Autores

Freitas, R.F. (UFPA(ID)) ; Castro, J.P.S. (UFPA(ID)) ; Martins, A.S. (SEDUC/PA(FM)) ; Duarte, A.R.C.M. (UFPA(PQ)) ; Dantas, K.G.F. (UFPA(PQ))

Resumo

O presente trabalho, desenvolvido com os alunos da escola E.E.E.F.M. Prof. Manoel Leite Carneiro, teve como objetivo aplicar uma metodologia de ensino que busque auxiliar o ensino aprendizagem de química na pandemia, de forma a minimizar a distância existente entre conteúdo técnico, muitas vezes abstrato, com o cotidiano dos discentes. Realizado pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e baseado nos preceitos propostos na aprendizagem significativa de Ausubel, foi desenvolvido e aplicado um plano de aula para o ensino de oxirredução em três momentos: avaliação diagnóstica, debate/contextualização de alguns fenômenos oxirredutivos e explicação de conceitos técnico-científicos relacionado à oxirredução. A metodologia aplicada se mostrou eficiente.

Palavras chaves

Ensino de química; Oxirredução; Ensino remoto

Introdução

A química é uma disciplina vista como um “bicho de sete cabeças” (MORTIMER; MACHADO, 2007) por muitos alunos. Dentre os motivos, está a dificuldade de compreensão de modelos científicos propostos ou mesmo de conceitos que muitas vezes são abstratos (MELO; SANTOS, 2012). Tais fatores, associados a um método de ensino atual ultrapassado, tem como consequência uma aprendizagem significativa falha uma vez que para ser assimilado, o novo conhecimento precisa se relacionar de maneira substantiva (não literal) e relevante à estrutura cognitiva de um indivíduo (MOREIRA; MASINI, 2006). Isto posto, sob a perspectiva ausebeliana, o presente trabalho buscou para o ensino de reações de oxirredução, entender os saberes prévios do aluno e assim ensiná-los de acordo (AUSUBEL, 2002) com o objetivo de dar um novo significado ao conhecimento escolar, levando ao aluno uma aprendizagem mais significativa (BRASIL, 1999) a partir de correlações diretas entre o saber técnico e a realidade vivenciada pelos discentes.

Material e métodos

As aulas neste período de pandemia estão ocorrendo de forma remota na escola E.E.E.F.M. Prof. Manoel Leite Carneiro. Dessa maneira, a atividade proposta foi dividida em três momentos e desenvolvida em quatro semanas. No primeiro momento de encontro com os alunos, na sala virtual, foi realizado a avaliação diagnóstica destes por meio de um questionário virtual (Google Forms), seguido de um debate a respeito dos tópicos presentes nas interpelações (Semana 1). Em um segundo momento, duas situações foram apresentadas para os alunos: a formação da ferrugem (fenômeno 1) e a geração de energia por uma pilha comum (fenômeno 2). Estes fenômenos foram discutidos e analisados com os alunos por meio de perguntas guiadas (Semana 2). Por fim, foi levantado o questionamento do que os processos tinham de comum apesar de suas particularidades. A partir das respostas com auxílio de vídeos, imagens e representações próprias da linguagem química (simbologias, reações e representações) foi explanado sobre alguns conceitos de oxirredução e como eles se relacionavam para os acontecimentos dos fenômenos apresentados (Semana 3 e 4). Um questionário final, semelhante ao diagnóstico, foi realizado como forma de analisar a metodologia aplicada. (Semana 4).

Resultado e discussão

Para fins de análise, utilizamos os dados percentuais das respostas antes e depois das aulas, considerando somente alunos (n = 5) que participaram de todos os momentos e de ambos os questionários. Foi constatado através dos gráficos (Figura 1 e 2), que utilizando a metodologia proposta, ao fim das aulas, os alunos puderam reavaliar suas percepções a respeito da natureza de um fenômeno químico (pergunta 1), em que a totalidade atrelou este a uma alteração da composição de um composto e não somente a uma mudança na forma que enxergamos ou percebemos a matéria. Diante disso, a análise dos fenômenos oxirredutivos 1 e 2, embora tenha apresentado 80% de respostas tecnicamente corretas, ocorreu de maneira mais significativa com a aplicação de um fenômeno real; o que está atrelado a uma assimilação dos conceitos trabalhados durante as aulas referentes aos papéis exercidos pelos agentes oxidantes e agentes redutores em reações de oxirredução e como estas acontecem (pergunta 2). No que se refere à recepção dos alunos quanto ao método de ensino, grande parte dos discentes (n = 4), por meio de relatos avaliativos ao fim do questionário final mostraram-se satisfeitos com a metodologia, como pode ser avaliado a partir de afirmações como: “devia ter usado esse método desde o início da pandemia”. Em contrapartida, o ensino que foi realizado na sua totalidade por aulas remotas, mostrou algumas dificuldades principalmente pelas partes técnicas de acesso à internet e falhas, citados a partir de relatos como: “temos que usar os meios que temos para assistir a aula”, “as vezes não conseguimos entender porque trava”. Isso mostra que o ensino remoto depende da qualidade individual do sinal de internet dos participantes prejudicando a participação dos alunos e em seu aprendizado.

Figura 1

Gráficos de análise das perguntas presentes no questionário diagnóstico (antes) e final (depois).

Figura 2

Gráficos de análise das perguntas presentes no questionário diagnóstico (antes)e final (depois).

Conclusões

Através da metodologia proposta foi possível perceber que a interação e interesse dos alunos juntamente com a contextualização do tema abordado, gerou um processo de ensino aprendizagem satisfatório, uma vez que possibilitou uma melhor recepção e assimilação do conhecimento técnico-científico por parte do aluno, bem como fomentou sua análise dos fenômenos a partir de correlações do tema com a vida cotidiana.

Agradecimentos

A CAPES e ao programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UFPA pela bolsa concedida e pela oportunidade.

Referências

AUSUBEL, D. P. Adquisición y Retención del Conocimiento: una perspectiva cognitiva.Barcelona: Paidós, 2002. p. 25-48.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC; SEMTEC, 1999.
MELO, M. R. & SANTOS, A. O. Dificuldades dos licenciandos em química da UFS em entender e estabelecer modelos científicos para equilíbrio químico.In. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química, Salvador, UFBA, 2012.
MOREIRA, M. A. Uma abordagem cognitivista ao ensino de Física – Editora da UFRGS – Porto Alegre, 1983.
MOREIRA, M. A. & MASINI, E. A. S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de David Ausubel. 2ª ed. São Paulo: Centauro Editora, 2006.
MORTIMER, E. F; MACHADO, A.H. Química. São Paulo: Scipione, 2007.
WARTHA, Edson José; SILVA, EL da; BEJARANO, Nelson Rui Ribas. Cotidiano e contextualização no ensino de Química. Química nova na escola, v. 35, n. 2, p. 84-91, 2013.