Autores

Costa Silva, M.V. (UFRGS) ; Terezinha de Souza Wyse, A. (UFRGS)

Resumo

No processo de ensino-aprendizagem na disciplina de Química deve ser oferecido aos alunos ferramentas para que eles possam fazer a conexão dos acontecimentos de seu cotidiano a essa ciência e, assim perceberem sua importância. No entanto, na maioria das aulas é enfatizado um maior valor à memorização de símbolos e fórmulas, deixando de lado a associação do conhecimento químico ao dia a dia do aluno. Como consequência temos um baixo interesse para o aprendizado dessa disciplina e baixos índices em avaliações tidas como importantes.Com base nesses baixos índices o presente trabalho tem como objetivo mensurar o conhecimento de conceitos básicos do conteúdo de química mediante a aplicação de um pré-questionário, jogo de cartas e pós-questionário.Trabalho aplicado a alunos do 1º ensino médio.

Palavras chaves

Aprendizagem; Química; Tabela Períodica

Introdução

No ensino de Química, deve-se oferecer aos alunos ferramentas que os auxiliem na compreensão das transformações da matéria em diferentes contextos, para que eles possam fazer a conexão dos acontecimentos de seu cotidiano a essa ciência e assim despertar o interesse pelo estudo dessa ciência. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino médio: [...] a simples transmissão de informações não é o suficiente para que os alunos elaborem suas idéias de forma significativa. É imprescindível que o processo de ensino-aprendizagem decorra de atividades que contribuam para que o aluno possa construir e utilizar o conhecimento (BRASIL, 2002, p.124). No entanto, nas aulas é enfatizado um maior valor a memorização de símbolos, nomes e fórmulas, deixando de lado a associação do conhecimento químico ao cotidiano do aluno e, consequentemente, a construção de seu conhecimento. Dessa forma é surgido ao longo dos anos um grande desinteresse por parte dos alunos pela disciplina de Química, inclusive estudantes do 9º ano, onde a disciplina é vista pela primeira vez como Ciências. Segundo alguns autores (Paz e Pacheco, 2010; e Mendonça e Cruz, 2008), o desinteresse dos estudantes é devido à forma de apresentação do conteúdo e a desconexão dos conteúdos com a realidade. No Brasil, em decorrência da falta de interesse dos estudantes para o aprendizado da Química, os índices obtidos em avaliações tidas como importante no âmbito internacional, são baixos. Um exemplo desses índices é o mostrado pelo Programa Internacional de Avaliações de Estudantes (PISA), que visa a partir dos seus resultados contribuir para a qualidade da educação nos países participantes (participaram países dos continentes asiático, americano e europeu), a fim de subsidiar políticas de melhoria do ensino de base. Em 2015, o PISA apontou que os alunos brasileiros obtiveram notas bem abaixo da média em comparação com outros países. Baseados no que foi exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o conhecimento adquirido por alunos do 1º ano do ensino médio na disciplina de Química, a fim de propiciar, a partir das análises aqui realizadas, discussões que auxiliem no melhoramento do ensino da Química em território brasileiro.

