Autores
Viana Morais Caetano, V. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Franco Leao, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Pio Luz, L. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Alves da Silva, S.C. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Fantinell Junior, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA)
Resumo
Esse estudo tem o objetivo descrever a avaliação sobre um jogo do tipo da memória utilizado no estudo dos elementos químicos, realizada com estudantes da turma de 1º ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT Campus Confresa. Para a aplicação os estudantes formaram grupos cujo objetivo era associar as peças de informações gerais do elemento e as que continham as aplicações de cada elemento, de maneira a formar pares. Para avaliar foi realizado um questionário. A ampla maioria avaliou positivamente o jogo didático, sendo que alguns afirmaram preferir atividades dinâmicas do que aulas tradicionais. Logo, esse recurso didático é bem aceito pelos estudantes e pode favorecer a compreensão dos conteúdos da química pois aprendem de forma lúdica.
Palavras chaves
Ensino de química; Jogo didático; Tabela Periódica
Introdução
Compreender as características, aplicações e notação contento as principais informações sobre os elementos químicos da natureza, contidos na Tabela Periódica, é muito importante para a aprendizagem dos estudantes, pois os mesmos serão capazes de relacionar a química com seu cotidiano. Melhor ainda se esse aprendizado ocorrer de maneira lúdica e dinâmica, pois assim ocorre envolvimento e interesse pelos estudos da química, que deixa de ser apenas um amontoado de conceitos teóricos e passa a ter significado aos estudantes (AUSUBEL, 2003). Nesse sentido, os jogos didáticos são recursos pedagógicos alternativas viáveis ao ensino de química, pois possibilitam a interação entre os participantes, a construção colaborativa de saberes e o prazer proporcionado por uma atividade lúdica. Também é preciso lembrar que os jogos didáticos a tempos já são indicados como ferramenta pedagógica, inclusive sua utilização já é prevista desde os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCN+), sendo considerados importantes para a diversificação dos recursos e materiais didáticos (BRASIL,2002). Segundo Soares (2008), a palavra jogo pode ter muitos significados, porém entende-se que é uma atividade lúdica que pode proporcionar prazer e divertimento, compreende ações voluntárias e livres, mesmo possuindo regras claras que necessitam ser compreendidas previamente por todos os jogadores. Para o autor, o espaço em que ocorre o jogo e o próprio jogo ou brinquedo se constituem no lugar de interação e aprendizagens. Sendo assim, os jogos didáticos são muito mais do que apenas brincadeiras em sala de aula, pois eles possuem um objetivo pedagógico e estão acompanhados por importantes informações que irão contribuir na formação e significação dos conceitos. Essa atividade lúdica é realizada por meio de ações planejadas que envolvem desde a elaboração do material didático, definição das regras e objetivos que visam ser alcançados com a realização do jogo. As regras são importantes pois ajudam a manter um equilíbrio entre o lúdico e o pedagógico/formativo, cabendo ao professor ter bem claro qual o objetivo dessa proposta de ensino. As características supracitadas se fundamentam nos estudos de Zanon et al. (2008). Os autores ainda acrescentam a necessidade de considerar os conhecimentos prévios dos estudantes, pois dessa maneira até as regras do jogo ficam compreendidas e o quadro teórico permite que os estudantes consigam jogar. Nas palavras de Domingos e Recena (2010, p. 10): “Ao propor a construção de um jogo, considerando a faixa etária do grupo envolvido, levamos um desafio aos alunos e avaliamos que esta situação seria potencialmente lúdica, pois envolveria uma elaboração mental e organização social”. Ou seja, ao elaborar um jogo didático é preciso considerar o público envolvido e a complexidade das atividades a serem desenvolvidas. Quando se usa de todos os estudos disponíveis para esta ferramenta didática ser aplicada em sala mas especificamente nas aulas de química o ambiente criado possibilita a união entre as diferenças sem prejudicar o aprendizado de cada estudante. Em seus estudos, Domingos e Recena (2010) construíram um jogo da memória para favorecer a compreensão dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Dourados/MS, sobre conceitos da química orgânica, mais especificamente das funções oxigenadas e nitrogenadas. Nessa oportunidade, os autores concluíram que, por meio do jogo didático, ocorreu reestruturação dos esquemas de assimilação e acomodação destes estudantes ao construírem seus saberes de química orgânica. Zanon et al. (2008) também utilizou jogos didáticos para ensinar química orgânica. Frente ao exposto, o presente estudo elaborou um jogo do tipo da memória por acreditar que este recurso possa motivar os estudantes para o aprofundamento nos estudos dos elementos químicos. A opção por este assunto foi devido ao currículo que estava sendo desenvolvido no decorrer das aulas e por ser este ano em que se comemora os 150 anos da Tabela Periódica dos Elementos Químicos. Além disso, o intuito foi ensinar a química brincando e informando, pois as características e aplicações possibilitam relacionar tais conceitos com o cotidiano. Ou seja, o objetivo deste estudo foi descrever a avaliação sobre um jogo do tipo da memória utilizado no estudo dos elementos químicos, que foi realizada com estudantes de uma turma de 1º ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do Instituto de Educação, Ciências e Tecnologias de Mato Grosso (IFMT) Campus Confresa.
