Autores

Alves da Silva, S.C. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Pio Luz, L. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Viana Morais Caetano, V. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Franco Leao, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA) ; Fantinell Junior, M. (IFMT-CAMPUS CONFRESA)

Resumo

O objetivo deste estudo foi descrever como estudantes do Ensino Fundamental avaliam a realização do experimento “violeta que desaparece” e refletir sobre a importância de utilizar experimentos para ensinar química. A motivação para realizar a atividade se deu pelo fato dos bolsistas do PIBID terem participado do II Circuito de Ciências no IFMT Campus Confresa, ocasião em que foi desenvolvido experimentos químicos para explicar conceitos básicos de química. A atividade elaborada foi desenvolvida com turmas do 7º ao 9º Ano da Escola Plena do município de Confresa. Seu desenvolvimento envolveu 58 estudantes e ocorreu no laboratório de química do IFMT, no mês 11 de 2018. Após a atividade os estudantes avaliaram o experimento e a ampla maioria externou gostar de realizar práticas experimentais.

Palavras chaves

Ensino de química; Experimentação; PIBID

Introdução

A química é uma ciência experimental e as atividades práticas são maneiras de proporcionar compreensão dos conceitos científicos devido a relação que proporciona entre a teoria estudada e a realidade. A experimentação é um recurso metodológico que desperta a curiosidade e o interesse dos estudantes pelos conceitos que estão sendo abordados em sala de aula. Nesse intuito de despertar o interesse dos estudantes do Ensino Fundamental pelo estudo e compreensão da química, viu-se a necessidade de utilizar esse importante recurso, mesmo que simples ou envolvendo materiais de baixo custo do cotidiano. Acredita-se que atividades experimentais, além de estimulantes, possam promover aprendizagens aos estudantes, pois torna o conteúdo abordado mais dinâmico, facilitando a compreensão. De acordo com Maldaner (1999), a química por ser uma ciência experimental, torna necessário que os professores desenvolvam práticas experimentais em suas aulas, seja ao menos por meio de demonstrações com experiências simples, mas que explorem a observação e o estabelecimento de relações com a teoria conceitual do fenômeno em estudo. Ainda segundo o autor, é preciso que os estudantes manifestem suas percepções e confirmem a aplicação prática de determinado conceito, o que o levará a interpretar e significar as informações envolvidas e assim elaborar novos conceitos. Nessa mesma linha de pensamento, Alves (2007) defende que no ensino de química a experimentação contribui significativamente para a compreensão de conceitos químicos, muitas vezes abstratos, por relacionar dois importantes elementos envolvidos no experimento: a prática e a teoria. Além disso, fica evidenciado em sala de aula que ocorre uma preferência dos estudantes por aulas práticas. No entanto, atividades experimentais precisam ter embasamento e reflexão teórica, pois a teoria é necessária para compreender de fato um determinado conceito científico Durante o desenvolvimento de aulas práticas, os estudantes percebem e retomam conhecimentos construídos nas aulas teóricas. Assim, a vivência de uma experiência facilita a compreensão das informações recebidas anteriormente, pois percebem de maneira concreta determinada explicação, por isso a importância das aulas experimentais. Para Saviane (2000), a química tem por objetivo compreender a natureza e os experimentos faz com que o aluno compreenda de uma forma científica e formal as transformações que nela ocorrem. Segundo o autor, apenas saber vários nomes, fórmulas, ter decorado reações e propriedades, e não conseguir relacionar com a natureza, não é conhecer e compreender a química. Frente ao exposto, o presente estudo teve como objetivo descrever como estudantes concluintes do Ensino Fundamental avaliam a realização do experimento “violeta que desaparece” e refletir sobre a importância de utilizar a experimentação para ensinar química.

Material e métodos

O desenvolvimento e avaliação da atividade experimental “violeta que desaparece” ocorreu no mês de novembro de 2018, nas dependências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) Campus Confresa, durante o II Circuito de Ciências. O experimento “violeta que desaparece” foi realizado e avaliado por 58 estudantes do 7º ao 9º ano da Escola Estadual Plena, pertencente à cidade de Confresa-MT. Os sujeitos envolvidos realizavam visitas dirigidas no IFMT por serem participantes do evento (II Circuito de Ciências). Todos eles foram informados previamente que desenvolveriam o experimento e após avaliariam o mesmo. A atividade consiste em dissolver um comprimido de Permanganato de Potássio em 40 mL de água até que fique uma mistura homogênea, logo em seguida é adicionado 20 mL de vinagre na mistura (contendo ácido acético). O último passo é colocar 20 mL de água oxigenada (Peróxido de Hidrogênio). Então os estudantes puderam observar as mudanças de coloração que ocorrem com a solução no decorrer da reação de oxirredução. Os materiais envolvidos são facilmente encontrados, a exemplo do Permanganato de Potássio disponível em farmácias, em forma de comprimidos. Essa é uma substância antisséptica com ação bacteriana, ou usado contra catapora e para facilitar a cicatrização da pele. O vinagre é encontrado em supermercados e é usado para temperar comida. A água oxigenada é o nome comercial para a solução líquida do Peróxido de Hidrogênio, medicamento utilizado para fins de limpeza que pode ser encontrado em supermercados e farmácias. Essa atividade experimental foi extraída de Alves e Leão (2016), que, além do roteiro contendo objetivo, materiais e procedimentos, apresentam também a discussão conceitual possível de ser explorada com essa prática. Segundo os autores, ao diluir o comprimido em água, são formados os íons de Potássio (K+) e permanganato (MnO4-). Em contato com água oxigenada e vinagre, o permanganato (cor roxo), tornando-se um íon Manganês (incolor). Esta alteração normalmente é resultado de reações que a transferência de elétrons formando assim cátions que alteram as cores originais de cada elemento. Após a realização da experiência, foi preenchido um questionário pelos estudantes que possuía 6 perguntas como: Idade, gênero, qual ano você cursa? Você gosta de ciências? Você já tinha visto esse experimento? Você compreendeu o experimento? Você considera que os experimentos auxiliam no processo ensino aprendizagem?

