada para por em prática ideias alinhadas aos preceitos pedagógicos previamente mencionados. Tal empreitada demandou investir no aprofundamento e discussão sobre diferentes conhecimentos relacionados à construção do recurso. Também necessitou da criação de um espaço de formação colaborativo entre orientando e orientadora. Com o intuito de realizar uma investigação (auto) formativa. A pesquisa foi inspirada na narrativa, gerando a produção de textos de campo. Tais anotações, após análise interpretativa analítica, foram transformados em texto de pesquisa, destacando o percurso de produção e as aprendizagens. Após um período de imersão sobre o assunto, de diálogo e orientação, foram selecionados quinze diferentes alimentos (divididos em alimentos sólidos e líquidos) que seriam objetivo de estudo. Para tanto, foi realizado um levantamento a respeito das características químicas e biológicas de cada alimento para verificação se seria possível caracterizá-los como alimentos ultraprocessados (BRASIL, 2014), e, por sua vez, apresentar determinadas toxicologia ao serem consumidos em excesso (OTO; NOVELO, 2014). Assim, as discussões e levantamento de informações girariam em torno dos ingredientes dos alimentos escolhidos, assim como a presença de aditivos alimentares (BRASIL, 1999) e a toxicologia que estes podem apresentar. Após as definições dos componentes dos recursos, avaliamos a forma de como valorizar as informações levantadas durante a criação dos textos de campo e suscitar dúvidas, curiosidades e debates entre os alunos durante o percurso da atividade didática proposta.
Resultado e discussão
Ao longo de processo de produção do recurso didático, tive o cuidado de não
propor atividades de mera exposição de conteúdo e desconectado da realidade
dos alunos (CACHAPUZ, 2016). Avalio que essa seja a maior aprendizagem que
tive durante esse percurso autoformativo. Mudar as características de meu
trabalho como professor de química foi uma árdua missão. Porém, após esse
período, analiso que já tenho ideias de como proceder para valorizar a
contextualização e a relevância social de temáticas escolhidas para criação
de um recurso didático e/ou para elaboração de sequências didáticas. Levando
em consideração a problemática envolvendo o tema alimentação, entender que
os alimentos apresentam composição que não são conhecidas para a grande
maioria da população. Além disso, me preocupei em estimular o hábito de
leitura dos rótulos desses alimentos, uma vez que isso, além de ser prática
importante para consumidores, ainda pode servir como um importante mote para
a aprendizagem em Química. Entender sobre a composição dos alimentos
Ultraprocessados de início foi um tanto quanto confuso, pois a abundante
quantidade de informações sobre a regulamentação de alimentos e sobre os
próprios constituintes desses alimentos. Para não exagerar na quantidade de
informações a serem apresentadas aos estudantes, focalizar em aditivos
alimentares e toxicologias foi minha escolha. Porém, a dificuldade inicial
tornou-se importante para me colocar na posição do aluno que irá participar
da execução da gincana, pois avalio que as dúvidas surgidas durante o
processo de elaboração podem ser as dificuldades que surgirão entre os
alunos.
traz os passo a passo das atividades que foram realizadas durante a criação do recurso didático
mostra alguns exemplos de alimentos ultraprocessados que serão abordados durante a execução do recurso didático
Conclusões
Minha visão de formação continuada foi superada por uma nova visão. Ao adentrar em um assunto novo, observo que a cada temática para a elaboração de um recurso didático, acabo por descobrir novos caminhos para a atuação em sala de aula, assim como agregar aos meus alunos características mais relevantes e contextualizadas. Haja vista que, ao realizar esta busca, além de adquirir conhecimento, tenho uma formação docente, o que alguns autores chamam de (auto)formação (NÓVOA, 2018).
Agradecimentos
AO IEMCI, AO MEU PROGRAMA DE MESTRADO(PPGDOC) E A MINHA ORIENTADORA, O MEU MUITO OBRIGADO!
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a população brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Seção 1, Brasília, DF, 27 jan. 1999.
CACHAPUZ, Antônio F. Cultura Ciência e Defesa da Cidadania. Campo Abierto, v. 35, n. 1, p 3-12, 2016.
CACHAPUZ, A.; PRAIA, F.; JORGE, F. Manuela. Da educação em ciência às orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico. Ciência & educação, v. 10, n. 3, p. 363-381, 2004.
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_________ . A formação tem que passar por aqui: história de Vida no Projeto Prosalus. In: NÓVOA, Antonio; FINGER, M (Org.) O método (auto)biográfico e a formação. São Paulo: Paulus, 2010. p. 155-188
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