Material e métodos
A elaboração deste jogo didático ocorreu durante os encontros de formação do PIBID. Optou-se pela construção de um jogo tipo de memória. Esta pesquisa foi desenvolvida com os estudantes durante as aulas de química realizada nos meses de maio e junho de 2019, com a turma de 1º ano do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Agropecuária B do IFMT Campus Confresa, sendo um total de 30 estudantes com idades entre 15 e 16 anos. O jogo da memória foi desenvolvido com base num jogo já existente chamado tabela maluca, de onde foram utilizados apenas as figuras das cartas e a aplicação dos elementos no dia a dia, foram confeccionados 04 jogos, cada jogo possuía 72 cartas onde 36 cartas erram continham a aplicação do elemento no cotidiano e 36 o nome do elemento e seu símbolo. Onde os estudantes tinham que montar os pares correspondentes. Foram utilizados para a confecção do jogo da memória: material impresso com os símbolos e o nome dos elementos, material impresso colorido com imagens de objetos onde eram utilizados os elementos químicos e descrito abaixo sua aplicabilidade no dia a dia, baralho tradicional, tesoura e cola. Os elementos que compunham o jogo eram: grupo 01: Hidrogênio (H), Sódio (Na), Potássio (K), Lítio (Li), Césio (Cs), Rubídio (Rb); grupo 02: Bário (Ba), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Berílio (Be), Estrôncio (Sr); grupo 04: Titânio (Ti); grupo 06: ; grupo 07: Manganês (Mn); grupo 8: Ferro (Fe), Platina (Pt); grupo 09: Cobalto (Co); grupo 10: Niquel (Ni), grupo 11: Prata (Ag), Cobre (Cu), Ouro (Au); grupo 12: Zinco (Zn), Mercúrio (Hg); grupo 13: Alumínio (Al), Boro (B); grupo 14: Carbono (C), Silício (Si), Estanho (Sn) Chumbo (Pb); grupo 15: Nitrogênio(N), Arsenio (As),Fósforo (P); grupo 16: Enxofre (S), Oxigênio (O); grupo 17: Cloro (Cl), Flúor (F); grupo 18: Hélio (He). No início da atividade, foi solicitado para que os estudantes se dividissem em 04 grupos, explicou-se as regras do jogo que consistiam em formar os pares em menos tempo sem erros. Então foi entregue o jogo para os grupos, como estimulo a participação dos estudantes foi oferecido premiação aos dois grupos que terminassem primeiro. Após o desenvolvimento do jogo em sala de aula, os estudantes realizaram a avaliação sobre a atividade. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário impresso, contendo quatro perguntas, sendo duas abertas e duas fechadas em escala de Likert, com variação entre 1 (insatisfatório) e 5 (plenamente satisfatório). No intuito de garantir o anonimato dos sujeitos dessa investigação, os nomes foram substituídos por algarismos alfanuméricos da seguinte maneira E1 (Estudante 1), E2 (Estudante 2), E3 (Estudante 3) e assim sucessivamente.
Resultado e discussão
Durante a aplicação do jogo foi visível a empolgação dos estudantes nesta
atividade lúdica, e como a sala foi bem dívida em 04 grupos possibilitou a
maior interação dos estudantes e participação.
Como pontos positivos foram descritos: “Ajuda a testar a memória e é bom
para aprender química” (E2). “Ajuda no entendimento dos elementos químicos e
suas aplicações” (E3). “Ajuda a conhecer a Tabela Periódica” (E7).
“Possibilita que as pessoas aprendam brincando” (E20). “Possibilita a
interação com os colegas e o aprendizado” (E22).
Mesmo se tratando de públicos e assuntos diferentes, os resultados obtidos
por Domingos e Recena (2010) para ensinar química orgânica aos estudantes do
3º ano do Ensino Médio por meio de um jogo da memória foram semelhantes,
pois os investigados também consideraram uma atividade que favorece a
aprendizagem.