Material e métodos

As análises presentes neste trabalho resultaram de uma pesquisa realizada no mês de novembro de 2018, na escola pública Professor Elmano Lauffer Leal, localizada na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os participantes dessa pesquisa foram 27 alunos com faixa etária entre 16 e 17 anos, regularmente matriculados no 1º ano do ensino médio. A avaliação de conhecimento dos alunos foi realizada em três etapas: pré-questionário, jogo de cartas e pós-questionário. No pré-questionário e jogo de cartas os temas abordados para avaliação consistiam nos seguintes assuntos: elementos químicos, formação e aplicação de substâncias e formação de íons. Já no pós-questionário foi analisado a satisfação dos alunos com seu conhecimento no conteúdo proposto após participarem do jogo de cartas e de como é , para eles, aprender fazendo o uso dessa metodologia. O pré-teste era constituído por 10 questões, sendo as respostas de múltipla escolha com itens de “a” à “d”. Cada aluno respondeu às questões de forma individual e sem consultar o material didático. Em seguida, deu-se início à etapa do jogo de cartas. Para a aplicação do jogo de cartas, a turma com 27 alunos foi dividida em 9 grupos de 3 participantes. No primeiro momento do jogo, colocamos as 10 perguntas expostas na lousa da sala de aula e distribuímos as respostas de forma aleatória para as equipes. Apenas uma equipe recebeu duas respostas. Ao distribuirmos as respostas, objetivávamos que os grupos de alunos identificassem se estavam com a resposta correta da questão. No segundo momento, as perguntas eram feitas aos alunos, em seguida dava-se um tempo às equipes para discutirem e identificarem se estavam com a resposta correta da questão, após um dos membros da equipe a colava abaixo da pergunta no quadro. Após os alunos participarem do jogo de cartas, foi aplicado a última etapa da avaliação, o pós-questionário, no qual foi possível analisar a satisfação dos alunos com seu conhecimento no conteúdo proposto. O pós-questionário consistia em cinco perguntas relacionadas aos assuntos trabalhados no jogo de cartas, incluindo a satisfação e conhecimento dos discentes após participarem da pesquisa.

Resultado e discussão

Diante dos dados coletados foram observados os seguintes resultados: no pré-questionário, a questão 1 exigia dos alunos o conhecimento sobre a composição dos átomos. Os resultados mostraram 51,85% de acertos (Gráfico 1). Já nas respostas das questões 2, 3 e 4 observamos que 66,67%, 37,04% e 66,67%, de acertos respectivamente (Gráfico 1), as perguntas eram referentes às localizações dos prótons, nêutrons e elétrons no átomo. Na questão 5, observamos 70,37% de acertos (Gráfico 1) os alunos foram questionados sobre o composição dos elementos químicos presentes na tabela periódica, se possuem em sua formação os mesmos componentes (elétrons, nêutrons, prótons). Na questão 6, por sua vez, 40,74% dos discentes acertaram ao serem indagados sobre os componentes necessários para a formação de moléculas (Gráfico 1). A questão 7 versava sobre a identificação do nome de 3 elementos químicos por seu símbolo (N, P e K). Foram observados 66,67% de acertos (Gráfico 1). Na questão 8 foi dada uma reação simples e solicitado aos alunos que identificassem o número de moléculas presentes ( 2 AgBr →2 Ag + Br2 ). As resultados mostraram 3,70% de acertos (Gráfico 1). Na questão 9 solicitamos a identificação de um elemento químico a partir de sua família e período, que foram fornecidos no enunciado da questão, o resultado mostra 77,78% de acertos e na questão 10 foi perguntado qual elemento químico é utilizado na em inalações, em aparelhos de respiração artificial e em equipamentos de mergulho, obtivemos 92,59% de acerto (Gráfico 1). Por se tratarem de conceitos básicos era esperado que as quantidades de respostas corretas fossem em maior quantidade. Diante dos resultados aferidos com o pré-questonário é perceptível que a maioria dos alunos encontra dificuldade em seu aprendizado no conteúdo proposto nesse trabalho e como forma de estimular e impulsionar esse ensino, propiciando a compreensão da tabela periódica e assuntos relacionados, na sequência aplicou-se o jogo de cartas, para que de uma forma lúdica e simples esse conteúdo fosse visto pelos alunos de uma maneira diferente da tradicional . No pós-teste foi avaliado o desempenho do jogo de cartas nos seguintes quesitos: satisfação e conhecimento dos discentes após participarem da pesquisa.. A questão 1 consta de quatro itens para resposta do aluno, insuficiente, regular, satisfatório e bom; e as demais questões 2 à 5 possuem duas opções de resposta, sim e não. Os dados coletados foram quantificados e transformados em gráficos. Por se tratarem de conceitos básicos era esperado que as quantidades de respostas corretas fossem em maior quantidade. Diante dos resultados aferidos com o pré-questonário é perceptível que a maioria dos alunos encontra dificuldade em seu aprendizado no conteúdo proposto nesse trabalho e como forma de estimular e impulsionar esse ensino, propiciando a compreensão da tabela periódica e assuntos relacionados, na sequência aplicou-se o jogo de cartas, para que de uma forma lúdica e simples esse conteúdo fosse visto pelos alunos de uma maneira diferente da tradicional . No pós-teste foi avaliado o desempenho do jogo de cartas nos seguintes quesitos: satisfação e conhecimento dos discentes após participarem da pesquisa.. A questão 1 consta de quatro itens para resposta do aluno, insuficiente, regular, satisfatório e bom; e as demais questões 2 à 5 possuem duas opções de resposta, sim e não. Os dados coletados foram quantificados e transformados em gráficos. Observou-se na questão 1 que 22% dos alunos participantes da pesquisa consideram que seu desempenho tenha sido bom no jogo de cartas, 22% consideram seu desempenho satisfatório, 45% desempenho regular e 11% insatisfatório (Gráfico 2). Na questão 2 observou-se que 44% dos alunos sentem-se motivados a estudar a aplicação dos elementos químicos (prótons, elétrons e nêutrons) em seu dia a dia, já 56% não se sentem motivados a esse estudo (Gráfico 3). A questão 3 mostra que 52% dos alunos reconheceram não possuir antes de participarem do jogo de cartas o conhecimento suficiente para responder de forma correta as questões propostas e 48% relataram já possuir o conhecimento necessário (Gráfico 4). Na questão 4 foi constatado que 85% dos alunos afirma a melhora de conhecimento após participarem jogo de cartas e 15% não consideram que sua participação no jogo de cartas tenha melhorado seu aprendizado no conteúdo proposto pelo jogo. (Gráfico 5) A questão 5 mostra que 100% dos alunos participantes afirmam que jogos são ferramentas úteis para o aprendizado do conteúdo de química (Gráfico 6). No conjunto, os resultados obtidos com a aplicação do jogo de cartas nos quesitos satisfação do aluno em aprender e a melhorar seus conhecimentos sobre conteúdo proposto pelo trabalho foram promissores e apresentaram eficiência. Esses resultados ficam claros quando 85% dos alunos participantes afirmam melhoramento no conhecimento sobre o conteúdo proposto e, de forma unânime, afirmam que os jogos são ferramentas úteis para o aprendizado do conteúdo de química. Segundo Scheneider (2007), ao empregar em sala de aula técnicas lúdicas (jogos e brinquedos), pode-se estimular o raciocínio lógico do aluno, além de tornar o aprendizado mais motivador, ativo e dinâmico.



