Resultado e discussão

Como já mencionado, a pesquisa que desenvolveu e avaliou o experimento “violeta que desaparece” foi realizada com 58 estudantes. Os dados coletados por meio dos questionários permitiram observar que os estudantes envolvidos possuem idade entre 12 e 15 anos, onde 16% deles com doze anos, 36% treze anos, 31% quatorze anos e 17% quinze anos. Sobre a etapa de escolarização, 55% desses estudavam no 7º ano, 28% estudavam no 8º ano e outros 17% estudavam no 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Plena. Quando questionados se gostavam da disciplina ciências, 91% dos estudantes responderam que sim, 3% que não e outros 5% que talvez. Quando perguntado se já conheciam o experimento “violeta que desaparece” 53% falaram que sim, 41% que não e 5% não responderam. Ao serem questionados se compreenderam o experimento 95% dos estudantes responderam que sim, 3% que não e 2% não responderam. Quando perguntado se consideravam que os experimentos auxiliam no processo de aprendizagem 91% responderam que sim, 2% que não, 5% talvez e 2% não responderam. Percebe-se que ao serem questionados sobre a utilização de experimentos do estudo da química, os mesmos relataram uma maior facilidade na compreensão dos conceitos que foram abordados. Nesse sentido é reforçado o pensamento de Alves (2007) ao afirmar que o ensino de química por meio da experimentação é favorecido por possibilitar compreender conceitos químicos, mesmo que abstratos, Por meio do questionário foi observado que os estudantes têm uma maior compreensão dos conceitos quando se tem uma aula prática para comprovar a teoria, no momento da prática observou-se que os estudantes demonstraram um maior interesse e curiosidade pelos conceitos que estavam sendo explicados, ficaram entusiasmados e houve uma maior interação e até questionamentos sobre diversos pontos da experiência e curiosidades diversas. Esses resultados corroboram o pensamento de Alves e Leão (2016) de que a experimentação é imprescindível ao ensino de química, pois proporciona relacionar teoria e prática e assim construir saberes sobre o assunto. Nesse sentido, é possível verificar que a experimentação pode contribuir significativamente para a aprendizagem da química e que esse é um recurso metodológico que necessita ser explorado pelos professores em suas aulas, que podem ser potencializadas pela aproximação da teoria e da prática. Como reforça Amaral (1996), a química possui uma essência que revela a importância de introduzir este tipo de atividade ao aluno, e é uma ciência que se relaciona diretamente com a natureza, deste modo os experimentos propiciam aos alunos uma compreensão mais científica das transformações que na natureza ocorrem.

Conclusões

Ao realizar este estudo, percebe-se que a importância de explorar atividades experimentais para ensinar química, mesmo que com materiais alternativos do cotidiano. As atividades práticas experimentais são aliadas para explicar conceitos químicos básicos de uma forma dinâmica e prática, neste caso podendo ser trabalhados conceitos como dissociação de íons e reações químicas. A avaliação realizada pelos estudantes comprova que a ampla maioria mostrou se satisfeita e interessada com o desenvolvimento do experimento. O experimento possibilitou aos estudantes uma melhor visibilidade sobre os conceitos que estavam sendo explicados, chamando a atenção e despertando a curiosidade dos mesmos. Tudo isso resultou em uma aula divertida e prazerosa e contribui para a construção do conhecimento de cada um. Enquanto bolsistas do PIBID foi possível perceber que ensinar por meio de experimentos são obtidos resultados positivos.

Agradecimentos

Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia- IFMT Campus-Confresa; Programa Institucional de Bolsas a Iniciação a docência.

Referências

ALVES, A. C. T.; LEÃO, M. F. Instrumentação no ensino de química. 1. ed. Uberlândia–MG: Edibrás, 2016.
ALVES, W. F. A formação de professores e as teorias do saber docente: contexto, dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo. p. 263-280. 2007.
AMARAL. L. Trabalhos práticos de química. São Paulo; 1996
MALDANER, O. A; Química Nova 1999, 289.
SAVIANI, O. Pedagogia, histórico-crítica: primeiras aproximações. 7. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.