Também foi solicitado que os estudantes descrevessem os pontos negativos do
Jogo, sendo que 19 deles não apontaram pontos negativos, apenas 11 apontaram
pontos negativos sendo alguns deles: “O jogo possuía muitas cartas (contendo
elementos) para gravar” (E1). “Esse jogo é um tanto complexo” (E16).
“Deveria ter regras claras” (E28). “Considero o jogo complicado e um pouco
demorado” (E30).
Chama a atenção a resposta de E38, pois reforça o posicionamento de Soares
(2008) ao afirmar que o jogo didático mesmo sendo uma atividade lúdica,
voluntária e livre necessita ter regras claras, pois a compreensão do
andamento do jogo é determinante para ter êxito a atividade. Nos estudos de
Zanon et al. (2008), além das regras que necessitam estar claras aos
jogadores, um outro elemento necessário para que consigam desenvolver a
atividade são os conhecimentos prévios dos estudantes.
Na primeira questão fechada, foi solicitado que os estudantes realizassem a
avaliação, utilizando uma escala de 1 (insatisfatório) e 5 (plenamente
satisfatório), se o jogo pode ser considerado dinâmico e criativo, sendo que
apenas 1 deles atribuiu nota 2, 2 deles deu nota 3, 10 estudantes avaliaram
com nota 4, 17 deles atribuiu nota 5. Nenhum deles atribuiu nota 1. Percebe-
se que a ampla maioria (27) considerou satisfatório ou plenamente
satisfatório.
Na segunda questão fechada, o aspecto de avaliação foi se o jogo didático
possibilita compreender os conceitos químicos envolvidos. Foram atribuídas
as notas nas seguintes proporções: 2 estudantes atribuíram nota 2, 9 deles
nota 3, outros 8 deram nota 4 e os 11 restantes atribuíram nota 5. Mesmo
sendo avaliado positivamente, percebe-se que não foi tão expressiva a
avaliação como no aspecto anterior. Os resultados dos dois aspectos estão
ilustrados na figura a seguir.
Por meio dos dados tabulados, oriundos do questionário, foi possível
perceber que todos os estudantes gostaram deste jogo didático de memória dos
Elementos Químicos, o que mostra ser uma ferramenta pedagógica importante
para ser utilizada no ensino de química, como indicado desde os PCN+
(BRASIL, 2002). No entanto, compreendemos que essa atividade educativa pode
ser utilizada como uma forma de complementar/reforçar a compreensão de
conceitos que já estejam sendo estudados em sala de aula.
Nota dada pelos alunos quanto se o jogo aplicado era dinâmico e criativo.
Gráfico com relação de notas dadas pelos alunos quanto se o jogo didático possibilita compreender os conceitos químicos envolvidos
Conclusões
O estudo permitiu descrever como os estudantes de uma turma de 1º ano do Ensino Médio do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT Campus Confresa avaliaram o jogo da memória dos Elementos Químicos. Com o intuito de complementar de forma lúdica o conceitos químicos que estavam sendo desenvolvidos em sala de aula, esse jogo da memória se mostrou um recurso didático viável ao ensino de química. Também permitiu aos bolsistas do PIBID ter um novo olhar quanto a diferentes metodologias que podem ser aplicadas no processo educativo, pois a experiência de elaborar e desenvolver com os estudantes, em uma situação real, foi possível vivenciar uma maneira diferente de se ensinar e aprender química. A atividade proporcionou interação entre os participantes, trocas de informações sobre as características e aplicações dos elementos químicos e o estabelecimento de relações dos conceitos com o cotidiano. De maneira geral, a avaliação dos estudantes foi positiva, o que indica que o jogo didático é uma ferramenta que pode auxiliar o professor, potencializando o processo educativo.
Agradecimentos
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias de Mato Grosso-Campus Confresa Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (Pibid)
Referências
AUSUBEL, D. Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Editora Plátano, 2003.
BRASIL. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. 2. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.
DOMINGOS, D.C.A.; RECENA, M. C. P. Elaboração de Jogos Didáticos no Processo de Ensino e Aprendizagem de Química: a construção do conhecimento. Ciências & Cognição (UFRJ), v. 15, p. 272-281, 2010.
SOARES, M.H.F.B. Jogos e atividades lúdicas no ensino de química: teoria, métodos e aplicações. In: Departamento de química da UFPR (Org). Anais, XIV Encontro Nacional de Ensino de Química. Curitiba/PR, 2008.
ZANON, D.A.V.; GUERREIRO, M.A.S. E OLIVEIRA, R.C. Jogo didático Ludo Químico para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção, aplicação e avaliação. Ciências & Cognição (UFRJ), v. 13, n. 1, p. 72-81, 2008.