Autores
Fagundes, A.H.A. (UFPA) ; Bitencourt, H.R. (UFPA)
Resumo
Este trabalho visa, por meio de uma revisão bibliográfica, realizar uma análise dos trabalhos produzidos no campo da educação não formal na região Norte do Brasil, entre os anos de 2010 e 2020, buscando visualizar qual o enfoque dos trabalhos e como os mesmos descrevem os espaços de educação não-formal presentes na região. Para tal, foram selecionados 10 trabalhos completos retirados de periódicos e anais. A partir dos resultados obtidos, tem-se a baixa quantidade de instituições de educação não formal na região Norte, além da menor produção voltada à área e divulgação científica da região frente as outras regiões do país. Pela análise, podem-se verificar diversas problemáticas presentes na conjuntura nortista na área da educação não formal.
Palavras chaves
Educação não formal; Região Norte; Museus
Introdução
A partir da divulgação científica, temos o conhecimento. Dessa forma, a divulgação científica partilha o conhecimento produzido pela Ciência ao público, seja leigo ou especializado, ou seja, a informação científica independe do conhecimento sobre Ciência que o indivíduo possui (BUENO, 2010). Com isso, destaca-se a relevância dos espaços de educação não formal (ENF) para a divulgação científica e para o saber da Ciência chegar até o público geral. Esses espaços podem ser compreendidos como um ambiente não pertencente a uma escola, no entanto, esses ambientes podem ser institucionalizados e realizam uma experiência didática e sistematizada fora do contexto formalizado das escolas (LOPES et al., 2017). Na região Norte do Brasil, destacam-se 11 instituições, dados obtidos junto ao guia “Centros e museus de ciência pelo Brasil (2015)”, a região Norte concentra o menor número de instituições consideradas ambientes de educação não formal dentre todas as regiões do país. Nestes espaços destacam-se as ricas exposições sobre a biodiversidade e elementos regionais amazônicos. Santos e Cunha (2018) revelam a falta de financiamentos para a formação de grupos de pesquisadores nos campos da ENF e divulgação científica até meados da década de 90 na região Norte. Por essa razão há tão poucos centros de ENF na região em relação ao resto do Brasil, tendo em vista que, historicamente, houve o surgimento de centros de ciências e museus no Brasil, sobretudo na região Sudeste. Dessa forma, pode-se evidenciar a relevância de propagar o campo da ENF no contexto amazônico, por meio deste trabalho, busca-se analisar os enfoques de trabalhos publicados em relação a instituições de ENF na região Norte, além de verificar como estes são descritos.
Material e métodos
Esta pesquisa é de cunho qualitativo, fundamentada na seleção de artigos presentes em periódicos e anais de congressos e seminários. Os critérios para seleção foram: os artigos que apresentaram em seus textos a educação não formal em ambientes ou instituições presentes na região Norte do Brasil, como um dos espaços já citados anteriormente, os trabalhos escolhidos estão presentes nas plataformas Google Acadêmico, SciELO e nos anais eletrônicos de eventos que ocorreram entre os anos de 2010 e 2020. Foram selecionadas 3 palavras-chave utilizadas para a pesquisa dos trabalhos nos sites de periódicos, sendo elas, “Educação não formal”, “Amazônia” e “Divulgação científica”. Os periódicos selecionados foram: a Revista Amazônica de Ensino de Ciências (Areté), Revista Educação Ambiental em Ação; Revista ACTIO: Docência em Ciências; Revista Ciência em Tela; Revista da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC); Revista Amazônia; e a Revista Investigações em Ensino de Ciências (IENCI). Adotou-se a análise textual discursiva (ATD), para categorizar os trabalhos de acordo com: enfoque em algum ambiente de educação não formal na região Norte, visando verificar como os trabalhos descrevem estes espaços e investigar qual aspecto regional tratam no artigo.
Resultado e discussão
É importante destacar que 60% dos trabalhos tratam sobre atividades no Bosque
da Ciência e 40% dos trabalhos discorrem sobre metodologias e práticas
desenvolvidas no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPPA), um espaço de
ENF presente no estado do Pará.
Dos 6 artigos que discorrem sobre espaços de educação não formal no Amazonas,
temos que 4 discorrem sobre o Bosque da Ciência/AM, no que tange o enfoque dos
trabalhos, 2 deles têm foco em estratégias de aula utilizadas em visitações
com crianças e adolescentes; um trabalho tem foco em realizar uma didática de
campo no bosque, focando na biodiversidade do local; e o outro artigo tem seu
foco voltado a importância do espaço para a formação cidadã, retratando os
ambientes de educação não formal como alternativas metodológicas. Todos os
trabalhos retratam a riqueza em biodiversidade do lugar, ressaltando a
facilidade de realizar trabalhos de campo no local, devido a sua localidade
próxima ao perímetro urbano de Manaus.
Nos trabalhos voltados ao estado do Pará, têm-se que os 4 artigos foram
realizados no CCPPA, dois têm seu enfoque na relevância da participação dos
espaços de ENF na Amazônia para a formação de professores; um artigo diz
respeito a um relato de experiência no CCPPA, ressaltando o acervo biológico e
o funcionamento das visitações no espaço; o último trabalho tem seu enfoque na
inserção da experiência da formação continuada de professores de Química em
museus.
A principal discussão a ser levantada seria a produção sobre a região Norte
ser elaborada em suma, por pessoas residentes na região, destacando a menor
relevância do local no âmbito nacional. Além disso, destaca-se a baixa
quantidade de instituições voltadas a divulgação científica e ENF na região
frente às outras regiões.
Conclusões
Partindo dos resultados obtidos, é evidenciada a carência de novas produções presentes na região Norte do Brasil, além disso, foi possível observar a carência de diferentes ambientes voltados a educação não formal. No entanto, é imprescindível alterar o presente quadro, para tal, cabe às instituições de ENF incentivarem a produção científica na região, ademais, é importante estimular investimentos na publicidade desses espaços, tendo em vista que muitas pessoas não frequentam as instituições pois não sabem da existência e importância destas para a difusão do conhecimento científico.
Agradecimentos
Referências
ABCMC - Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência. Centros e museus de ciência do Brasil 2015. Rio de Janeiro: ABCMC: UFRJ; Fiocruz. Museu da Vida, 2015.
BUENO, W. C. Comunicação científica e divulgação científica: aproximações e rupturas conceituais. Informação & Informação, Londrina, v. 15, n. 1esp, p. 1-12, 2010.
LOPES, A. C. F.; LEANDRO, E. F.; BOMFIM, A. C.; DIAS, A. L. A educação não formal: um espaço alternativo da educação. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 13., 2017, Curitiba. Anais do XIII EDUCERE. Curitiba: Puc/PR, 2017. p. 7209-7219.
SANTOS, S. C. S.; CUNHA, M. B. A pesquisa em espaços de educação não formal em ciências na Região Norte: o caso do bosque da ciência. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, [S.I.], v. 14, n. 32, p. 160-173, dez. 2018.