Conclusões

Diante dos índices obtidos com a aplicação desse trabalho fica evidente a necessidade da inovação em sala de aula para o ensino e aprendizagem dos conteúdos de química e que o uso de metodologias simples (ex: jogo de cartas) é capaz de melhorar esse aprendizado. O pré-questionário mostrou em seus resultados que a maioria dos alunos participantes desse trabalho não aprenderam de forma eficaz conceitos básicos sobre a tabela periódica e assuntos relacionados, e que poderão concluir o 1º ano do ensino médio e avançarem para as demais séries com possíveis dificuldades nesses conceitos e provavelmente levá-los para a universidade. Nossos achados mostram que a aplicação do jogo de cartas proporcionou aos alunos um aprendizado significativo. Com base nessas afirmações concluímos que o jogo de cartas auxiliou no aprendizado satisfatório e de uma forma simples do conteúdo da tabela periódica e assuntos a ela relacionados. É necessário, portanto, que a inovação da educação, ao fazer uso de metodologias (LÚDICAS) seja efetivamente aplicada. Para que possamos melhorar a aprendizagem do conteúdo proposto pelos documentos oficiais e, assim, podermos contribuir para o desenvolvimento da sociedade que poderá ter como futuros cientistas alunos que hoje estão na educação de base.

Agradecimentos

Referências

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